Não há quantidade absolutamente
segura, muito menos indicação de frequência, tipo ou tempo de consumo de álcool
durante a gravidez
Um novo relatório
clínico da Academia Americana de Pediatria (AAP) identifica a exposição
pré-natal ao álcool como a principal causa evitável de defeitos do nascimento,
de deficiência intelectual e de desenvolvimento neurológico em crianças. O
relatório, Transtornos
do Espectro Alcoólico Fetal, publicado em novembro de 2015, destaca que
nenhuma quantidade de álcool é considerada segura para ingestão durante
qualquer trimestre da gravidez.
“Perturbações
do Espectro do Alcoolismo Fetal (FASDs) é um termo abrangente para uma gama de
efeitos que podem ocorrer em alguém cuja mãe bebeu álcool durante a gravidez.
Problemas neurocognitivos e comportamentais da exposição pré-natal ao álcool se
manifestam durante toda a vida, mas o reconhecimento precoce, o diagnóstico e a
terapia para qualquer uma das condições que compõem as FASDs podem melhorar a
saúde da criança”, afirma o pediatra e homeopata Moises Chencinski
(CRM-SP 36.349).
Mas, segundo os autores do relatório, infelizmente,
a falta de critérios diagnósticos uniformemente aceitos para os distúrbios
relacionados com a exposição ao álcool durante a vida fetal tem limitado
iniciativas que poderiam diminuir o impacto das FASDs.
“A exposição ao
álcool no pré-natal é causa frequente de defeitos estruturais ou funcionais no
cérebro, no coração, nos ossos e na coluna, além de afetar também os rins, a
visão e a audição. Está associada a uma maior incidência de déficit de atenção
/ hiperatividade e de deficiência de aprendizagem específica, tais como
dificuldades em matemática e em linguagem, em funcionamento visual-espacial, no
controle dos impulsos, no processamento de informações, nas habilidades de
memória, de resolução de problemas, de raciocínio abstrato e de compreensão
auditiva”, explica o médico, que é membro do Departamento de Pediatria
Ambulatorial e Cuidados Primários da Sociedade de Pediatria de São Paulo.
Cerca de metade de todas as mulheres em idade
fértil, segundo o relatório
americano, relatou o consumo de álcool no mês passado, e quase 8%
das mulheres disseram que continuaram a consumir álcool durante a gravidez. Um
estudo recente descobriu um aumento do risco de retardo de crescimento
infantil, mesmo quando o consumo da grávida foi limitado a uma dose de bebida
alcoólica por dia.
Ingerir álcool no primeiro trimestre da
gestação, comparado a não beber, resulta em 12 vezes mais chances de dar à luz
a uma criança com FASDs. Beber no primeiro e no segundo trimestre aumenta as
chances de FASDs em 61 vezes. As mulheres que bebem álcool durante todos os
trimestres da gestação aumentam a probabilidade de FASDs em 65 vezes.
“A pesquisa sugere que a escolha mais
inteligente para as mulheres que estão grávidas é abster-se de álcool
completamente. O pediatra e o ginecologista/obstetra, bem como os demais
profissionais de saúde, podem desempenhar papéis importantes no sucesso da
prevenção das FASDs, nas modalidades de intervenção e tratamento, mas também no
progresso da investigação necessária para descobrir meios adicionais para
enfrentar as consequências ao longo da vida das crianças”, diz o pediatra.
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