Sobrepeso atinge
mais da metade da população brasileira e é gatilho para doenças graves como
artrose, alzheimer e até problemas neurológicos
O excesso de gordura corporal é um problema que
ultrapassa a questão estética dos quilos a mais na balança. Dados da Pesquisa
Nacional de Saúde (PNS/2020) indicam que um quarto dos adultos brasileiros
estão em um quadro de obesidade e 60% da população adulta do país está acima do
peso. E o aumento da obesidade em crianças tem preocupado o mundo. Segundo a
OMS, hoje temos 1 bilhão de pessoas obesas; 39 milhões são crianças que já
começam a apresentar problemas sérios de saúde.
Além de estar diretamente associada a doenças
cardíacas como hipertensão e infarto, a obesidade pode levar a outros problemas
graves de saúde. A endocrinologista do Hospital Marcelino Champagnat, Luiza
Esteves, explica que a circunferência abdominal é um dos principais indicadores
do excesso de gordura. “A maneira mais simples para confirmar é com a fita
métrica. Homens com circunferência acima de 90 centímetros e mulheres com mais
de 80 devem ficar atentos, já que isso é indicativo de que a gordura pode não
estar apenas no subcutâneo, mas nos órgãos, o que traz consequências graves,
como doenças cardiológicas, diabetes, demência e aumento do risco de alguns
tipos de câncer”, esclarece. O excesso de peso nas articulações, desequilíbrio
hormonal, disfunção em órgãos como o fígado, que é diretamente afetado pelo
acúmulo de gordura, e até em áreas mais delicadas como no coração, são algumas
das complicações que a doença pode causar.
Joelhos
O sobrepeso é o que mais acelera a artrose,
desgastando rapidamente as cartilagens, demandando tratamento com
fisioterapia e, muitas vezes, cirurgias. “A degeneração da cartilagem do joelho
é progressiva e a principal causa é o envelhecimento. Quando associado ao
excesso de peso, esse processo acaba transformando um joelho saudável em um
potencialmente desgastado muito mais rápido. É como se o joelho envelhecesse de
forma acelerada até chegar ao momento que a dor limita, inclusive, a realização
das atividades do dia a dia, como curtas caminhadas", afirma o ortopedista
Antônio Tomazini.
Doenças Neurológicas
Demências como Alzheimer estão entre os problemas
agravados pela obesidade, o que ocorre pela atividade e pelo fluxo sanguíneo
cerebral que estão proporcionalmente ligados ao peso. “Quanto maior o índice de
massa corporal (IMC) de uma pessoa, maiores são as chances dela ter não só o
Alzheimer como demais doenças neurodegenerativas. Isso acontece porque
problemas como hipertensão arterial e diabetes, que são agravadas pela
obesidade, têm relação direta com a perda cognitiva”, destaca a neurologista
Patrícia Coral. A recomendação é que portadores de doenças neurodegenerativas
realizem regularmente estímulos físicos.
Combate à obesidade
Em casos graves, a cirurgia bariátrica é indicada
para tratamento de pessoas com IMC superior a 40. "A bariátrica é uma
ferramenta de tratamento para a obesidade mórbida, mas não é definitiva porque
depende muito do paciente”, conta o cirurgião bariátrico do Hospital Marcelino
Champagnat, Alcides Branco. “A cirurgia é eficaz se novos hábitos de vida forem
adotados pelo paciente, especialmente os alimentares. O procedimento não pode
ser usado só para emagrecer, mas também para manter as vitaminas em um padrão
saudável e, principalmente, perder peso o suficiente para recuperar a saúde”,
complementa Branco.
Atitudes urgentes
Medidas de prevenção devem ser constantes em todas
as etapas da vida para evitar casos graves de obesidade. Para isso, além da
atividade física regular, é preciso uma alimentação mais equilibrada,
diminuindo a quantidade de açúcar refinado, bebidas com adição de açúcares
(como refrigerantes e sucos artificiais) e de carboidratos simples na dieta,
além do sono regulado. “Essas medidas são importantes para diminuir o acúmulo
de gordura nos órgãos e promover mais saúde de maneira geral", ressalta a
endocrinologista Luiza Esteves.
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