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sexta-feira, 19 de maio de 2023

Medicamento genérico: funciona mesmo

Medicamentos genéricos aumentam competitividade do mercado farmacêutico
 e ampliam acesso da população ao tratamento de diversas doenças
Créditos: Envato


Como o investimento em tecnologia de ponta e pesquisa tem garantido qualidade na fabricação de genéricos e mais acesso da população a tratamentos


Mais barato do que os produtos de referência, o medicamento genérico está presente há 24 anos no Brasil e tem ampliado o acesso a tratamentos de saúde para a população, principalmente aquelas de baixa renda. Criado pela Lei 9.787/1999, que permitiu o registro e comercialização, por qualquer laboratório farmacêutico, de medicamentos com patentes expiradas. 

“O genérico aumentou a competitividade do mercado farmacêutico, resultando em melhores ofertas para os consumidores e facilitando o acesso e a adesão da população ao tratamento de diversas doenças”, explica o farmacêutico e gerente de inovação e pesquisa clínica da Prati-Donaduzzi, Liberato Brum Junior. “O valor do medicamento genérico é no mínimo 35% menor em comparação com o medicamento de referência, o que garante a continuidade do tratamento de saúde e, consequentemente, melhora a qualidade de vida, aliviando sintomas e curando doenças”, complementa Liberato, que faz parte de uma das principais indústrias de medicamentos genéricos do país. Atualmente, a Prati-Donaduzzi é a maior produtora de medicamentos genéricos em doses terapêuticas e está presente em cerca de 60 mil farmácias e mais de 36 mil unidades básicas de saúde distribuídas por diversos estados brasileiros. 

No entanto, mesmo assim, muitas pessoas ainda resistem ao genérico e optam por pagar mais caro pelo produto de referência. Liberato explica que, de forma geral, o medicamento de referência é aquele que traz inovação e é o primeiro a ser comercializado no país, após a certificação na Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa). Isso requer um trabalho de pesquisa que garante a segurança e a qualidade, e comprovação científica junto ao órgão regulador por meio de ensaios clínicos. Em seguida, vem o genérico, que contém os mesmos princípios ativos, mesma dose e forma farmacêutica, mesma posologia e mesma indicação terapêutica. Dessa forma, ele oferece eficácia e segurança equivalentes ao medicamento de referência, comprovados por meio de ensaios de equivalência e bioequivalência farmacêutica.

A médica de Família e Comunidade e professora da Universidade Positivo, Nathalie de Paula Damião, reforça que o medicamento genérico possui a mesma eficácia que o de referência, comprovada por laboratórios e com todas as certificações necessárias para garantir a segurança do tratamento. “Quando pensamos em um paciente que toma vários medicamentos de uso contínuo e, muitas vezes, precisa de mais algum para fases agudas da doença, a diferença no custo final é muito grande. Se ampliarmos isso para municípios e estados que precisam fornecer medicamentos para o SUS, a importância do genérico é ainda maior”, destaca a médica.


Mesma eficácia

O medicamento genérico possui a mesma qualidade, segurança e eficácia do medicamento de referência. Sua intercambialidade é assegurada por testes de equivalência, que incluem comparações in vitro e estudos de bioequivalência em humanos e apresentados para avaliação final da Anvisa.

“As grandes indústrias farmacêuticas utilizam tecnologia de ponta e realizam avaliações rigorosas para cumprir todos os procedimentos de boas práticas de fabricação e controle de qualidade lote a lote, empregando e validando metodologias e processos de acordo com padrões internacionais de qualidade e referência. Isso garante que a classe médica e os pacientes tenham acesso a medicamentos genéricos que atendam a todos os padrões de qualidade, segurança e eficácia”, ressalta Liberato.


Prati-Donaduzzi


Doença celíaca atinge cerca de 2 milhões de pessoas no Brasil

Celíacos não podem comer alimentos com glúten
Pexels
Especialista explica que problema, caracterizado pela dificuldade do organismo em absorver nutrientes como o glúten, pode surgir em qualquer fase da vida e que mesmo pessoas assintomáticas podem ser portadoras do distúrbio, que não tem cura, mas possui tratamento


Doença celíaca é uma doença autoimune causada pela intolerância ao glúten, uma proteína encontrada em alimentos como trigo, aveia, cevada, centeio e seus derivados. Essa  inflamação ocorre na parede interna do intestino delgado, promovendo redução da absorção dos nutrientes. Segundo a Federação Nacional das Associações de Celíacos do Brasil (FENACELBRA), a patologia atinge cerca de 2 milhões de pessoas no País, mas a maioria encontra-se sem diagnóstico.

