Microcefalia é uma doença em que as crianças nascem com a
cabeça e o cérebro menores que o normal, influenciando no seu desenvolvimento
mental. Aqui no Brasil estamos observando um aumento considerável da doença, em
especial, nos estados do Nordeste, e muitos profissionais da saúde têm
relacionado esse surto de microcefalia com o Zika vírus, transmitido pelo
mosquito Aedes Aegypti, o mesmo transmissor da dengue.
As causas do aumento da doença no Brasil estão caindo sobre o
mosquito, enquanto outras, mais prováveis, não estão nem sendo mencionadas,
pois contrariam os interesses de grandes empresas. Óbvio que a guerra contra o
mosquito é importante e já deveria ter sido feita desde muitos anos atrás, mas
o ponto central é: será que o mosquito é o causador das microcefalias?
O geneticista e ambientalista canadense David Suzuki tem
alertado que alimentos geneticamente modificados e os agrotóxicos podem
aumentar consideravelmente os casos de tumores cancerígenos, Mal de Parkinson,
Alzheimer e microcefalias. Dentre esses produtos, o uso sem controle do
herbicida 2,4-D (ácido diclorofenoxiacético) e do glifosato (Roundup da
Monsanto), podem estar ligados ao surto de microcefalias no Nordeste.
Esse agrotóxico é um dos mais utilizados no Brasil, sendo
aplicado nas culturas de arroz, café, cana-de-açúcar, milho, pastagem, soja,
sorgo, trigo e outras. Esses produtos são altamente tóxicos e seu uso proibido
em países como Dinamarca, Suécia, Noruega e outros.
Importante observar que a presença dos venenos diz respeito
igualmente ao campo e à cidade, pois o agrotóxico tem a propriedade de
permanecer por muito tempo no ambiente e ser carregado por longas distâncias,
pelo vento e pela água. Na verdade, temos uma situação de descontrole pela
falta de fiscalização, corrupção, falta de conhecimento e as grandes
multinacionais que fabricam esses venenos dominam a mídia e as decisões sobre
sua utilização.
Também a ANAC é omissa no tema da pulverização aérea,
permitindo que aeronaves particulares pulverizem as plantações sem observar
margens de segurança em relação a recursos hídricos e áreas habitadas. Para
completar esse quadro temos um enorme contrabando de agrotóxicos proibidos. O
médico geneticista e pesquisador argentino, Andrés Carrasco, publicou uma
pesquisa científica, em 2009, mostrando sérios efeitos do glifosato na
ocorrência do nascimento de bebês com microcefalia e outras deformações.
Infelizmente, esses estudos nunca tiveram o impacto que
deveriam e o ser humano continua destruindo de forma acelerada o meio ambiente,
sua saúde e as gerações futuras.
Célio Pezza - colunista, escritor e
autor de diversos livros, entre eles: As Sete Portas, Ariane, A Palavra Perdida
e o seu mais recente A Tumba do Apóstolo. Saiba mais em www.facebook.com/celio.pezza
Nenhum comentário:
Postar um comentário