Em 2020, a música ganhou ainda mais público nos serviços de streaming. Foi o ano das lives e do crescimento da música gravada. Como será 2021?
O presidente da Associação
Brasileira de Música Independente, Carlos Mills, faz um balanço do ano e
avalia os desafios do setor neste período de pandemia. Suas declarações levam
em conta os dados divulgados na pesquisa que mapeou o mercado da música
independente no Brasil (leia
mais aqui). E nas avaliações que experts apresentaram durante o Rio Music
Market, realizado pela ABMI em dezembro.
Confira aqui os destaques:
2020 para a Música
Independente
“Podemos elencar impactos
negativos e positivos em relação ao setor musical como um todo:
- NEGATIVOS: Forte impacto
negativo para a música ao vivo. Músicos e técnicos de espetáculos sem renda
para subsistência. Receitas de execução pública caem.
- POSITIVOS: Crescimento dos serviços
interativos de streaming, em faturamento e em quantidade de usuários. Aumento
da produção de conteúdo gravado pelos artistas e gravadoras: estimamos em mais
de 30% o aumento da produção neste período. Novas composições e parcerias
inéditas entre artistas.”
Equipamentos mais baratos +
pandemia = aumento da produção
“No cenário da música
gravada, o mercado já vinha trabalhando em “home office” muito antes da
pandemia. O barateamento dos custos dos equipamentos propiciou aos músicos
gravar colaborativamente, cada um de sua casa. A pandemia apenas acelerou e
consolidou este movimento que já vinha ocorrendo naturalmente.”
Streaming ainda tem muito a
crescer no Brasil
“Segundo as estimativas da
ABMI, ainda estamos longe do ponto de saturação do mercado de streaming no
Brasil, em termos de quantidade de assinaturas. Mas a pandemia mostrou a
consistência deste modelo de negócios, sem dúvida alguma.”
Pesquisa da ABMI traz
surpresas
“Em relação à pesquisa que
realizamos com o mapeamento do mercado da música independente, tivemos algumas
surpresas. O otimismo dos produtores independentes com o futuro do negócio, que
atingiu um percentual de 89%, sem dúvida surpreendeu. Outra surpresa, esta não
tão positiva, foi a constatação de que a diversidade de gênero dentro das
gravadoras independentes brasileiras, mesmo entre homens e mulheres cis, ainda
está longe da ideal, em especial nos cargos estratégicos e de gestão.”
No Rio Music Market,
evento realizado pela ABMI, Patrick Ross, SVP da Music Ally, apontou a
indústria do game como um terreno onde a música pode crescer muito
“Concordo plenamente, já
existem muitas iniciativas em andamento. Concertos virtuais, em realidade
aumentada, interativos, devem crescer muito. Já temos shows ‘ao vivo’ sendo
transmitidos dentro dos games e que alcançam um público enorme. A tendência é
esta área ter um grande desenvolvimento num futuro próximo.”
O impacto da Covid-19
em 2021
“Creio que será semelhante ao deste ano, com os
espetáculos ao vivo tendo dificuldades e o setor da música gravada seguindo em
crescimento sustentável.”
Lives e shows pela internet
ainda farão sucesso
“A tecnologia evolui muito
rápido e poderá oferecer opções cada vez mais interessantes para quem assiste.
Ao mesmo tempo os times dos artistas estão aprendendo a lidar com essa nova
realidade. Acredito que num futuro próximo teremos eventos mais profissionais e
menos eventos gratuitos, pois afinal de contas existem equipes que precisam
sobreviver de seu trabalho.”
Tendências do mercado
da música nos próximos cinco anos
“Virtualização de eventos;
realidade aumentada; o streaming interativo de música vai atingir, na maioria
dos mercados, o ‘platô’ de crescimento; maior integração entre música e games.”
Nenhum comentário:
Postar um comentário