No último 16 de maio foi celebrado o Dia Mundial de Conscientização sobre a Doença Celíaca, a data foi escolhida como uma homenagem ao nascimento de Samuel Gee, médico e pesquisador inglês que foi o primeiro a reconhecer que os sintomas da Doença Celíaca estavam relacionados à dieta. Estima-se que a cada 400 brasileiros, um seja celíaco. De cada oito pessoas que possuem a doença, apenas uma tem o diagnóstico. 

A médica gastroenterologista Karen Thalyne Pereira e Silva Domingos (CRMGO 15081), especialista que atende no Órion Complex, em Goiânia, explica que há um componente genético bem definido da doença celíaca, por isso pode acometer várias pessoas da mesma família. O diagnóstico é através da dosagem no sangue dos anticorpos contra o glúten e a biópsia do intestino. “Se fizermos o diagnóstico em uma pessoa, todos os parentes de primeiro grau devem ser investigados, pois podem apresentar a doença mesmo sem apresentarem os sintomas”, diz a médica.

Ela esclarece que a Doença Celíaca pode aparecer em qualquer fase da vida. Além dos celíacos, algumas pessoas podem ter sintomas desagradáveis ao ingerir glúten, mas não chegam a desencadear a reação autoimune que define a doença. Nesse caso, trata-se de sensibilidade ao glúten não celíaca (SGNC), condição que atinge em média 5% da população no Brasil. 

A médica relata que os sintomas podem variar muito de pessoa para pessoa, mas os mais comuns são dores no estômago, náuseas, diarreia, distensão abdominal, anemia, entre outros. Geralmente, eles aparecem alguns dias ou horas após o consumo de glúten. 

Os sintomas típicos parecem com o de quem comeu algo que não caiu bem, como vômito, diarreia, gases, sensação de inchaço, dores abdominais e azia que acontecem de forma frequente. “Se o indivíduo permanecer  ingerindo glúten, a doença, evolui e pode provocar problemas mais graves, como lesões de pele, anemia, perda óssea, desnutrição, carência de vitaminas e infertilidade”, alerta a médica. A partir da confirmação do diagnóstico, o paciente precisa seguir uma dieta 100% livre de glúten. Isso é relativamente simples, mas não é fácil.

Vários famosos já foram diagnosticados com a doença celíaca como a atriz Isis Valverde e o tenista Novak Djokovic. Isso mostra que a doença pode afetar qualquer pessoa, independente da classe social e estilo de vida. 

 

Saúde Óssea na Infância: a importância do cuidado durante os primeiros anos de vida

A médica endocrinologista pediátrica Dra. Gabriela Werneck fala sobre as oportunidades e vulnerabilidades do cuidado com a saúde óssea durante a infância


É estimado que ao longo da gravidez o feto obtenha entre 50 a 90 gramas de conteúdo mineral ósseo (CMO). Dentre os fatores que interferem no processo de mineralização óssea durante a gestação, destacam-se a nutrição materna, níveis de vitamina D, metabolismo ósseo e a idade gestacional.

 

“Após o nascimento, as crianças apresentam um aumento constante na massa óssea ao longo de toda a infância, chegando a aproximadamente 2.400g de massa óssea em mulheres adultas jovens e 3.300g em homens adultos jovens. Durante a adolescência, ocorre o acúmulo de metade dessa massa óssea. Vários fatores, como exercícios físicos, consumo de cálcio, níveis de vitamina D, hormônio do crescimento e hormônios sexuais influenciam na aquisição de massa óssea e devem ser monitorados durante a infância e adolescência. Portanto, a infância é uma fase de oportunidades, mas também de vulnerabilidades”, explica a endocrinologista pediátrica Dra. Gabriela Werneck, membro da Associação Brasileira de Avaliação Óssea e Osteometabolismo – ABRASSO.

 

De acordo com a profissional, a massa óssea é adquirida de maneira acentuada durante os dois primeiros anos de idade, e aumenta de maneira gradativa, até atingir o pico de massa óssea no início da fase adulta. Entretanto, ao longo da vida, a perda óssea é maior que a formação. Nesse sentido, quanto maior o pico de massa óssea atingido pelo indivíduo e quanto menor a perda óssea ao longo dos anos, menor será o risco de fragilidade óssea na idade adulta.

 

Em relação ao pico de aquisição de massa óssea, a Dra. Gabriela salienta que ele ocorre de maneira quase concomitante com pico de velocidade de crescimento. A puberdade é uma fase importante para aquisição de massa óssea, tendo em vista que entre 50% a 80% da massa óssea das pessoas é adquirida neste período. “É nessa fase que ocorrem a maior parte das fraturas em crianças e adolescentes, devido a uma maior velocidade de crescimento que antecede o pico de massa óssea, o qual acontece mais tardiamente, no início da vida adulta”, alerta.

