Há alguns dias, me deparei com uma notícia que chamou a minha atenção: uma matéria que falava sobre uma carta que colaboradores da Apple escreveram contra o retorno do trabalho presencial. Depois de um longo período, a gigante da tecnologia anunciou um plano em que convocava seus funcionários para irem três dias por semana ao escritório.
Após a leitura, o que me veio à cabeça foi:
“independente da empresa que seja, será que é necessário fazer as pessoas irem
aos escritórios, desperdiçarem um tempo precioso se elas rendem mais e
trabalham mais felizes no conforto dos próprios lares?”
Em busca de algumas respostas que ilustrassem
aquela decisão, descobri que, em 2020, de acordo com uma notícia da
ONU, o trabalho remoto era uma opção para apenas 3%
dos trabalhadores na América Latina. Atualmente, esse número está entre 20% e
30%. Se analisarmos apenas o Brasil, dados de Busca Google 2019 vs. 2021
indicam que o número de pessoas que buscam postos de trabalho remoto aumentou
340% nos últimos dois anos.
Como você pôde perceber, a carta que eu mencionei
no início do texto faz todo sentido. Principalmente, porque os indicadores
servem como parâmetro para entendermos que o comportamento do ser humano mudou
de 2020 para cá e, consequentemente, a forma de pensar o trabalho também.
Embora essa discussão seja muito recente e que
muita água há de passar por debaixo dessa ponte, acredito que, após dois anos
de experiências, não dá mais para pensar o futuro do trabalho sem considerar a
qualidade de vida dos nossos colaboradores.
Na empresa que eu fundei, estamos 100% remotos.
Temos um escritório de apoio e que utilizamos para reuniões e encontros
pontuais. “E a produtividade, Mauro?” Aumentou. Mas esse nem é o ponto
principal.
Os relatos são a parte mais gratificante. Uma de
nossas colaboradoras pôde visitar a família em Portugal e continuou trabalhando
alguns dias antes de aproveitar as tão esperadas férias. Ou seja, nem precisa
ser home office. Aqui, nós chamamos de anywhere
office. Cada um trabalha de onde preferir e tudo bem.
Pessoas que antes gastavam quase duas horas no
deslocamento até a empresa, agora podem passar mais tempo com os filhos, fazer
um curso, ir para a academia ou realizar tarefas de casa ou simplesmente dormir
um pouco mais.
O IT Investment Trends, IDC Latin America Analysis
2008 - 2020 aponta que empresas que se propõem a possibilitar experiências que
levem em consideração não apenas o crescimento e o comprometimento, mas também
o bem-estar podem ter resultados muito positivos. Entre os benefícios, 43% dos
trabalhadores aumentam a produtividade e 41% se tornam mais leais às empresas.
Apesar de ser desafiador, nós temos a tecnologia a
nosso favor. Soluções em nuvem, Inteligência Artificial, videochamadas,
workspaces que permitem reunião de equipes e, no caso da empresa que fundei,
temos nosso próprio espaço no metaverso. Por lá já fizemos o relançamento da
nossa marca, assinamos contrato, fazemos reuniões e o mais importante:
encurtamos distâncias para que, mesmo longe, estejamos sempre perto uns dos outros.
Como gestores, precisamos olhar para esse novo
momento como uma oportunidade de recriar os métodos de trabalho. É de grandes
transformações como a que estamos vivendo que podemos repensar nossas práticas
para que tenhamos mais qualidade de vida.
Agora que você sabe um pouco mais sobre esse
assunto tão falado nos últimos anos, compartilhe comigo a sua opinião nos
comentários. Que esse exercício traga boas ideias.
Mauro Inagaki - fundador e CEO da b2finance.
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