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A Dra. Fabiele
Russo, neurocientista da NeuroConecta, instituição especializada em Transtorno
do Espectro do Autismo (TEA), aborda a importância dos professores na vida
escolar, inclusão e no desenvolvimento das crianças com TEA
O Transtorno do Espectro do Autismo (TEA), de acordo com a
Organização Mundial da Saúde (OMS), atinge cerca de 2% da população mundial. No
Brasil, estima-se que entre 2 e 4 milhões de pessoas vivem com essa condição,
que necessita de muita atenção de todos os profissionais envolvidos na educação
da criança, tanto em casa, quanto na escola.
A Lei 12.764 de 2012, conhecida como Lei Berenice Piana, determina que a pessoa com TEA é considerada pessoa com deficiência para todos os efeitos legais. Além disso, a pessoa com autismo tem todos os direitos incluídos na LBI - Lei Brasileira de Inclusão da pessoa com deficiência (Lei 13.146 de 2015).
As leis garantem ao autista o direito à educação e ao ensino
profissionalizante. Além disso, garante que em casos comprovados de
necessidade, o aluno autista que esteja matriculado na escola pública ou
particular, tenha direito a um acompanhante especializado dentro da sala de
aula. Esse profissional, segundo o Decreto 8.368/14, deve possuir capacitação
para o acompanhamento das crianças dentro do ambiente escolar. Além disso, os
custos do acompanhante são de responsabilidade exclusiva da escola, ou seja, a
família está isenta.
De acordo com a Dra. Fabiele Russo, neurocientista e
fundadora da plataforma NeuroConecta, especializada em Transtorno do
Espectro do Autismo (TEA), é comum que muitas dúvidas surjam nesse
processo, mas é importante ressaltar que os professores possuem um papel
indispensável na educação dessas crianças e que a parceria entre pais, escola e
profissionais envolvidos na educação é primordial.
Por isso, a Dra. Fabiele Russo abordou a importância dos
professores na vida escolar e no desenvolvimento das crianças com TEA.
O desenvolvimento do autista
Uma pessoa com autismo tem acompanhamento multidisciplinar, o
que significa que realiza o tratamento com diversos especialistas: médico,
fonoaudiólogo, terapeuta ocupacional, psicólogo, entre outros. Tudo vai
depender das necessidades da criança.
“Alguns alunos com autismo podem ter dificuldade na fala, por
exemplo, mas isso não significa que não sejam capazes de falar. O professor,
junto a outros profissionais que acompanham a pessoa, tem a missão de ajudar
nessa e em outras questões”, comenta a Dra. Fabiele.
Apoio pedagógico
É cada vez mais comum ter alunos autistas nas instituições de
ensino, e cabe ao professor saber como cada um deve ser tratado
pedagogicamente, segundo a Dra. Fabiele. “Existem diversos tipos e níveis de
autismo e isso significa que cada um tem suas dificuldades, habilidades e suas
peculiaridades. A maneira de ensinar o aluno com TEA não é a mesma utilizada
para ensinar os outros alunos. Muitas vezes o material precisa ser adaptado”,
comenta a especialista.
“Enquanto uma criança pode ter muita dificuldade com a
escrita, por exemplo, outra não. Algumas possuem sensibilidades a sons, outras
a luz ou textura. Algumas têm problemas com a integração social, já outras são
inflexíveis. Cada caso é um caso e eles precisam de atenção e estímulos
diferentes partindo dos educadores”, complementa.
Por isso o Programa de Ensino Individualizado (PEI),
documento elaborado pelo professor e pela equipe pedagógica a partir de uma
avaliação de um aluno com necessidade educacional específica, é essencial.
Instruções verbais
Os professores sabem que muitas crianças com TEA possuem
dificuldade no momento do aprendizado e o grande desafio desses profissionais é
filtrar a forma de ensinar, tendo que deixar de lado, por exemplo, as
instruções verbais muito longas, que pode ser muito difícil para os autistas.
“As instruções devem ser simples e diretas e se necessário o
professor deverá fazer o uso de pistas visuais em sala de aula como por exemplo
figuras ou fotografias explicativas, pois isso amplia a capacidade de interação
e aprendizagem da criança” explica a especialista.
Inclusão
A inclusão da pessoa com TEA não é apenas deixá-la na sala de
aula, tendo em vista que muitas delas apresentam dificuldades para interagir
com outras pessoas, e na comunicação.
“Quando falamos em inclusão escolar, não estamos falando em
deixar o aluno sentado na sala de aula, estamos falando em fazer com que o
aluno se envolva nas atividades propostas pelo professor, pois ele precisa
fazer parte da turma e interagir com os colegas, aprender os conteúdos e
desenvolver ao máximo suas habilidades e potencial e o papel do professor é
essencial nesse processo”, pontua.
NeuroConecta
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