 

Identificação precoce de riscos ósseos e as estratégias para promover a saúde óssea na vida adulta

 

Segundo a médica, a avaliação da densidade mineral óssea por meio da densitometria óssea é essencial em crianças com risco de osteoporose. Para fazer essa avaliação analisa-se o corpo todo e a coluna lombar. Dentre as indicações para a realização deste exame estão: a ocorrência de duas ou mais fraturas de ossos longos de baixo impacto em crianças menores de 10 anos e três ou mais fraturas em crianças e adolescentes de 10 a 19 anos. Também pode ser realizado em pacientes que possuem condições que aumentam o risco secundário de osteoporose, como distrofias musculares, doenças reumáticas, fibrose cística, entre outras comorbidades.

 

A aquisição de massa óssea durante a juventude está relacionada a fatores ambientais, incluindo a prática de atividades físicas. A modelação óssea é sensível à estimulação mecânica. Nesse sentido, recomenda-se que as crianças pratiquem atividades físicas diariamente, com duração de pelo menos 180 minutos, que podem ser fracionadas ao longo do dia. A partir dos 6 anos, recomenda-se pelo menos 60 minutos diários de atividade física de intensidade moderada a intensa.

 

Hereditariedade - A genética desempenha um papel fundamental, correspondendo entre 60% a 80% do pico de massa óssea. Ao realizar um exame clínico, é essencial buscar um histórico de fragilidades ósseas na família e identificar situações de risco para baixa massa óssea. Além disso, devido à importância da mineralização óssea do feto no terceiro trimestre de gestação, é crucial assegurar que a gestante mantenha níveis adequados de vitamina D e consumo de cálcio.

 

Assegurar cuidados adequados durante a gestação, incluindo a avaliação do histórico familiar, a manutenção dos níveis adequados de vitamina D e a monitorização do metabolismo ósseo, são medidas cruciais para promover uma boa saúde óssea e prevenir complicações futuras.

 

Recomendações clínicas para a ingestão de nutrientes importantes para a saúde óssea na infância

 

O cálcio é um nutriente essencial para o desenvolvimento adequado dos ossos e é obtido principalmente por meio da alimentação, com destaque para produtos lácteos, além de outras fontes vegetais.

 

Segundo artigo publicado pelo “Institute of Medicine”, recomenda-se a ingestão diária de 700mg para crianças de 1 a 3 anos, 1.000mg para crianças de 4 a 8 anos, 1.300mg para crianças e adolescentes de 9 a 13 anos, 1.300mg para adolescentes de 14 a 18 anos.

 

Caso a quantidade adequada de cálcio não seja alcançada por meio da dieta, a suplementação se faz necessária. Nesse sentido, a Sociedade Brasileira de Pediatria e a Endocrine Society recomendam a suplementação de vitamina D com uma dose de 400 UI durante o primeiro ano de vida. Para o restante da infância, caso haja necessidade de suplementar a vitamina D, as necessidades diárias variam entre 600 e 1.000 UI, administradas na forma de colecalciferol ou ergocalciferol, para pessoas de 1 a 18 anos.

 

É importante salientar que valores acima de 20 ng/mL são considerados desejáveis para a população saudável, indicando níveis adequados de vitamina D no organismo.

“Garantir uma ingestão adequada de cálcio e vitamina D desde a infância é fundamental para promover a saúde óssea ao longo da vida. Portanto, é essencial que os pais e profissionais de saúde estejam cientes das recomendações e orientações fornecidas pelas sociedades médicas, a fim de garantir o crescimento saudável e o desenvolvimento ósseo adequado das crianças e adolescentes”, finaliza a médica

 


ABRASSO - Associação Brasileira de Avaliação Óssea e Osteometabolismo,
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Pesquisa mostra que metade da população mundial sofre com dores de cabeça

Divulgação

Com mais de 150 tipos, distúrbio neurológico é um dos mais prevalentes e incapacitantes no mundo. No próximo dia 19 de maio marca campanha nacional de Combate à Cefaleia e especialista dá dicas de prevenção do problema

 

Um estudo de revisão global publicado em abril pelo The Journal of Headache and Pain revela que 52% das pessoas acima de 5 anos no mudo sofrem com cefaleia, um dos distúrbios neurológicos mais prevalentes e incapacitantes. e 14% da população mundial tem a forma crônica da condição, a enxaqueca. Ainda segundo o estudo, outros 26% possuem cefaleia do tipo tensional (dor leve a moderada, como se fosse um "apertão"), e 4,6% sentindo o incômodo durante 15 ou mais dias por mês. No Brasil, segundo a pesquisa da  Sociedade Brasileira de Cefaleia (SBCe), 70% da população do país, em graus diferentes, sofre com esse desconforto de vez em quando. 

