Imagem em Ultrassom 3D Divulgação Clínica Cossi |
Praticamente todas as futuras mamães têm vários
temores e sem duvida alguma o “maior” é em relação ao cordão umbilical enrolar
no pescoço do bebê.
Cerca de 1/3 dos bebes nascem com o cordão enrolado
no pescoço ou em alguma parte do corpo e na sua grande maioria é inofensivo, sem
quaisquer comprometimento para a saúde do bebê.
Uma função do cordão não comentada pelo médicos e
profissionais da obstetrícia é o desenvolvimento dos reflexos da amamentação,
que aqui quero demonstrar.
Pretendo comentar algumas particularidades em relação
ao cordão umbilical, por exemplo em relação à suas funções, o que é verdade,
separar o temores e desmistificar este maior “medo” que é o cordão no pescoço –
o que nós médicos chamamos de “circular de cordão”.
O que é o cordão umbilical?
É um anexo fetal que somente os mamíferos têm.
E o que é um anexo fetal?
A placenta, a bolsa (membrana amniótico) e o
liquido da bolsa (liquido amniótico) são considerados anexos fetais, pois não
são partes propriamente do corpo do bebê, mas fazem parte de estruturas que se
desenvolvem juntamente (em paralelo) ao bebê e portanto imprescindíveis para a
sua formação.
Formação do Cordão Umbilical
O cordão é formado por duas artérias e uma veia,
envoltos por uma geleia (Geleia de Wharton).
É uma estrutura tubular helicoidal - “em espiral”,
como se fosse um fio de telefone e é isto que dificulta estrangulamentos e
dobras. Também, tendo duas artérias, o que é um sistema redundante, ou
seja de proteção, mesmo que uma das artérias esteja comprimida (comprometida) a
outra supre sem problemas o fornecimento de oxigênio e nutrientes para o bebe.
A geleia tem a função de evitar compressões –
“da maleabilidade ao vasos”.
Em média o cordão tem 2,0 cm de diâmetro e o
comprimento varia de 50 a 60 cm, mas pode variar muito um indivíduo para outro.
É envolto em quase toda a sua extensão pelo âmnio, que é a membrana que forma a
bolsa.
Chama-se “cordão curto” quando o mesmo tem menos de
40 cm de comprimento. Estão associados a fetos com restrição de crescimento, a
anomalias de posicionamento dentro do útero e anomalias de membros secundárias
à diminuição de movimentos pelos fetos.
E um cordão é considerado longo quando ultrapassa
os 70 cm de comprimento. Este fato facilita as passadas do cordão pelo pescoço
e até mesmo a formação de nó verdadeiro.
Função do cordão umbilical
O cordão umbilical conecta o bebê à placenta. Esta
por sua vez faz as trocas de nutrientes, gases (gás carbônico e oxigênio) e
substâncias que necessitam ser eliminadas.
Existem duas artérias responsáveis por transportar
sangue para a placenta (levando o gás carbônico) e uma veia maior, mais
calibrosa e fina, que leva o sangue de volta ao feto (leva o oxigênio).
Reflexo de Busca e Procura e de Sucção e o Cordão
Umbilical:
O reflexo de busca e procura e de sucção são reflexos
motores primários simples.
Em observação atuais, durante os exames de
ultrassonografias, temos notado os movimentos que os bebês fazem para pegar o
cordão umbilical com a boca. Sempre que o cordão toca o rosto, principalmente
as bochechas eles, os bebês, virão o rosto na tentativa de suga-lo e é isto que
faz com que eles aprendam a mamar.
Podem serem vistos após a metade da gestação, no
entanto no terceiro trimestre, após a 30ª semana estes reflexos já estão mais
coordenados.
As vezes também notamos o reflexo de extrusão (como
se estivesse mostrando a língua), é quando o cordão toca a língua e ele projeta
a língua para fora da boca, encostando a língua na gengiva inferior. Este
reflexo será muito importante para ajustar a pega do mamilo, essencial para uma
boa mamada.
Portanto, o cordão umbilical exerce esta importante
função que é o desenvolvimento dos reflexos da amamentação.
O que artéria umbilical única?
É quando formou-se apenas uma artéria, ao
invés de duas.
Em fetos absolutamente normais cerca de 1%
das gestações únicas é possível ter-se apenas uma artéria. Outros estudos falam
que a frequência varia entre 0,5 a 6% de todas as gestações únicas, sendo um
dos achados ultrassonográficos mais frequentes.
Já em gestações gemelares esta frequência é maior,
cerca de 6 a 11 % - outros estudos falam em 4 vezes mais do que nas gestações
únicas.
Há uma associação com bebês com restrição de
crescimento, óbitos neo-natais, síndromes genéticas e anomalias fetais.
Circular de cordão
São encontrados em 20 a 33% das gestações
normais de termo.
Estudos mostram que há um aumento de
frequência com o progredir da gestação.
As circulares de cordão ocorrem mais
frequentemente quando o cordão umbilical são longos e quando há uma quantidade
de liquido maior, que é o chamado polihidrâmnio, que possibilita uma maior
movimentação dos bebês.
O que é nó verdadeiro de cordão?
É quando se forma um “nó”, ou seja, uma laçada
completa no meio do cordão. Normalmente não é possível diagnostica-lo
pela ultrassonografia (somente em raríssimos casos, um eventualidade!).
O que é prolapso de cordão?
Esta é uma eventualidade bastante rara.
Quando ocorre a ruptura da bolsa e a cabeça do bebê
não esteja encaixada na bacia, há a possibilidade do cordão descer antes da cabeça.
Se por ventura, a cabeça descer e comprimir a cordão, isto será uma condição de
grande perigo para a vida do bebê – é uma situação de extrema urgência.
É possível fazer o diagnóstico de circular de
cordão?
Sim, hoje com as modernas maquinas de US é possível
se saber se o cordão esta passando pelo pescoço do feto, no entanto, isto não
quer dizer que o feto corra perigo. Através do Doppler podemos saber se esta ou
não havendo dificuldades para a passagem do sangue pelo cordão e se o feto esta
em sofrimento ou não.
Também durante o trabalho de parto é possível
auscultar (escutar) os batimentos do coração através da cardiotocografia, que é
aquele exame do “eletro do coração do bebê”. Se, por exemplo, durante as
contrações os batimentos caem e logo se recupera rápido (isto pode ser um sinal
de há uma compressão do cordão umbilical – possivelmente uma circular de
cordão), neste caso, o obstetra experiente tem condições de tomar atitudes
adequadas para o caso, intervindo ou não, se assim ele achar pertinente.
Os modernos aparelhos de US 3D com Doppler
colorido, podem diagnósticas as circulares de cordão.
Importante:
Menos de 15% das complicações graves – inclusive
mortes, no final da gestação são atribuídas aos acidentes de cordão, portanto
as gestantes tem outras complicações mais sérias, que elas têm que se
preocupar, como por exemplo, hipertensão, preeclampisia, diabetes gestacional,
restrição de crescimento do feto, entre outras tantas.
Dr. Paulo Cossi - especialista em ginecologia e
obstetrícia pela FEBRASGO. Especialista em ultrassonografia pelo Colégio
Brasileiro de Radiologia. Mestre em ciências da saúde pela Escola Paulista de
Medicina – UNIFESP.
@clinicacossi
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