Para o
especialista em consumo Alexandre Mutran, os jovens buscam propósito tanto para
empreender como para adquirir serviços e produtos
Os jovens nascidos no Brasil entre 1995
e 2010, a chamada Geração Z, preferem investir em experiências –
preferencialmente aquelas que não agridem o meio ambiente – como cursos de
aperfeiçoamento profissional e viagens – em vez de colocar o dinheiro em
patrimônio físico, como carro e casa, a exemplo de que fizeram seus pais e
avós. O consumo em grandes cadeias de lojas e shoppings parece perder
força com este público também. “Eles querem apoiar pequenos produtores,
comércios de bairro, artesãos, pois percebem que o investimento no entorno traz
retorno social, mais igualdade de renda e de oportunidades”, avalia o professor
da Escola Superior de Propaganda e Marketing (ESPM) e diretor de marketing da
Aon, Alexandre Mutran.
Especialista em consumo, ele pontua
também a adesão cada vez maior dos jovens pela economia compartilhada, que vai
desde o uso de aplicativos de transporte, aluguel de bicicletas e uso do
Airbnb. “Essa geração percebeu que, ao dividir custos, sobram recursos
para investir na carreira, conhecer novos lugares, sem ter o ônus da
propriedade, como o pagamento de impostos como IPTU ou IPVA”.
Para Mutran, o novo comportamento tem
relação direta com as informações sobre o aquecimento global e suas
consequências. “O último relatório do Painel Intergovernamental sobre Mudanças
Climáticas, da Organização das Nações Unidas (ONU), divulgado no início de
agosto, constatou que, até o fim do Século 21 poderá ocorrer um
aquecimento global acima de 1,5 ° C e 2 ° C, a menos que haja reduções
profundas nas emissões de CO2 e outros gases de efeito estufa nas
próximas décadas. E a geração Z é bem consciente de que o consumo sustentável
pode ajudar na mitigação desses danos”.
Segundo reportagem
recentemente publicada pelo jornal Folha de S. Paulo, o novo perfil de
gastos e construção de patrimônio da geração Z se apresenta com uma
mudança “radical” quando comparamos com outras gerações. Na
publicação, o jornal avalia que o foco do consumo é direcionado para “novas
experiências, estudos e lazer em um orçamento enxuto”.
A compra via
internet é outra marca da geração Z, mostra a reportagem do jornal paulistano.
Estudo recente da CNDL (Confederação Nacional
dos Dirigentes Lojistas) e pelo SPC Brasil aponta que nove em cada
dez pessoas realizaram uma compra online nos últimos 12 meses. O levantamento
foi realizado com 958 pessoas maiores de idade e de todas as classes
econômicas. Dentre os entrevistados, 55% afirmaram que pediram comida por
aplicativo de delivery, 45% compraram artigos de
vestuário, 37% adquiriram com celulares e 36% gastaram com streaming de
filmes e séries, conforme destacou a publicação. “Essa é uma geração que já
nasceu da era da internet e associa consumo a compras online”, observa Mutran.
Alexandre
Mutran - Head de Marketing e Comunicação da Aon para o Brasil e Professor de
pós-graduação na ESPM. Mestre em Comunicação pela Universidade Anhembi Morumbi,
foi gerente de Comunicação Regional da Globo e liderou o atendimento das
agências Tudo, África, Dentsu, MPM e Eugenio. Mutran está à disposição da
imprensa para detalhar o perfil de consumo da Geração Z e sua relação com a sustentabilidade.
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