Para alertar sobre o problema, o 19 de maio foi instituído como Dia Nacional de Combate à Cefaleia, também conhecida como dor de cabeça. Ao todo, existem mais de 150 tipos de dor de cabeça, que são classificados de acordo com sua origem. O neurologista Iron Dangoni Filho, especialista que atende no centro clínico do Órion Complex, em Goiânia, ressalta as principais. “A enxaqueca é a mais conhecida forma de cefaleia, porém a mais comum nas pessoas é a tensional, que é caracterizada por uma dor de cabeça leve e possui maior frequência. Além disso, há ainda a cefaleia trigêmino autonômica e a cefaleia em salvas, mais comum nos homens”, explica. Os pacientes com o distúrbio, segundo o médico, representam 4,5% dos atendimentos em unidades de urgência no País, sendo o quarto motivo mais frequente de consulta.

O neurologista Iron Dangoni Filho explica que as dores de cabeça podem ser primárias e secundárias, quando são causadas por alguma outra doença, como um tumor ou AVC. “Entre as primárias, os sintomas podem se diferenciar. Por exemplo, a enxaqueca costuma ser moderada a forte, apenas de um lado, com duração de cerca de três dias e com sintomas associados, como a fotofobia (sensibilidade à luz) ou fonofobia (sensibilidade aos sons). Já a cefaleia tensional geralmente é uma dor atrás da cabeça, mais leve e que pode piorar ao longo do dia e durar até sete dias”.


Como se prevenir

O médico destaca que a maioria das pessoas faz apenas o tratamento para tirar a dor, usando analgésicos. Contudo, o especialista conta que é possível realizar a prevenção para que os episódios de cefaleia fiquem bem menos frequentes. “Tratamentos não medicamentosos, como a prática de exercícios físicos regulares, ioga, acupuntura, massagem e boa alimentação trazem excelentes resultados a médio e longo prazo. Um sono de qualidade também é essencial, pois ficar sem dormir longos períodos funciona como um gatilho para crises. Ficar longos períodos do dia sem se alimentar também é problema”, esclarece o neurologista.

O especialista ressalta que a automedicação para as dores de cabeça também é algo perigoso. “Existe a cefaleia por uso excessivo de analgésicos, que acontece quando se muda o tipo de dor em razão do uso dos remédios. Normalmente, ela fica pior e pode torna-se crônica, o que dificulta o tratamento”, afirma o médico. Ele revela que, quando a dor aparece com frequência, deve-se procurar um neurologista para solicitação de exames que irão indicar a causa dessa dor de cabeça. “Quando acontece quatro vezes por mês, já temos ai um sinal de alerta. Se a dor de cabeça aparece menos vezes, mas são fortes, também é preciso ir atrás de ajuda especializada. Quando ela muda o padrão também é sinal de alerta, como por exemplo,quando não responde aos analgésicos que costuma fazer uso ou a intensidade da dor aumenta muito”, detalha.


Célula de defesa tem papel importante na regulação da inflamação causada pela obesidade, aponta estudo

Pesquisadores da Unicamp demonstraram que um tipo de linfócito
 circulante no organismo em pequenas quantidades desempenha,
 no tecido adiposo, funções diferentes das exercidas no baço e no fígado.
 Descoberta amplia a compreensão sobre os mecanismos da obesidade
(
imagem: NIAD/NIH)


Um tipo de célula de defesa que está em todo o corpo, mas em baixas quantidades, pode ser uma chave para compreender como se desenvolvem a obesidade e as lesões no fígado causadas por excesso de medicamentos ou pelo acúmulo de gordura no órgão.

Em estudo divulgado na revista Cell Reports, um grupo liderado por pesquisadores da Universidade Estadual de Campinas (Unicamp) mostrou que um tipo de linfócito T, conhecido pela sigla iNKT, contribui para regular a obesidade e está envolvido nas lesões hepáticas.

“Essa célula está em vários órgãos, mas no tecido adiposo ela parece ter uma função regulatória, que ajuda a controlar a obesidade. Enquanto no baço e no fígado ela está envolvida no controle da inflamação. Agora, conseguimos entender melhor como isso ocorre”, explica Cristhiane Favero Aguiar, primeira autora do estudo e bolsista de pós-doutorado da FAPESP no Instituto de Biologia (IB) da Unicamp.

“As iNKT ocorrem numa frequência muito baixa, menos de 1% dos nossos leucócitos circulantes são desse tipo. No entanto, elas respondem de forma rápida e intensa a patógenos ou a moléculas que demandam resposta e por isso têm um papel anti-inflamatório importante em alguns contextos, como no tecido adiposo”, conta Pedro Moraes-Vieira, professor do IB-Unicamp apoiado pela FAPESP e coordenador do estudo.

