O setting terapêutico passa a
ser virtual, mas o sigilo e a seriedade no atendimento permanecem os mesmos do
ambiente tradicional
O mundo moderno, mesmo antes da pandemia do coronavírus, já havia
adotado o atendimento online para alguns tipos de serviços. Os bancos são um
excelente exemplo de que o autoatendimento, por aplicativo, é fácil, prático e
ainda evita as imensas filas nos caixas das agências.
Mas quando se trata de saúde, uma consulta médica ou
psicoterapêutica online ainda causa certa resistência por parte do público. A
prática, no caso da psicoterapia, já estava liberada no Brasil antes mesmo da
pandemia do coronavírus. A resolução CFP (Conselho Federal de Psicologia) nº
011/2018 tornou possível a orientação psicológica a distância e em tempo real.
No entanto, as pessoas ainda têm a necessidade do contato humano
com esses profissionais para se sentirem mais seguras. Contudo, em tempos de
coronavírus, o distanciamento social é o que garante a segurança. E, por isso,
a teleconsulta tornou-se uma realidade comum para muitos pacientes, bem como
àqueles que fazem tratamento terapêutico com psicólogos, tendo os mesmos
benefícios aos pacientes.
O Conselho Federal de Psicologia liberou para todos os
profissionais da classe o atendimento online que, até então, para ser realizado,
era necessário o cadastramento no e-Psi. Somente depois o profissional poderia
dar início ao trabalho remoto. “Essa foi uma excelente decisão do nosso
Conselho! Agora, mais do que nunca, em meio a uma atmosfera de insegurança,
incerteza, medo, ansiedade, insegurança, os pacientes precisam muito de suas
sessões. O atendimento online mantêm a seriedade e o sigilo profissional do
setting tradicional e os resultados e a eficiência do tratamento permanecem os
mesmos”, garante a
psicoterapeuta especializada no tratamento de
depressão, ansiedade e síndrome do pânico, Ana Beatriz Cintra.
Ainda segundo a psicóloga, a maior queixa entre os seus pacientes
está em lidar com a ansiedade do isolamento social. “Todos eles estão
conscientes que as regras das autoridades médicas e sanitárias são preventivas
e de proteção para a manutenção da saúde pública. No entanto, a ansiedade
causada pelas medidas pode levar ao pânico. Ainda há a nova rotina, a
convivência diária com o companheiro(a) e os filhos, que também estão afastados
de suas atividades. Tudo isso precisa de muito equilíbrio emocional para ser
administrado”, explica Ana Beatriz Cintra.
Para ter maior respaldo emocional nesse momento tão desafiador, a
profissional aconselha a todos os pacientes a darem continuidade aos seus
tratamentos. E, ainda, dá orientações para lidar melhor com as situações quando
elas parecerem extremamente difíceis.
Aceite – aceitação não é estagnação ou conformismo.
Não é ausência de movimento. Aceitar é o que favorece o movimento. E está
relacionado com uma decisão interna. Sem a aceitação não é possível dar o
próximo passo. Não conseguimos a mudança necessária. O pensamento deve ser: o
que posso fazer para mudar isso, melhorar o ambiente físico e mental,
individual ou coletivo? É não negar! Não ir contra! Aceitar é buscar ações para
mudança. Respondida a questão, vislumbre outras possibilidades, saia da
estagnação, trace caminhos. Vá para a ação!
Tranquilizar-se - tudo passa; sempre passa! Essa certeza
diminui a ansiedade. Mais cedo ou mais tarde o mal acaba. A vida ocorre em
ciclos que se alternam entre os polos positivos e negativos (dia/noite –
calor/frio – bem/mal – alegria/tristeza, conquistas/perdas etc.). A
periodicidade e o ritmo podem variar, mas essa dança entre os polos é eterna e
infindável! É a vida acontecendo!
Viva o agora - Não faça previsões sem evidências.
Informe-se em fontes confiáveis. Esteja presente no aqui e agora. O amanhã
nunca será se no agora não se “trabalhar” o seu interior. Principalmente na
atual circunstância, a pandemia do COVID-19. Hoje posso, consigo e quero fazer
isso! Domine a sua mente para produzir, realizar e executar o que é necessário.
Amanhã é outro dia. Amanhã penso, analiso e escolho novamente.
Limite o consumo de notícias – Ler, assistir e
ouvir o dia todo notícias sobre o aumento de casos, números de vítimas fatais,
as consequências negativas, as restrições e as perdas só trarão angustia, medo
e pânico. O aumento da tensão causa ansiedade. Ela pode, pelo estresse,
levar à depressão e ao desespero. Perceber-se e se reconhecer ansioso ou
paranoico ajuda no controle. Saber como se cuidar e prevenir a contaminação
pode ser o suficiente.
“Ao
final dessa pandemia todos nós seremos pessoas diferentes. E, apesar do
isolamento social imposto, já é possível ver também um estreitamento nos laços,
mesmo que sejam virtuais. Uma mente aberta a novas ideias nunca será mais a
mesma. A nova realidade e praticidade estão aí para serem usadas. Vejo que
estou sendo muito procurada para os atendimentos online, os quais vêm ajudando
muito os pacientes, tranquilizando-os e trazendo esperança e equilíbrio. As
pessoas estão com mais tempo para a convivência, que pode ser difícil sim,
afinal estamos presos em casa contra a nossa vontade, mas é momento para sentar
e olhar seus irmãos, filhos, cônjuges e pais antes esquecidos. É momento também
para o autoconhecimento, para a meditação e também para a oração. Momento para
se conectar com algo maior”, finaliza Ana Beatriz Cintra.
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