O Bitcoin, principal ativo digital do mundo, vem ganhando cada dia mais adeptos em território nacional. Somente em julho deste ano os brasileiros movimentaram R$5,5 bilhões em Bitcoin. Segundo uma pesquisa realizada pela FGV EESP e Hashdex realizada entre fevereiro e março, com 576 pessoas, o Bitcoin já é o 3º investimento preferido entre os brasileiros. Cerca de 27,78% dos investidores possuem BTC e demais criptos em suas carteiras de investimentos.
Além disso, as criptomoedas são as queridas da
geração Z, pois segundo a rede social Yubo, cerca de 35% dos jovens investem em
bitcoin e demais criptos, pois acreditam que serão o futuro, e 45% supõem que
esses ativos substituirão as moedas estatais.
Especialistas explicam sobre o crescimento das
criptomoedas no mercado nacional e o interesse dos jovens nesse tipo de
investimento.
Rafael Izidoro, CEO da Rispar, primeira fintech a oferecer crédito
em reais tendo bitcoin como garantia
“Acredito que as criptomoedas já saíram da zona
cinzenta há um tempo, temos a IN 1888 da Receita Federal desde 2019, o
ofício 4081/2020 do Ministério da Economia autorizando a integralização do
capital social com criptomoedas, a CVM autorizando ETFs de Bitcoin, etc. Todas
essas iniciativas fomentam o crescimento exponencial no investimento deste tipo
de ativo no Brasil” revela o CEO.
Para Rafael, o público mais jovem possui mais
intimidade com novas tecnologias. “A barreira mínima de entrada em corretoras
de criptomoedas somada à curiosidade de explorar novas possibilidades do
mercado financeiro, faz com que o mercado de criptomoedas seja um prato cheio
para os jovens”. Segundo o especialista, a institucionalização do mercado de
criptoativos, abriu portas para as gerações mais maduras, que se sentem mais
confortáveis em aplicar em fundos regulados, ETFs e outras formas mais
tradicionais de investimentos. “Acredito que esse movimento de expansão do
mercado institucional tende a trazer cada vez mais esse público”, finaliza.
Vinicius Frias, CEO do Alter, a primeira cripto conta do
Brasil
Para Vinicius, muitos players regulados passaram a
entrar nesse mercado, com lançamento de ETFs na B3 (bolsa de valores) e
distribuição de fundos CVM para bancos que, antes, tinham arrepios em falar de
cripto. “O caminho está cada vez menos cinza", analisa o CEO.
Além disso, Vinicius analisa a entrada de jovens no
mercado como algo associado a tecnologia. “Pode ser algo mais fácil para jovens
terem contato inicialmente. Mas não são jovens de apenas 18 anos. No Alter, por
exemplo, a maior faixa dos consumidores está entre 25 e 40 anos”, o CEO
acredita na educação, usabilidade e, principalmente, prover segurança a esses
investidores. “Isso está acontecendo bem rápido”, finaliza.
Lucas Xisto, Head of Asset Management da Transfero, uma empresa internacional de
soluções financeiras baseadas em tecnologia Blockchain
Para Lucas Xisto, essa busca por investimentos
alternativos após o momento crítico de pandemia foi concomitante ao boom de
finanças descentralizadas no ambiente de ativos digitais, o que explica uma
maior demanda no setor desde tal acontecimento. “Passamos por um período de
baixas taxas de juros no Brasil em relação ao padrão histórico da nossa
economia, principalmente durante a pandemia no ano 2020. Nesse mesmo ano, houve
uma grande captação de recursos por parte de fundos multimercados e fundos de
ações no segundo semestre, incluindo fundos multimercados que investem em
criptoativos”, explica.
O especialista também fala sobre o perfil dos
investidores e a relação com a tecnologia. “Pesquisas nos Estados Unidos
revelaram que a ideia média do investidor americano de criptoativos é de 38
anos, enquanto a mesma para o investidor do mercado de ações é de 47 anos.
Acredito que o investidor de criptoativos ao redor do mundo tende a ser mais
novo principalmente pelo fato de ser uma nova tecnologia que está inserida na
internet e pela facilidade de acesso. Além disso, as gerações mais recentes
tiveram maior contato com redes sociais e temos uma economia cada vez maior de
criadores de conteúdo sendo estabelecida. Comunidades específicas e
independentes estão ficando mais frequentes, o que vai em linha com os
conceitos de descentralização da tecnologia Blockchain”.