O pesquisador explica que, até então, era sabido que, conforme se fica obeso, a quantidade dessas células diminui. Porém, como isso ocorria ainda era um mistério. O grupo então usou a técnica de transcriptoma, que mostra tudo o que é expresso em determinado tecido ou célula. Com isso, encontrou diferentes genes nas iNKT do tecido adiposo, do baço e do fígado que poderiam ter um papel importante na sua função.

Mesma célula, diferentes funções

Em experimentos com camundongos, os pesquisadores observaram que as iNKT encontradas no fígado e no baço são parecidas do ponto de vista metabólico, dependendo de glicose para serem ativadas. Ao desativar, nas iNKT encontradas nesses órgãos, o gene Pkm2, ligado à produção de glicose, elas tiveram prejudicadas a capacidade de mitigar uma lesão aguda no fígado.

Por outro lado, as mesmas células encontradas no tecido adiposo dependem de outro gene, o AMPK, para cumprir sua função naquele tecido. Quando o gene foi desativado, impedindo a produção de uma proteína ligada ao metabolismo de lipídios, as células perderam a capacidade de manter o próprio funcionamento em equilíbrio. Com isso, não podiam mais regular a inflamação causada pela obesidade no tecido adiposo.

Em outras análises, os pesquisadores mediram o conteúdo das mitocôndrias – organelas que produzem energia para a célula – e observaram que no fígado e no baço ele era similar. No entanto, nas iNKT do tecido adiposo, as mitocôndrias tinham menor massa e formato mais esférico.

Outras medições mostraram ainda mais espécies reativas de oxigênio nas iNKT do tecido adiposo, que podem ser sinal de desequilíbrio do sistema. Além disso, detectaram presença maior de proteínas do metabolismo de ácidos graxos, ligados à obesidade.

Esses resultados sugerem que o microambiente em torno das células influencia o perfil imunometabólico das iNKT, o que pode ter consequências diretas para a sua funcionalidade.

Os pesquisadores então injetaram, em camundongos obesos, iNKT saudáveis retiradas de tecido adiposo, o que fez com que os animais emagrecessem. O efeito não foi observado quando injetadas as iNKT que não produziam AMPK.

“Conseguimos aprofundar o conhecimento sobre a regulação imunometabólica específica de cada um desses tecidos pelas células iNKT. Isso impacta diretamente o curso das inflamações causadas por lesão no fígado e pela obesidade”, encerra Aguiar, atualmente pós-doutoranda no Trinity College de Dublin, na Irlanda.

O estudo contou com a colaboração do professor Alexandre Keller, da Universidade Federal de São Paulo (Unifesp), e de grupos da Universidade de São Paulo (USP). Também teve apoio da FAPESP por meio de outros oito projetos (13/07607-815/15626-819/25973-819/19435-319/06372-319/11490-521/11200-7 e 18/21018-9).

O artigo Tissue-specific metabolic profile drives iNKT cell function during obesity and liver injury pode ser lido em: www.cell.com/cell-reports/fulltext/S2211-1247(23)00046-3.

  

André Julião
Agência FAPESP
https://agencia.fapesp.br/celula-de-defesa-tem-papel-importante-na-regulacao-da-inflamacao-causada-pela-obesidade-aponta-estudo/41415/


19 de maio é o dia de conscientização das Doenças inflamatórias intestinais

Essas doenças contam com novos tratamentos, mas conscientização e diagnósticos precisos continuam sendo necessários


O dia 19 de maio é marcado por ser o Dia Mundial da Doença Inflamatória Intestinal e, por consequência, todo o mês de maio se tornou célebre pelo Maio Roxo, que visa conscientizar o público em relação a essas doenças. “Em todo o mundo, no mês de maio são realizadas palestras, corridas e iluminação a monumentos públicos que visam conscientizar sobre essas doenças que são tão desafiadoras e que interferem muito na qualidade de vida de seus pacientes”, afirma a médica proctologista do Hospital Edmundo Vasconcelos, Maristela Almeida.

A especialista, que acabou de voltar do Digestive Disease Week (DDW 2023), maior congresso de gastroenterologia que aconteceu em Chicago, nos Estados Unidos, explica que constantemente novos conhecimentos sobre os mecanismos de inflamação intestinal vêm sendo desenvolvidos e, com isso também, novas drogas vêm sendo apresentadas para o tratamento dessas doenças. “É importante salientar, que a maioria das drogas já estão disponíveis no Brasil, inclusive no SUS, o que nos permite oferecer excelentes alternativas de tratamento aos nossos pacientes, permitindo que convivam da melhor forma possível com essas doenças inflamatórias intestinais”, afirma ela.

