A Comissão Nacional
de Incorporação de Tecnologias (CONITEC) acaba de incorporar Vimizim®
(alfaelosulfase) e Naglazyme® (galsulfase) junto ao Sistema Único de
Saúde (SUS) para o tratamento das mucopolissacaridoses do tipo IV A e VI,
respectivamente. A decisão de incorporação beneficiará centenas de pacientes
que não precisarão mais recorrer à judicialização para conseguir tratamento.
“Essa é uma conquista
para milhares de famílias que, após anos em busca de um diagnóstico, travaram
uma longa batalha para conseguir o tratamento para as doenças de seus filhos”,
conta a Dra. Carolina Fischinger, membro da Sociedade Brasileira de Genética
Médica. “A partir de agora, todo paciente com o diagnóstico desses tipos de MPS
terá também acesso a essas terapias no SUS de forma estruturada”, reforça.
A ausência de acesso
a terapias para o tratamento das doenças raras é uma realidade na vida de
centenas de pacientes, mas após um longo processo marcado pelo forte
engajamento e participação de associações de pacientes, esse cenário muda para
as mucopolissacaridoses IV A e VI. “Esses grupos desenvolvem um trabalho
extremamente importante para os pacientes e familiares. Além da orientação e
acolhimento, são eles que mobilizam a sociedade e conquistam a visibilidade
necessária para que medidas como a incorporação de medicamentos no SUS sejam
viabilizadas”, complementa.
É importante lembrar
que o acesso ao tratamento para os pacientes com MPS tem um peso importante,
como explica a especialista. “O paciente diagnosticado com MPS depende
diretamente do tratamento para sobreviver. A ausência dele, muito comum quando
judicializado, compromete muitas vezes de forma definitiva a saúde daquele
paciente, podendo levar a uma morte prematura”.
Júlia Rezende (21),
foi diagnosticada com MPS do tipo VI e durante um período não teve acesso ao
tratamento. “Essa ausência da terapia comprometeu meu sistema cardíaco e
respiratório. Além disso, fez com que eu precisasse realizar diversas
cirurgias”, explica Júlia. “Quando eu comecei a tomar o medicamento, meu quadro
estabilizou. Embora eu ainda tenha dificuldade para respirar, o cansaço
diminuiu e eu consigo seguir minha vida”.
Além da comunidade
médica e associações de pacientes, outras duas instituições dividem o mérito
por essa conquista. Tanto o Ministério da Saúde quanto a CONITEC desempenharam
um papel fundamental para essa vitória ao avaliar as evidências científicas
sobre ambos os medicamentos, além das melhorias em seus processos internos, o
que foi fundamental para que o Secretário de Ciência e Tecnologia e Insumos
Estratégicos do Ministério da Saúde, Marco Antônio Fireman tomasse essa
decisão.
O que são
mucopolissacaridoses (MPS)?
As MPS são doenças
genéticas raras de depósito lisossômico¹ que, por ausência de algumas enzimas,
gera um acúmulo de substâncias tóxicas nas células do corpo, implicando em uma
série de complicações, como baixa estatura, face característica da doença,
problemas ortopédicos e nas articulações, comprometimento cardíaco e
respiratório dentre outras. A ausência da terapia de reposição enzimática pode
comprometer a qualidade de vida do paciente e também piorar seu prognóstico.
Referências
1.
GIUGLIANI, Roberto et al. Mucopolysaccharidosis I, II,
and VI: brief review and guidelines for treatment. Genet. Mol. Biol., São Paulo, v. 33, n. 4, p. 589-604,
2010 . Disponível em: <http://www.scielo.br/scielo.php?script=sci_arttext&pid=S141547572010000400001&lng=en&nrm=iso>.
Acesso em 19 Dez. 2018. Epub Nov 12, 2010. http://dx.doi.org/10.1590/S141547572010005000093..
Acesso em 17/12/2018.
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