Para Xisto, faltam mais negócios relacionados a
criptoativos no país que atuem de maneira séria, além de maior destaque aos
mesmos. “Temos empresas hoje no Brasil que atuam em alto nível e competem com
empresas globais no setor. Em contrapartida, temos muitos negócios fraudulentos
que usam as criptomoedas como pretexto para atuar de forma banal no setor. Ter
informação de qualidade sobre o mercado cripto e como funcionam as novas
tecnologias desse segmento é muito importante para difundir a ideia de como
isso pode ser realmente revolucionário - essa é uma das nossas missões”,
finaliza.
Lucas Schoch, fundador e CEO da Bitfy, primeira carteira multiuso e sem custódia
de bitcoins do Brasil
Segundo Lucas Schoch, fundador e CEO da Bitfy, hoje
não há um universo cinzento no ecossistema das criptomoedas. Para ele, o único
problema é a falta de regulamentação, que pode acabar afastando algumas pessoas
desse tipo de investimento. “A tecnologia que existe por trás das bitcoins e de
outras criptomoedas é fantástica, e o brasileiro está começando a dar um pouco
mais de abertura para isso”, aponta o especialista.
Por estarem inseridos nas novas tecnologias e
fazerem quase tudo de maneira 100% digital, os jovens são os principais
usuários das criptomoedas, já que elas também são um ativo completamente
digital e acaba sendo um pouco mais fácil que essa geração absorva e compreenda
melhor que os mais velhos como lidar com ela.
Schoch comenta que a tecnologia inserida nas
criptomoedas evoluiu muito rapidamente, e que, de 2008 pra cá, quando o mundo
começou a ouvir falar nos primeiros criptoativos, praticamente não há uma
tecnologia que inovou tão rápido quanto essa. “Não acredito que as pessoas mais
velhas estejam atrasadas, mas sim que as próprias criptomoedas estão em um
momento ainda muito jovem da sua idade. Apesar de ter bastante penetração e
isso crescer muito rapidamente, existem alguns segmentos que demoram um pouco
mais para atingirem outros públicos, principalmente os voltados à tecnologia”,
explica.
O especialista sugere que temas como esse sejam
abordados em tópicos de discussão de investimentos tradicionais e que até sejam
repassados nas universidades. “Tudo é uma questão de tempo. Para as pessoas
mais maduras, o conhecimento é baseado em sala de aula, e grande parte das
informações sobre criptomoedas ainda estão disponíveis apenas no ambiente
virtual, entretanto tudo é uma questão de tempo e adaptação. Por isso, é
fundamental que esse tipo de informação vá além da internet.”
Ricardo Dantas, CO-CEO da
Foxbit, uma das maiores e mais antigas
exchanges de criptomoeda do mundo
Para Ricardo Dantas, as criptomoedas estão em um
cenário cinzento seja aqui no Brasil ou em qualquer outro lugar, o fato é que
com o tempo, com as pessoas estudando mais sobre a tecnologia, com a adoção por
grandes empresas e os governos olhando uma forma de regulamentar ou até mesmo
taxar o mercado, fez com que essa zona cinzenta diminuísse. “Aqui no Brasil as pessoas
entram para esse mercado com uma velocidade um pouco maior do que em outros
países que possuem algum tipo de restrição”.
Além disso, Ricardo analisa que os jovens hoje são
mais interessados em investir e por conta da tecnologia as criptomoedas é o investimento
preferido. “O jovem por si só já tem uma adoção da inovação muito mais rápido,
eles possuem muito mais informações se tornando especialistas naquele assunto
em menos tempo. Por isso as criptomoedas são as preferidas dessa geração”.
Para o especialista, as criptomoedas são uma quebra
de paradigma em relação tanto à tecnologia quanto ao sistema financeiro.