Segundo a médica, duas doenças em especial chamam a atenção e merecem o alerta por parte da comunidade médica: a doença de Crohn e a retocolite ulcerativa. Abaixo, Maristela explica o que são essas doenças, suas causas e sintomas.


Doença de Crohn (DC)

O que é e principais causas – é uma doença inflamatória crônica, recidivante e que pode acometer desde a boca até o ânus, além de atingir todas as camadas do intestino. Sua causa ainda está em esclarecimento, mas sabe-se que muitos fatores se associam para o seu aparecimento: genética, microbiota intestinal e fatores ambientais, como por exemplo, o fumo.

Sintomas – a doença pode causar estreitamentos e até perfurações que causam fístulas. Então é muito comum o aparecimento de dor abdominal persistente em cólicas e diarreia. Pode causar aftas na mucosa bucal e aparecimento de múltiplas fístulas em região perianal. Como é uma doença que aparece mais frequentemente em adultos jovens (entre 15-30 anos), com um segundo pico após os 60 anos, nos jovens pode levar a um emagrecimento importante, desnutrição e anemia. Nas crianças, por todas essas alterações, pode ocorrer déficit de crescimento.

Retocolite Ulcerativa

O que é e principais causas - A retocolite também é uma doença inflamatória intestinal crônica e recidivante mas que acomete apenas o reto e o cólon (intestino grosso), daí o seu nome. Assim como a doença de Crohn, sua causa ainda está em esclarecimento e pode envolver fatores genéticos, ambientais, comportamentais e microbiota intestinal.

Sintomas - A retocolite se manifesta por diarreia com sangue e muco nas fezes. Outro sintoma muito comum, chamado de tenesmo, é a sensação de evacuação incompleta, que leva o paciente muitas vezes ao banheiro. Por conta de sangramentos frequentes, também é comum o aparecimento da anemia.

Para ambas as doenças, não há um tratamento específico. “O tratamento, baseado em corticoides, imunossupressores, medicamentos biológicos e até cirurgia, deve ser individualizado para melhor resposta. Ou seja, o que funciona para um paciente pode não funcionar para outro e só o médico vai poder ajudar nessa escolha”, afirma Maristela, ressaltando que, se houver um diagnóstico e tratamento adequados, seus portadores terão uma boa qualidade de vida.

Por fim, ela ressalta que não há prevenção para as doenças, mas que a adoção de certos hábitos pode ser de grande importância. “A realização de uma dieta saudável e a adoção de bons hábitos alimentares, não fumar, praticar exercícios e um trabalho de controle sobre emoções como ansiedade, além da realização de exames do intestino com certa frequência colaboram para dificultar seu aparecimento”, finaliza a médica do Hospital Edmundo Vasconcelos.

 

Hospital Edmundo Vasconcelos
www.hpev.com.br


Alimentação, exercícios e manejo do estresse: como lidar com a hipertensão arterial

Mudanças no estilo de vida e adesão ao tratamento médico podem ser cruciais para o controle da doença

 

De acordo com aSociedade Brasileira de Cardiologia, a hipertensão é uma doença crônica que afeta cerca de 30% dos brasileiros e é responsável por mais de 10 milhões de mortes em todo o mundo. Mesmo sendo uma doença silenciosa, na maioria dos casos, com o principal sintoma sendo a elevação dos níveis de pressão arterial acima de 140/90 mmHg, é fundamental que a população esteja consciente dos cuidados e medidas de prevenção.

A doença está cada vez mais comum na sociedade moderna, afetando homens e mulheres, brancos e negros, ricos e pobres, idosos e crianças, gordos e magros, pessoas calmas e nervosas. O médico titular da Sociedade Brasileira de Cardiologia e integrante da equipe do Hospital Mater Dei Santa Genoveva, Dr. Rodrigo Penha de Almeida, destaca que a pressão se eleva por vários motivos, mas principalmente pela dificuldade de relaxamento dos vasos sanguíneos, que pode ser influenciada pelo estilo de vida adotado pela pessoa.

Por se tratar de uma doença multifatorial, não existe uma causa única para o surgimento de hipertensão arterial e, sim, fatores de risco. Dr. Rodrigo alerta que, se uma pessoa é sedentária, alimenta-se mal, está acima do peso e tem antecedentes familiares de hipertensão, a chance de desenvolver a doença é grande. Porém, mesmo que não tenha nenhum desses fatores, ainda assim a doença pode aparecer, lembrando que a idade é um fator importante para o seu surgimento.

