A depressão pós-parto atinge 1 a cada 4
mulheres brasileiras e diversos fatores estão por trás dessa condição
Segundo um estudo realizado pela Fiocruz em 2016, mas recentemente
divulgado, cerca de 25% das mães de recém-nascidos são diagnosticadas com
depressão pós parto. A pesquisa também aponta que o grupo mais favorável a
desenvolver depressão são mães de baixa condição socioeconômica, com histórico
de doenças mentais e que não planejaram a gravidez. Neste Dia Mundial de Saúde
Mental a Febrasgo chama a atenção dos diversos profissionais da saúde
envolvidos no cuidado de gestantes e puérperas para quadros depressivos.
O Professor Titular da disciplina de Obstetrícia da Faculdade de Jundiaí e membro da Comissão Nacional Especializada em Assistência ao Abortamento, Parto e Puerpério da Febrasgo, Dr. Ricardo Porto Tedesco, afirma que o obstetra é o primeiro profissional a ter contato com os sintomas depressivos de pacientes e portanto devem ter atenção e sensibilidade a lidar com esses casos. “O grande problema é você não diagnosticar oportunamente e a situação tomar uma proporção maior, o que fica mais difícil de tratar e deixa sequelas que se estabelecem na relação da mãe com o bebê” diz o professor.
A depressão pós-parto pode estar relacionada a diversos fatores como físicos, hormonais, emocionais, ou o estilo de vida da mãe ou pode estar ligado a transtornos psiquiátricos anteriores, como depressão e ansiedade previamente diagnosticados. “A depressão é uma situação crônica, que tem altos e baixos, então na primeira consulta que o médico faz com a gestante é preciso ser feito esse questionamento se já houve um quadro depressivo anterior", comenta Dr. Ricardo, que também afirma que esse é um grande fator de risco para o desenvolvimento da doença durante a gravidez e principalmente no pós-parto. A falta de um grupo de apoio, seja familiar, do parceiro ou de amigos durante a gestação e após o parto pode colaborar para o desenvolvimento de um quadro depressivo.
O doutor explica que dependendo do quadro a prevenção é feita com terapia e até mesmo com antidepressivos, e que algumas dessas medicações podem ser usadas com segurança durante a gestação. Ele também menciona a importância do obstetra acolher a gestante, que pode muitas vezes chegar às consultas fechada e receosa, “Se o médico der espaço, a paciente vai falar sobre seus medos e anseios” afirma Tedesco.
Sinais depressivos que podem ser manifestações de cansaço, moleza e sonolência excessivos, vontade de se isolar, ou a queixa de que não está tão vibrante com a gestação como deveria estar são apontamentos de que a mulher não está bem no ponto de vista emocional e o papel do obstetra é identificar esses casos.
O pós-parto é quando a situação se acentua, pois entra a privação
do sono que afeta e agrava o quadro depressivo. “O obstetra precisa saber que existe
um período entre duas ou três semanas após o parto em que sintomas depressivos
são comuns e 80% das mulheres têm, que é o chamado blues puerperal” explica Dr.
Ricardo. O blues puerperal não quer dizer que a mulher tem uma depressão
pós-parto, mas caso se estenda por mais do que esse período de três semanas ou
dependendo da intensidade dos sintomas, se a mulher está muito chorosa ou
apresentando uma rejeição ao bebê também deve fazer o obstetra ter a percepção
de que algo não está bem.
“Apesar de ser uma complicação da gestação, o tratamento não é da
ossada do obstetra, é um distúrbio psiquiátrico e tem que ser tratado por um
psiquiatra, o obstetra tem que ter a sensibilidade para fazer o reconhecimento
para depois encaminhar adequadamente” conclui o médico.
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