terça-feira, 29 de março de 2022

Quando o que era para tratar, adoece


Mara, Janyne, Paula, são algumas mulheres que fizeram uso de compostos ou medicamentos para emagrecer e apresentaram graves problemas hepáticos e/ou renais causados por toxicidade desses compostos em seu organismo. 

Mas o que acontece quando um medicamento ou composto, ao invés de tratar, pode debilitar o organismo ou até mesmo levar a morte? Existe uma linha muito tênue entre eficácia e toxicidade que depende do metabolismo de cada indivíduo. Além disso, é importante lembrar que sua genética pode influenciar em como você metaboliza os compostos químicos. 

E aí vem a famosa frase: o que é bom para todo mundo, pode não ser bom para você. Não é porque sua amiga, parente ou conhecido obtiveram o efeito esperado com o uso de um medicamento ou composto que o mesmo acontecerá com você, e sabe por quê? 

Porque o metabolismo de cada um pode ter respostas diferentes ao mesmo medicamento e isto inclusive pode ser causado pela variabilidade genética, que significa que a informação genética de cada pessoa pode ter pequenas variações genéticas, conhecidas como mutações, que fazem com que uma proteína ou enzima (aquela maquininha que é responsável pelo funcionamento de toda via metabólica do organismo) funcione de forma adequada, funcione muito mais ou mesmo, não funcione. E aí voltamos novamente na questão de eficácia e toxicidade de um composto. 

Um composto é eficaz quando ele é administrado e surte o efeito esperado, seja como analgésico, antitérmico ou mesmo levando a um emagrecimento. Porém, caso esse composto seja ineficaz para você, ou seja, não surtir efeito nenhum, significa que ele tem sua eficácia diminuída, isto é, tenha alteração na sua metabolização. Essa alteração pode inclusive levar a uma toxicidade do composto que pode se refletir em danos a vários tecidos e órgãos como fígado, rins e cérebro, levando a efeitos adversos graves, como ocorreu com as mulheres citadas. 

Portanto, mesmo o medicamento ou composto tendo uma indicação geral, o organismo de cada pessoa reage de forma diferente, por isso a importância da prescrição médica, que vem sendo cada vez mais personalizada de acordo com o perfil do paciente. Aí entramos em um outro assunto que vem ganhando grande destaque, que é a medicina personalizada, que conto para vocês em nossa próxima conversa. 

 

Liya Regina Mikami - doutora em Genética pela Universidade Federal do Paraná e University of Nebraska; mestre em Ciências Biológicas (Biologia Celular) pela Universidade Estadual de Maringá; graduada em Ciências Biológicas pela Universidade Estadual de Maringá. Realizou estágio pós-doutoral em Genética Molecular Humana no Centre de Recherches du Service de Santé des Armées (CRSSA), em Grenoble/França. Pós- doutorado em Ciências da Saúde pela PUC/PR, em andamento. Desenvolve projeto de pesquisa na área de Genética Humana em Investigação Clínica e Experimental de Doenças Humanas (Fibrose Cística, Autismo e Fissuras Labiopalatais). Tem experiência na área de Biologia Geral, com ênfase em Genética, atuando principalmente nos seguintes temas: genética molecular humana, fissuras labiopalatais, mutações, autismo, tecnologia do DNA recombinante. Atualmente é professora da Faculdade Evangélica Mackenzie Paraná (FEMPAR).

 

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