No entanto, a alimentação pode influenciar no controle da pressão arterial. Cerca de 30% dos hipertensos respondem à redução do sal da dieta, com melhora da hipertensão. Alguns alimentos podem ajudar também no controle, como frutas, verduras, legumes, sementes e oleaginosas, leguminosas, grãos e cereais integrais, carnes magras, leite, iogurte e queijos, na versão com menos gordura e em quantidade moderada, carboidratos integrais, em vez de refinados, e até 5 g de sal por dia. A dieta DASH, um acrônimo de Dietary Approaches to Stop Hypertension, é uma das dietas recomendadas para ajudar no controle da pressão arterial.

O sedentarismo também pode aumentar o risco de pressão alta, pois as pessoas sedentárias têm maior propensão à obesidade. O Dr. Rodrigo destaca que o exercício é essencial no controle da hipertensão, pois promove a dilatação natural dos vasos arteriais, com a liberação do óxido nítrico. As atividades físicas recomendadas para ajudar a prevenir e controlar a pressão arterial são caminhada, corrida, ciclismo, natação e musculação, mas é importante que a pessoa escolha uma atividade que goste e se sinta confortável.

O estresse também pode ser um componente importante no desenvolvimento da hipertensão arterial. Está cada vez mais provado que o fator psicológico tem papel fundamental no surgimento da hipertensão e, posteriormente, no seu controle. “Sob estresse, o organismo produz substâncias que elevam a pressão arterial e a frequência cardíaca, podendo também ser o gatilho para o desenvolvimento de um acidente vascular cerebral (AVC) ou um infarto do miocárdio”, explica o cardiologista. Técnicas de gerenciamento de estresse, como meditação, yoga e terapia cognitivo-comportamental, são recomendadas para ajudar a controlar a pressão arterial.

Segundo o Dr. Rodrigo, os medicamentos anti-hipertensivos funcionam reduzindo os níveis pressóricos, promovendo a vasodilatação arterial ou eliminando o sódio do corpo. Existem também medicamentos que reduzem a frequência do coração e atuam no sistema nervoso central.

A hipertensão arterial pode ter efeitos devastadores em outras partes do corpo, como os rins e o coração. “A pressão alta danifica os vasos sanguíneos, tornando-os endurecidos e estreitados, o que pode levar a complicações como infarto e AVC. Nos rins, a hipertensão arterial pode causar alterações na filtração e até mesmo paralisar o órgão”, alerta o cardiologista. No entanto, o Dr. Rodrigo destaca que essas situações graves podem ser evitadas com o tratamento adequado, bem conduzido por médicos.

Para prevenir a hipertensão arterial, é importante evitar os fatores de risco, como o sedentarismo, a obesidade, o consumo excessivo de álcool e o tabagismo. No entanto, é necessário lembrar que somente isso não é suficiente e que os níveis de pressão arterial devem ser avaliados regularmente, para um diagnóstico precoce.


Confira os 10 Mandamentos para combater a pressão alta

Por: Rodrigo Penha de Almeida

1.     Reduza o sal dos alimentos e as frituras. Adote uma alimentação saudável com mais frutas, verduras e legumes.

2.     Meça a pressão pelo menos uma vez por ano. Se já for hipertenso ou estiver com suspeitas as medidas devem ser mais frequentes.


3.     Reduza o consumo de álcool, de preferência não beba.

4.     Não fume.

5.     Mantenha o peso ideal, evite a obesidade.

6.     Siga as orientações do seu médico ou profissional de saúde.

7.     Evite o estresse, tenha tempo para o lazer com a família e os amigos.

8.     Nunca pare o tratamento para controlar a Hipertensão, ele é para a vida toda.

9.     Pratique atividades físicas todos os dias

10.     Ame e seja amado!



Santa Genoveva Complexo Hospitalar
Em caso de urgências e emergências, ligue (34) 3277-9090 ou (34) 3277-9092.


Mulheres são mais acometidas pela tendinite no quadril


Dr. Marco Aurélio Silvério Neves explica o que é a tendinite no quadril, suas causas e tratamento

 

A tendinite no quadril, também chamada de síndrome da grande trocânter, é uma patologia em que ocorre a inflamação dos tendões dos músculos dos glúteos, interferindo na região lateral do quadril, resultando em dores crônicas que, muitas vezes, irradia para a lateral da coxa até o joelho. 

O Dr. Marco Aurélio Silvério Neves, ortopedista e traumatologista especializado em cirurgia de quadril e joelho, explica que este problema afeta mais mulheres porque a anatomia da pelve feminina é diferente da masculina. Dessa forma, as mulheres têm uma predisposição a desenvolver inflamação nos tendões do quadril muito pelos esforços excessivos e repetitivos, posições viciosas que vão além da capacidade que o tendão pode suportar. 

Outra causa dessas inflamações no quadril é a perda muscular localizada na musculatura do glúteo, que pode acontecer ao abandonar a regularidade nas atividades físicas, perda significativa e rápida de peso e por alterações hormonais relacionadas à menopausa. 

