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sexta-feira, 14 de outubro de 2022

Educação inclusiva: o papel dos professores no desenvolvimento e inclusão dos autistas

Crédito: Canva

A Dra. Fabiele Russo, neurocientista da
NeuroConecta, instituição especializada em Transtorno do Espectro do Autismo (TEA), aborda a importância dos professores na vida escolar, inclusão e no desenvolvimento das crianças com TEA


O Transtorno do Espectro do Autismo (TEA), de acordo com a Organização Mundial da Saúde (OMS), atinge cerca de 2% da população mundial. No Brasil, estima-se que entre 2 e 4 milhões de pessoas vivem com essa condição, que necessita de muita atenção de todos os profissionais envolvidos na educação da criança, tanto em casa, quanto na escola.  

A Lei 12.764 de 2012, conhecida como Lei Berenice Piana, determina que a pessoa com TEA é considerada pessoa com deficiência para todos os efeitos legais. Além disso, a pessoa com autismo tem todos os direitos incluídos na LBI - Lei Brasileira de Inclusão da pessoa com deficiência (Lei 13.146 de 2015). 

As leis garantem ao autista o direito à educação e ao ensino profissionalizante. Além disso, garante que em casos comprovados de necessidade, o aluno autista que esteja matriculado na escola pública ou particular, tenha direito a um acompanhante especializado dentro da sala de aula. Esse profissional, segundo o Decreto 8.368/14, deve possuir capacitação para o acompanhamento das crianças dentro do ambiente escolar. Além disso, os custos do acompanhante são de responsabilidade exclusiva da escola, ou seja, a família está isenta. 

De acordo com a Dra. Fabiele Russo, neurocientista e fundadora da plataforma NeuroConecta, especializada em Transtorno do Espectro do Autismo (TEA), é comum que muitas dúvidas surjam nesse processo, mas é importante ressaltar que os professores possuem um papel indispensável na educação dessas crianças e que a parceria entre pais, escola e profissionais envolvidos na educação é primordial. 

Por isso, a Dra. Fabiele Russo abordou a importância dos professores na vida escolar e no desenvolvimento das crianças com TEA.
 

O desenvolvimento do autista

Uma pessoa com autismo tem acompanhamento multidisciplinar, o que significa que realiza o tratamento com diversos especialistas: médico, fonoaudiólogo, terapeuta ocupacional, psicólogo, entre outros. Tudo vai depender das necessidades da criança. 

“Alguns alunos com autismo podem ter dificuldade na fala, por exemplo, mas isso não significa que não sejam capazes de falar. O professor, junto a outros profissionais que acompanham a pessoa, tem a missão de ajudar nessa e em outras questões”, comenta a Dra. Fabiele.
 

Apoio pedagógico

É cada vez mais comum ter alunos autistas nas instituições de ensino, e cabe ao professor saber como cada um deve ser tratado pedagogicamente, segundo a Dra. Fabiele. “Existem diversos tipos e níveis de autismo e isso significa que cada um tem suas dificuldades, habilidades e suas peculiaridades. A maneira de ensinar o aluno com TEA não é a mesma utilizada para ensinar os outros alunos. Muitas vezes o material precisa ser adaptado”, comenta a especialista. 

“Enquanto uma criança pode ter muita dificuldade com a escrita, por exemplo, outra não. Algumas possuem sensibilidades a sons, outras a luz ou textura. Algumas têm problemas com a integração social, já outras são inflexíveis. Cada caso é um caso e eles precisam de atenção e estímulos diferentes partindo dos educadores”, complementa. 

Por isso o Programa de Ensino Individualizado (PEI), documento elaborado pelo professor e pela equipe pedagógica a partir de uma avaliação de um aluno com necessidade educacional específica, é essencial.
 

Instruções verbais

Os professores sabem que muitas crianças com TEA possuem dificuldade no momento do aprendizado e o grande desafio desses profissionais é filtrar a forma de ensinar, tendo que deixar de lado, por exemplo, as instruções verbais muito longas, que pode ser muito difícil para os autistas. 

“As instruções devem ser simples e diretas e se necessário o professor deverá fazer o uso de pistas visuais em sala de aula como por exemplo figuras ou fotografias explicativas, pois isso amplia a capacidade de interação e aprendizagem da criança” explica a especialista.
 

 Inclusão

A inclusão da pessoa com TEA não é apenas deixá-la na sala de aula, tendo em vista que muitas delas apresentam dificuldades para interagir com outras pessoas, e na comunicação. 

“Quando falamos em inclusão escolar, não estamos falando em deixar o aluno sentado na sala de aula, estamos falando em fazer com que o aluno se envolva nas atividades propostas pelo professor, pois ele precisa fazer parte da turma e interagir com os colegas, aprender os conteúdos e desenvolver ao máximo suas habilidades e potencial e o papel do professor é essencial nesse processo”, pontua.

 

NeuroConecta


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