“Quanto tempo levou para as pessoas mais velhas acreditarem que era possível
usar um cartão de crédito nos e-commerce? Existe uma desconfiança maior por
parte dessas pessoas em relação as criptomoedas”. Ricardo acredita que há um
movimento que vem acontecendo, um pouco mais complexo pois envolve dinheiro,
surge as coisas mudam. “O Pix é um exemplo que no começo gerou desconfiança,
mas agora que as pessoas veem sua real funcionalidade, ele passou a ser
reconhecido e usado por todos”.
Jean Carbonera, CEO do Agrovantagens, programa de fidelidade
responsável pelo lançamento da primeira moeda digital do segmento, o AgroBônus
Para o executivo, os brasileiros aos poucos aderem
o investimento em criptomoedas, inclusive de forma institucionalizada, por
seguirem a tendência internacional. Em suma, quem se arrisca no segmento são as
pessoas bem informadas, que vêem na tecnologia blockchain uma revolução com
infinitas possibilidades de aplicação.
“As altas recentes nas cotações das principais
criptomoedas são reflexo disso e, mesmo que o Brasil ainda não tenha se dado
conta, muitos brasileiros estão alcançando lugar de destaque nesse mercado”,
explica Jean Carbonera.
Em relação ao perfil desses investidores, são os
jovens que se identificam mais com os fatores por serem tecnológicos,
disruptivos e de alto risco.
“A criptoeconomia se apresenta como a conquista da
liberdade nas finanças, inúmeras possibilidades abertas sem depender de
governos, bancos e imensas estruturas burocráticas, o que representa mais
velocidade, numa geração que já se acostumou a que tudo aconteça muito rápido.
Os jovens não querem perder tempo”, declara o executivo.
Para que as criptomoedas sejam mais aceitas pelas
gerações maduras, falta o entendimento melhor da tecnologia por trás da
especulação. Jean acredita que quando essas pessoas reconhecerem que uma das
principais contribuições da tecnologia blockchain para o sistema de finanças é
a segurança, grande parte do preconceito difundido por quem não tem
conhecimento mais aprofundado será obsoleto.
“As criptomoedas, com um sistema de registro de
transações rastreável e indelével, trazem segurança, velocidade e liberdade
para o sistema financeiro. Especificamente sobre investimentos em cripto, a
volatilidade é consequência dos mesmos fatores que trazem volatilidade às ações
nas bolsas de valores, às commodities e a outros ativos financeiros”, esclarece
Carbonera.
No âmbito do agronegócio, que é o ramo de atuação
de Jean, o segmento já exerce papel de destaque quando a discussão envolve
finanças e tecnologia. Há muito volume de transações e ampla participação no
mercado financeiro, bem como aplicação da alta tecnologia que o agro 4.0 leva
às áreas rurais, em maquinários e equipamentos, pesquisa e desenvolvimento de
insumos, entre outras inovações que promovem o aumento da produção a cada
safra.
“Aliar finanças e tecnologia é o caminho natural. É
disso que tratam as criptomoedas e, se algum setor econômico tem potencial para
ser forte nas finanças digitais, é o agro, responsável diretamente por um
quarto do PIB nacional devido à sua ótima adaptação às novas tecnologias. Agro
é tec”, finaliza o CEO.
Bernardo Schucman, vice-presidente
sênior de operações de Data Center na CleanSpark
Para o especialista, o Brasil tem por tradição ser
muito lento ao implementar legislação específica para novos setores da
economia, ao contrário de países como EUA que veem uma grande oportunidade em
abrir as portas de sua economia para novas e promissoras indústrias como a
criptoeconomia. “Mesmo com essa morosidade o setor cresce em passadas largas
devido ao sentimento dos investidores e do mercado que a oportunidade de investimento
em criptomoedas é tão grande que vale a aventura sobre águas cinzas”.
Bernardo analisa que existe uma nova geração que
está acostumada ao digital e instantâneo, para ele essa geração trocou as
moedas e cédulas de dinheiro tradicional por meios de pagamento digital. “Os
jovens têm cada vez mais implementado em seus portfólios ativos protegidos da
inflacao”.
O especialista analisa que os bancos tradicionais
nos EUA já estão oferecendo investimentos puros em criptomoedas para clientes
de alto patrimônio e isso vai se estender brevemente, atingindo uma grande
porção dos correntistas de bancos tradicionais facilitando seus investimentos
em criptomoedas.
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