Diariamente, ocorrem cerca de 1150 nascimentos de filhos adolescentes no país
Estudo inédito
aponta queda nas gravidezes adolescentes, nos últimos 20 anos, no Brasil.
Realizada pela ginecologista Dra. Denise Leite Maia Monteiro, secretária da
Comissão Nacional Especializada em Ginecologia Infanto Puberal da Federação
Brasileira das Associações de Ginecologia e Obstetrícia (Febrasgo), a pesquisa
considerou o número de nascidos vivos (NV) de mães de 10 a 19 anos de idade,
entre os anos 2000 e 2019. No primeiro ano observado, mães adolescentes foram
responsáveis por 23,4% do total de nascidos vivos. No último ano do
levantamento, o índice caiu para 14,7% - revelando uma queda de 37,2%. A
especialista aponta que apesar da importante evolução, o cenário da gestação
adolescente continua preocupante no país. Dados do DataSUS/Sinasc apontam que a
cada dia ocorram cerca de 1150 nascimentos de filhos de adolescentes.
Ao considerar o
IDH de 2017 de cada região brasileira, observa-se maiores índices nas regiões
Sudeste e Sul (0,80), seguido do Centro-Oeste (0,79), Norte (0,73) e Nordeste
(0,71). “A proporção de NV de mães adolescentes do Sudeste e Sul são as menores
do País, o que demonstra tendência inversamente proporcional ao IDH”, comenta a
ginecologista da Febrasgo.
A gravidez na
adolescência está associada à evasão escolar, maior perpetuação da pobreza
gerando impactos pessoais e sociais. Na esfera da saúde, “a gravidez precoce
acarreta inúmeras consequências para a adolescente e o recém-nascido. As
complicações gestacionais e no parto representam a principal causa de morte
entre meninas de 15 a 19 anos mundialmente, pois existe maior risco de
eclâmpsia, endometrite puerperal, infecções sistêmicas e prematuridade, segundo
a Organização Mundial da Saúde. Ainda há consequências sociais e econômicas
como rejeição ou violência e interrupção dos estudos, comprometendo o futuro dessas
jovens”, explica a médica.
Diferenças
Regionais e Etárias
De acordo com o estudo,
a Região Norte apresentou a maior taxa de gravidez na adolescência, seguida
pelas regiões Nordeste e Centro-Oeste. As regiões Sudeste e Sul apresentaram
indicadores abaixo da média brasileira.
Na estratificação
etária, aponta-se ainda que a redução de gravidezes juvenis caminha em
velocidades distantes ao observar aquelas ocorridas entre meninas de 10 a 14
anos (que apresentou redução de 26%) ante o grupo de 15 a 19 anos (que
registrou 40,7% de queda). A Neste recorte, a Região Norte destaca-se também ao
apresentar os maiores indicadores de gravidezes de crianças (10 a 14 anos) e
menor diminuição percentual de ocorrências – podendo revelar desafios
complementares ligados ao combate ao casamento infantil e abuso sexual infantil.
1. World Health Organization (WHO). Adolescent
pregnancy. January, 2020. [cited 2021Feb08]. Available from: https://www.who.int/news-room/fact-sheets/detail/adolescent-pregnancy.
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