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segunda-feira, 1 de julho de 2019

Cordão Umbilical


Imagem em Ultrassom 3D 
Divulgação Clínica Cossi

 Fatores e temores


Praticamente todas as futuras mamães têm vários temores e sem duvida alguma o “maior” é em relação ao cordão umbilical enrolar no pescoço do bebê.
Cerca de 1/3 dos bebes nascem com o cordão enrolado no pescoço ou em alguma parte do corpo e na sua grande maioria é inofensivo, sem quaisquer comprometimento para a saúde do bebê. 

Uma função do cordão não comentada pelo médicos e profissionais da obstetrícia é o desenvolvimento dos reflexos da amamentação, que aqui quero demonstrar.

Pretendo comentar algumas particularidades em relação ao cordão umbilical, por exemplo em relação à suas funções, o que é verdade, separar o temores e desmistificar este maior “medo” que é o cordão no pescoço – o que nós médicos chamamos de “circular de cordão”.

O que é o cordão umbilical?

É um anexo fetal que somente os mamíferos têm.

E o que é um anexo fetal?

A placenta, a bolsa (membrana amniótico) e o liquido da bolsa (liquido amniótico) são considerados anexos fetais, pois não são partes propriamente do corpo do bebê, mas fazem parte de estruturas que se desenvolvem juntamente (em paralelo) ao bebê e portanto imprescindíveis para a sua formação.


Formação do Cordão Umbilical

O cordão é formado por duas artérias e uma veia, envoltos por uma geleia (Geleia de Wharton).

É uma estrutura tubular helicoidal - “em espiral”, como se fosse um fio de telefone e é isto que dificulta estrangulamentos e dobras.  Também, tendo duas artérias, o que é um sistema redundante, ou seja de proteção, mesmo que uma das artérias esteja comprimida (comprometida) a outra supre sem problemas o fornecimento de oxigênio e nutrientes para o bebe.

 A geleia tem a função de evitar compressões – “da maleabilidade ao vasos”.

 Em média o cordão tem 2,0 cm de diâmetro e o comprimento varia de 50 a 60 cm, mas pode variar muito um indivíduo para outro. É envolto em quase toda a sua extensão pelo âmnio, que é a membrana que forma a bolsa.

Chama-se “cordão curto” quando o mesmo tem menos de 40 cm de comprimento. Estão associados a fetos com restrição de crescimento, a anomalias de posicionamento dentro do útero e anomalias de membros secundárias à diminuição de movimentos pelos fetos.

E um cordão é considerado longo quando ultrapassa os 70 cm de comprimento. Este fato facilita as passadas do cordão pelo pescoço e até mesmo a formação de nó verdadeiro.


Função do cordão umbilical

O cordão umbilical conecta o bebê à placenta. Esta por sua vez faz as trocas de nutrientes, gases (gás carbônico e oxigênio) e substâncias que necessitam ser eliminadas.

Existem duas artérias responsáveis por transportar sangue para a placenta (levando o gás carbônico) e uma veia maior, mais calibrosa e fina, que leva o sangue de volta ao feto (leva o oxigênio).


Reflexo de Busca e Procura e de Sucção e o Cordão Umbilical:

O reflexo de busca e procura e de sucção são reflexos motores primários simples.

Em observação atuais, durante os exames de ultrassonografias, temos notado os movimentos que os bebês fazem para pegar o cordão umbilical com a boca. Sempre que o cordão toca o rosto, principalmente as bochechas eles, os bebês, virão o rosto na tentativa de suga-lo e é isto que faz com  que eles aprendam a mamar.

Podem serem vistos após a metade da gestação, no entanto no terceiro trimestre, após a 30ª semana estes reflexos já estão mais coordenados.

As vezes também notamos o reflexo de extrusão (como se estivesse mostrando a língua), é quando o cordão toca a língua e ele projeta a língua para fora da boca, encostando a língua na gengiva inferior. Este reflexo será muito importante para ajustar a pega do mamilo, essencial para uma boa mamada.

Portanto, o cordão umbilical exerce esta importante função que é o desenvolvimento dos reflexos da amamentação.

           
O que artéria umbilical única?

 É quando formou-se apenas uma artéria, ao invés de duas.

 Em fetos absolutamente normais cerca de 1% das gestações únicas é possível ter-se apenas uma artéria. Outros estudos falam que a frequência varia entre 0,5 a 6% de todas as gestações únicas, sendo um dos achados ultrassonográficos mais frequentes.

Já em gestações gemelares esta frequência é maior, cerca de 6 a 11 % - outros estudos falam em 4 vezes mais do que nas gestações únicas.

Há uma associação com bebês com restrição de crescimento, óbitos neo-natais, síndromes genéticas e anomalias fetais.


Circular de cordão

 São encontrados em 20 a 33% das gestações normais de termo.
 Estudos mostram que há um aumento de frequência com o progredir da gestação.

 As circulares de cordão ocorrem mais frequentemente quando o cordão umbilical são longos e quando há uma quantidade de liquido maior, que é o chamado polihidrâmnio, que possibilita uma maior movimentação dos bebês.
O que é nó verdadeiro de cordão?

É quando se forma um “nó”, ou seja, uma laçada completa no meio do cordão.  Normalmente não é possível diagnostica-lo pela ultrassonografia (somente em raríssimos casos, um eventualidade!).


O que é prolapso de cordão?

 Esta é uma eventualidade bastante rara.

Quando ocorre a ruptura da bolsa e a cabeça do bebê não esteja encaixada na bacia, há a possibilidade do cordão descer antes da cabeça. Se por ventura, a cabeça descer e comprimir a cordão, isto será uma condição de grande perigo para a vida do bebê – é uma situação de extrema urgência.


É possível fazer o diagnóstico de circular de cordão?

Sim, hoje com as modernas maquinas de US é possível se saber se o cordão esta passando pelo pescoço do feto, no entanto, isto não quer dizer que o feto corra perigo. Através do Doppler podemos saber se esta ou não havendo dificuldades para a passagem do sangue pelo cordão e se o feto esta em sofrimento ou não.

Também durante o trabalho de parto é possível auscultar (escutar) os batimentos do coração através da cardiotocografia, que é aquele exame do “eletro do coração do bebê”. Se, por exemplo, durante as contrações os batimentos caem e logo se recupera rápido (isto pode ser um sinal de há uma compressão do cordão umbilical – possivelmente uma circular de cordão), neste caso, o obstetra experiente tem condições de tomar atitudes adequadas para o caso, intervindo ou não, se assim ele achar pertinente.  

Os modernos aparelhos de US 3D com Doppler colorido, podem diagnósticas as circulares de cordão.

Importante:
Menos de 15% das complicações graves – inclusive mortes, no final da gestação são atribuídas aos acidentes de cordão, portanto as gestantes tem outras complicações mais sérias, que elas têm que se preocupar, como por exemplo, hipertensão, preeclampisia, diabetes gestacional, restrição de crescimento do feto, entre outras tantas.




Dr. Paulo Cossi - especialista em ginecologia e obstetrícia pela FEBRASGO. Especialista em ultrassonografia pelo Colégio Brasileiro de Radiologia. Mestre em ciências da saúde pela Escola Paulista de Medicina – UNIFESP.
@clinicacossi

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