Pesquisa
inédita mostra que 47% dos bebês deste segmento socioeconômico não são
amamentados no peito; na população com mais poder aquisitivo o índice é de 18%
A amamentação é
vital para o desenvolvimento saudável das crianças. Um estudo recente, feito
com o objetivo de entender o comportamento de pais e cuidadores de crianças
pequenas durante a pandemia, observou que a classe D está amamentando menos em
relação a outros segmentos socioeconômicos.
Idealizado pela
Fundação Maria Cecilia Souto Vidigal, com a consultoria da Kantar IBOPE Media,
a pesquisa " Primeiríssima infância Comportamentos de
pais e cuidadores de crianças de 0 a 3 anos em tempos de Covid-19 - interações
na pandemia " contou com
a participação de 1036 cuidadores - pais, mães, avôs, avós, tios, tias ou
outros parentes - de todo o Brasil. Destes, 656 responsáveis por crianças de 0
a 6 meses responderam sobre amamentação.
Segundo os dados, 47%
das crianças de 0 a 6 meses da classe D não estão sendo amamentadas no peito.
Essa porcentagem é maior que a média nas outras classes, em que o índice varia
de 18% (AB1) a 28% (B2+C Interior).
A hipótese para que
isso aconteça está no fato de que, durante a pandemia, o acesso às Unidades
Básicas de Saúde e o Banco de Leite Materno podem ter diminuído e as famílias,
principalmente de classes sociais mais baixas, não receberam o apoio necessário
para a amamentação.
Outro dado que também
pode explicar o número inferior de aleitamento materno na classe D é o da
licença maternidade. Na mesma pesquisa, considerando os dados da amostra total,
foi perguntado se, nos 4 meses após o nascimento, a mãe teve oportunidade de
ficar com a criança sem ter que trabalhar para se dedicar a ela.
Na ocasião, 34% dos
cuidadores da classe D responderam que sim, em oposição a 49% da classe AB1. A
justificativa é que mais mães da classe D exercem trabalhos informais e não têm
acesso a esse direito.
Mariana Luz, CEO da
Fundação Maria Cecilia Souto Vidigal, alerta sobre o alto número de crianças
que não estão sendo amamentadas e a importância deste momento para o
desenvolvimento. "O ato de amamentar promove diversos efeitos positivos
sobre a mãe e o bebê: estreita o laço entre eles e confere segurança emocional.
Um vínculo seguro com a mãe, estabelecido desde os primeiros momentos da vida e
por toda a primeira infância, é crucial para que, no futuro, as crianças
aprendam a estabelecer relações saudáveis e seguras com outras pessoas",
explica a executiva, "assim, é imprescindível que se façam campanhas sobre
importância e a valorização do aleitamento materno", completa.
O estudo também
procurou saber o índice de amamentação feita exclusivamente com leite materno.
De acordo com os dados, 47% dos cuidadores da classe AB1amamentaram os bebês
apenas com leite materno até os seis meses de idade. Já no segmento D, o índice
é de apenas 28%. A média de todas as classes é de 42%.
Para a amamentação
combinada, ou seja, leite materno combinado com algum complemento, como leite
em pó ou outras fórmulas, o índice é de 35% na classe AB1 e 26% na classe D.
O aleitamento materno
é fundamental para a saúde e desenvolvimento das crianças ao longo de toda a
vida e reduz os custos para os sistemas de saúde, famílias e governos. De
acordo com a OMS, estima-se que o ato de amamentar é capaz de reduzir em 13% a
mortalidade infantil, além de prevenir infecções respiratórias, hipertensão,
colesterol alto, diabetes e obesidade.
Fora isso, um
levantamento da OPAS (Organização Pan Americana da Saúde) mostra que o
aleitamento materno nos primeiros anos de vida salvaria mais de 820 mil
crianças menores de cinco anos em todo o mundo.
Fundação Maria Cecilia
Souto Vidigal
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