Em primeiro lugar, quando analisamos
as mulheres no mercado de trabalho, é necessário estudar a
origem do movimento feminista.
Mulheres de classe média e alta
foram responsáveis por moldar o pensamento feminista na origem do movimento; por
isso, o plano majoritário da campanha era a
ascensão das mulheres ao mercado de trabalho como
forma de libertação.
No entanto,
essas mulheres representavam apenas uma pequena parte
das mulheres oprimidas. Além disso, estavam tão imersas em suas
próprias experiências que ignoraram que a maioria das mulheres já
ocupava o mercado de trabalho.
Essas mulheres que já
ocupavam o mercado de trabalho não sentiam
que o trabalho as libertava, mas colaboravam com mais
opressão e exploração, pois viviam péssimas condições
de trabalho e pouca remuneração.
No caso da mulher branca de classe
média, prisioneira do espaço doméstico, a ideia era aceitar
todas as condições de trabalho acomodadas a baixos salários para
melhorar a renda familiar e romper com o isolamento pessoal.
Essa ideia perpetuada pelo movimento
feminista branco de
que o trabalho liberta as mulheres e que
a libertação das mulheres vem de sua inserção no
mercado de trabalho é uma premissa que alienou
muitas mulheres negras, pobres e proletárias do próprio
movimento feminista.
Mulheres e homens negros foram os
primeiros a mostrar medo da inserção das mulheres brancas no
mercado porque isso significava menos espaço geral para os negros em um
mundo que valoriza a supremacia branca.
A grande questão que as feministas
negras e feminista interseccional trazem à mesa é como a
ascensão das mulheres do mercado veio a ser entendida -
reduziu a agenda do movimento feminista aos interesses
das mulheres brancas que limitam sua liberdade de entrar e ocupar
espaços no mercado.
Mas esta não deve ser a única
agenda do movimento feminista; o movimento feminista deve
buscar a libertação olhando para a pobreza, o racismo, a
violência institucional e um sistema econômico que explora grupos minoritários.
Mayra Cardozo - advogada especialista em Direitos
Humanos pela Universidade Pablo de Olavide (UPO) – Sevilha. A professora de
Direitos Humanos da pós-graduação do Uniceub - DF, é palestrista,
mentora de Feminismo e Inclusão e Coach de Empoderamento Feminino. Membro
permanente do Conselho Nacional de Direitos Humanos da OAB
e do Comitê Nacional de Combate à Tortura do Ministério da
Mulher e dos Direitos Humanos.
Nenhum comentário:
Postar um comentário