O protagonismo do mercado livre de energia no setor elétrico brasileiro, segue avançando. Agora mais, com a publicação realizada no dia 28 de setembro, no Diário Oficial da União, da Portaria Normativa n° 50/GM/MME, que anunciou a abertura da comercialização da modalidade no país. Certamente, o momento é visto com euforia por parte das empresas ligadas à geração e comercialização de energia. Por sua vez, diante de um cenário promissor de crescimento, torna-se ainda mais fundamental alinhar estratégias operacionais, para se manter ativo na competição desse mercado.
A medida anunciada pelo Ministério de Minas e
Energia (MME) prevê que, a partir de 2024, os consumidores que se enquadrem no
Grupo A, independente do seu nível de consumo, poderão comprar energia elétrica
de qualquer provedor. Com essa liberação, estima-se que, aproximadamente, 106
mil novas unidades consumidoras empresariais passarão a estar aptas em migrar para
essa modalidade.
Precisamos enfatizar que o mercado livre de energia
já tem 27 anos de idade. E, diante das grandes oportunidades de expansão com a
sua abertura, manter moldes de gestão desatualizados como o uso de planilhas
acessórias para gestão empresarial, pode colocar em risco o desempenho da
empresa. Tendo isso em vista, não é difícil encontrar diversas opções
disponíveis no mercado, que “garantem” dar resultados rápidos após a
implementação.
Sobretudo, cabe o alerta: é importante separar o
“joio do trigo” na hora de escolher o ERP (Enterprise Resource Planning). Ou
seja, antes de aderir uma ferramenta, é necessário levar em conta aspectos
essenciais na aquisição que, de fato, irão atender as necessidades da empresa –
tais como gerenciamento, módulos de controle de contabilidade, fiscal, vendas,
serviços, entre outros.
E, em se tratando do setor de comercialização de energia,
cujo qual, tem suas considerações e particularidades, qualifico os pontos
mínimos na sua escolha de um verdadeiro ERP.
#1 Cobertura dos processos: o software precisa garantir o máximo de cobertura das operações,
aglutinando as funções vitais da organização, evitando a necessidade de
complementação por outros sistemas e que preferencialmente evitem a
proliferação das “salvadoras da pátria” – as famosas planilhas.
# 2 Atender as funcionalidades
críticas: o ERP deve ter a capacidade de integração com sistemas
especialistas bem como atividades vitais, como conciliação de serviços
bancários. Mas também outras específicas, como encontro de contas, tão normais
em operações no mercado livre de energia.
# 3 Escala e desempenho: é crucial que o sistema acomode com folga o potencial de crescimento do
mercado livre que agora desponta, atendendo com performance o hoje e o amanhã –
tendo em vista a projeção de crescimento de consumidores na escala de centenas
de milhares.
# 4 Visibilidade da posição
financeira: o preço da energia tem características de
oscilação às vezes muito bruscas e importantes – condição inerente à maior ou
menor disponibilidade de recurso energético na nossa matriz elétrica
brasileira. Deste modo, ações rápidas e muitas vezes em tempo real, vão
precisar ser tomadas, por exemplo, condições de mercado que exijam reação a
questões de quebra de contratos ou potenciais inadimplências.
# 5 Extensibilidade e
personalização: um sistema que é engessado, inflexível, não atende
a dinâmica da modalidade. Por isso, o ERP precisa ter múltiplas camadas de
acesso a ele, permitindo flexibilidade para ampliação de funcionalidades e
adaptação aos processos específicos da sua empresa. Em palavras mais simples, o
sistema precisa ser capaz de se adaptar à sua empresa e não o contrário.
# 6 Capacidade de integração: toda empresa que atua nesse segmento, tem o seu sistema especializado ou
dedicado para atender partes específicas da operação. Um exemplo são os
softwares ETRM (Energy Trading and Risk Management), que dentre outras
funções controlam seu “book” e sua posição, assim, o seu ERP tem que suportar
de forma completa a integração com os esses sistemas.
# 7 Emitir relatórios do
simples ao complexo: de nada adianta a empresa
crescer, sem que haja o devido acompanhamento próximo das normais dores
oriundas desse crescimento. Para isso, o software de gestão precisa ter
capacidade ampla de emissão de relatórios, para eventuais consultas, mas
primordialmente ajudando nas tomadas de decisão. Ademais, além dos tradicionais
relatórios, a disponibilidade de visualizações dos KPIs (key
performance indicators) em tempo real, em uma interface com
usuários totalmente configurável, na linha de “web clients”, é altamente
desejada.
# 8 Licenças: o ERP deve ter um sistema de licenciamento que atenda as
características dos profissionais atuais que exercem múltiplas funções dentro
de das organizações, não os limitando ou segregando acesso por conta de
licenças inflexíveis ou limitadas.
Mesmo diante da gama de funcionalidades que envolvem
a aquisição de um ERP, ainda lidamos com o desafio de que muitos veem isso como
um gasto, e não um investimento para garantia do compliance na empresa.
Aqui, cabe uma singela reflexão – afinal, se você gestor, acha que é caro ter compliance experimente
o custo de não o ter.
Deste modo, para os gestores de empresas que ainda
não decidiram aderir a um ERP eficiente, a sugestão é que não se alonguem mais.
A abertura do mercado livre de energia revela um momento promissor de ganhos e
benefícios, que exige uma verdadeira readequação dos moldes de gestão, livre
das amarras caseiras de improvisação. Mas lembre-se, o caminho até pode ser
longo, mas haverá sempre uma luz guiando em cada passo rumo a expansão e
crescimento.
Claudio
Wagner - executivo de contas da G2, consultoria
especializada em SAP Business One.
https://g2tecnologia.com.br/
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