Especialista destaca avanços em IA que
ampliam autonomia e capacidade de adaptação de robôs dentro dos lares
brasileiros e
impulsionam a adoção durante o fim de ano
Com a chegada de dezembro, mês marcado por festas,
férias, viagens e aumento nas compras, cresce também o interesse por
dispositivos que facilitem a rotina doméstica. Entre eles, os robôs domésticos
se destacam como uma das categorias tecnológicas com maior potencial de
expansão em 2026 na análise da FEI, centro universitário com o primeiro curso
de engenharia de robôs do Brasil. Para corroborar essa análise, estimativas da
ABI Research indicam que o mercado global de robótica residencial deve
movimentar mais de US$ 19 bilhões até 2027, impulsionado pela popularização de
robôs de limpeza, sensores inteligentes e assistentes autônomos.
No Brasil, o setor já mostra maturidade: somente os aspiradores robôs registraram crescimento superior a 25% em vendas em 2024, de acordo com levantamentos de dados de varejistas nacionais acompanhados pela GfK. Segundo o professor Fagner Pimentel, de Engenharia de Robôs da FEI, essa mudança revela uma evolução importante: “Um robô doméstico não é apenas um eletrodoméstico automatizado. Ele é um sistema autônomo, adaptativo e interativo, capaz de operar no ambiente humano com algum nível de compreensão do mundo.”
De acordo com Pimentel, para ser considerado um robô, e não apenas um dispositivo automatizado, é preciso que o equipamento apresente critérios técnicos como autonomia real, fusão sensorial, navegação no ambiente, capacidade de interação significativa com pessoas e tomada de decisão sem script pré-definido. “As competições internacionais e brasileiras de robôs domésticos adotam esses parâmetros: localização no ambiente, planejamento de caminhos, percepção, manipulação de objetos e adaptação a mudanças no espaço. Estamos falando de robôs capazes de arrumar a casa, dobrar roupas e auxiliar idosos, são tarefas que vão muito além da automação tradicional”, explica o pesquisador.
O país já amadureceu na adoção de robôs de limpeza,
que deixaram de ser vistos como dispositivos eletrônicos e se tornaram itens
comuns em muitos lares. No entanto, o professor destaca que os robôs avançados,
ainda estão restritos a laboratórios, protótipos e competições, apesar do
avanço das equipes de desenvolvimento brasileiras. Entre os principais desafios
para essa evolução estão o alto custo de produção, a infraestrutura limitada de
casas inteligentes, a maturidade tecnológica em desenvolvimento e as
preocupações com segurança e privacidade.
IA embarcada
As inovações em inteligência artificial (IA) embarcada, sensores mais acessíveis, integração com ecossistemas de casa inteligente e navegação social devem tornar 2026 um ano decisivo para os robôs domésticos. Segundo o professor da FEI, esses avanços estão permitindo que até equipamentos simples combinem automação com comportamento contextual, ampliando aplicações que vão de segurança à assistência a idosos.
Para os próximos anos, a previsão do especialista é
que o mercado avance para robôs mais precisos e autônomos, começando por
modelos de limpeza com mapeamento 3D, desvio inteligente de obstáculos e
interação por voz ou câmera. Também devem ganhar espaço os robôs especializados
— como limpadores de janelas e banheiros. Além de plataformas móveis capazes de
transportar pequenos objetos, entregar itens entre cômodos e oferecer
companhia. A expectativa é que, entre cinco e dez anos, os sistemas sobre rodas
evoluam para estruturas mais modulares, abrindo caminho para a presença gradual
de humanoides domésticos.
Atenção à privacidade
Esse movimento já influencia o consumo de fim de ano, que privilegia produtos autônomos, integrados à casa inteligente e capazes de aprender a rotina, além de itens que preparam o lar para tecnologias futuras, como fechaduras e sensores inteligentes. Pimentel recomenda atenção à privacidade, ao armazenamento de dados e à compatibilidade com assistentes, reforçando que “não é sobre comprar o robô mais caro, mas o que faz sentido para cada casa”.
Para consumidores e empresas, ele destaca que
ambientes preparados, atualizações constantes e transparência sobre o uso da IA
serão diferenciais em um mercado que passa a enxergar robôs não apenas como
produtos, mas como serviços.
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