A pandemia afetou profundamente as políticas de atenção oncológica. No início, o medo tomou conta. Exames, tratamentos e consultas pré-agendadas foram suspensos ou cancelados, tanto a pedido do paciente, como por medida de segurança adotada pelas instituições de saúde. Houve muito represamento. Aos poucos, o medo foi dando lugar à ansiedade e à angústia de não saber o tempo que levaria para o fluxo de atendimento voltar ao normal.
A cada ano no Brasil, cerca de 700 mil pessoas
recebem o diagnóstico de câncer e 225 mil morrem. Em situações normais, o país
já possui uma das mais altas taxas de diagnósticos tardios de câncer no mundo:
56% do total, podendo chegar a 80% no caso de câncer de pulmão.
Entre abril e maio de 2020, há registros de queda
de até 75% no número de mamografias e mais de 50% em biópsias e cirurgias. Isso
é um alerta de que não é mais possível esperar para colocar as ações de
prevenção e controle do câncer no topo da agenda política, ainda que em
paralelo às medidas de combate à pandemia, sob pena de colapso da atenção
oncológica.
Uma epidemia de casos avançados de câncer já vem
sendo anunciada pelas sociedades e pelos estudos científicos paralelamente às
consecutivas ondas da Covid-19.
Apesar de tudo isso, e considerando a existência de
vasta literatura mostrando que o prognóstico de uma infecção por Covid-19 não
parece ser significativamente pior em todos os pacientes em tratamento de
câncer, mas sim naqueles em tratamento de alguns tipos como câncer de pulmão e
neoplasias hematológicas, além de estar relacionado aos fatores de risco
tradicionais como idade, obesidade e doença pulmonar preexistentes, podemos
dizer que, sim, já sabemos o que fazer. Por segurança, pacientes oncológicos,
especialmente aqueles em tratamento quimio ou imunoterápico, além de
imunossuprimidos severos, devem ser vacinados.
Nesse sentido, esta iniciativa busca entender todos
os aspectos envoltos ao nosso atual cenário para priorizar o controle e o cuidado
do câncer, apesar da Covid-19.
Nossa intenção é discutir e incentivar de forma
transparente, colaborativa e sistematizada as melhores medidas institucionais e
regulatórias a serem implantadas para garantir a realização segura e eficiente
dos atendimentos relacionados à prevenção, ao diagnóstico e ao tratamento
do câncer.
Além disso, estamos acompanhando os desdobramentos
da Portaria n° 3.712/20, que institui, em caráter excepcional, incentivo
financeiro federal de custeio para o fortalecimento do acesso às ações
integradas para rastreamento, detecção precoce e controle do câncer no Sistema
Único de Saúde (SUS).
O Oncoguia conclama aos órgãos sanitários para que
se estabeleça imediatamente um Plano para Minimização dos Efeitos da Pandemia
na Atenção Oncológica. Apresentaremos, também, paralelamente, nossas sugestões
para enfrentar os principais problemas identificados na rede de atenção à
saúde. Durante todo o período de pandemia, iremos articular com Conass
(Conselho Nacional de Secretarias de Saúde) e Conasems (Conselho Nacional de
Secretarias Municipais de Saúde) a busca de um retrato fiel da situação nas
diferentes localidades do país, para que as estratégias a serem propostas
possam de fato ser efetivas.
Conheça os problemas detectados e as soluções
sugeridas pelo Instituto Oncoguia:
Posicionamento 2 (atualizado) publicado em
31/05/2021 - download
Posicionamento 1 publicado em 27/11/2020 - download
Acompanhe abaixo todos os passos desta iniciativa.
- Em
meio à pandemia, estados recebem incentivo financeiro para a oncologia
- Oncoguia
e Conasems discutem efeito da pandemia na oncologia
- Oncoguia
poderá participar de audiências públicas sobre a pandemia
- Vacinação
contra a Covid-19 de pacientes oncológicos Posicionamento Oncoguia
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