Mas o especialista alerta que indivíduos que realizam esforço físico intenso como, por exemplo, correr em subida, esforço de repetição ou que não alongam a musculatura antes de algum exercício, podem também sofrer com as fortes dores. Assim como é comum inclusive em atletas que utilizam em excesso os tendões localizados nessa região, causando inflamação e dor ao caminhar, que irradia para a perna, ou ainda dificuldade para mexer uma ou as duas pernas. 

O principal sintoma em pacientes com tendinite no quadril é a dor, já que a inflamação tendinosa provoca uma maior dificuldade de se mover pela constante pressão do peso do corpo sobre os tendões, limitando os movimentos. Além desse, há o aumento da sensibilidade na lateral do quadril, dor para deitar de lado, dificuldade para subir escadas ou levantar de uma cadeira ou sofá. Essa dor pode piorar bastante com o toque e a palpação na lateral do quadril, sendo bem localizada.

 

A boa notícia é que, via de regra, os casos de tendinite no quadril não são cirurgicos. Normalmente o tratamento clínico inclui repouso, aplicação de gelo, uso de analgésicos e anti-inflamatórios, mas a fisioterapia tanto para aliviar a dor como para o fortalecimento e reequilíbrio muscular é essencial.

 

O tempo de recuperação varia de paciente para paciente, podendo durar de 3 semanas a 8 meses, dependendo do grau da inflamação, idade, tipo de atividade exercida e qual o tendão foi acometido.

 

“O importante é identificar a causa da lesão para buscar o tratamento mais adequado a cada paciente e a cada grau de lesão e, a partir daí, tomar as orientações médicas necessárias de prevenção para que a inflamação não volte”, ressalta Dr. Marco Aurélio.

 

A dor sempre é um sinal de alerta e quando aparece é necessário buscar ajuda de um ortopedista. Apenas o especialista poderá avaliar o grau de lesão, pois tão importante quanto tratar a dor é identificar sua causa para indicar o tratamento mais adequado para cada paciente, indicando orientações médicas necessárias de prevenção para que a inflamação não volte, permitindo uma melhor qualidade de vida.

   

 



Dr Marco Aurélio S. Neves - ortopedista e traumatologista, especializado em próteses de quadril e joelho. Pioneiro no Brasil em técnicas avançadas para realização de cirurgias de prótese de quadril e de joelho. Conta com especialização em Ortopedia e Traumatologia (2001) e em Cirurgia do Quadril e do Joelho (2002 e 2003), pelo Hospital das Clínicas da Faculdade de Medicina da Universidade de São Paulo (HC – FMUSP). O grande diferencial do médico são as bases tecnológicas aplicadas na prótese de joelho, o uso de guias customizadas feitas sob medida para cada paciente, por meio de impressão 3D, aumenta a precisão da cirurgia, otimizando os resultados. E na cirurgia de prótese de quadril, pioneiro na utilização da via anterior é a única que possibilita o método verdadeiramente não invasivo (AMIS), preservando músculos e tendões. Especializações em centros de referência em cirurgia ortopédica do mundo, entre eles: Presbyterian Hospital Plano (Texas, Estados Unidos, 2004), Hospital Jan Palfij (Gent, Bélgica, 2006), Clinic Dr. Decker (Munique, Alemanha, 2006), The Steadman Clinic (Vail, Estados Unidos, 2009), South West London Orthopaedic Center (Inglaterra, 2013), Le Centre Médico Chirurgical Paris V (Paris, França, 2015).
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Linkedin: marco-aurelio-silverio-neves

 

Doenças Inflamatórias Intestinais: tratamento adequado pode garantir mais qualidade de vida e remissão sustentada da doença

Conhecidas como DIIs, elas não têm cura, mas tem tratamentos que controlam o processo de inflamação e reduzem os sintomas. A terapia biológica é considerada um desses avanços da medicina nos últimos tempos para tratá-las

 

Maio é o mês da conscientização das doenças inflamatórias intestinais, que fazem parte do dia a dia de cerca de 10 milhões de pessoas no mundo. No Brasil, dados da Sociedade Brasileira de Coloproctologia mostram que a incidência dessas doenças vem crescendo e que no SUS chega a 100 casos para cada 100 mil habitantes, em sua maioria homens e mulheres entre 15 e 40 anos.  Dentro das doenças inflamatórias intestinais estão a Doença de Crohn e a Retocolite Ulcerativa. Elas são doenças crônicas e imunomediadas, ou seja, são originadas em nosso próprio corpo quando ocorre uma resposta inflamatória anormal após exposição a algum gatilho. Elas podem atingir todo o intestino ou uma parte dele, daí a importância de iniciativas de conscientização da sociedade, da indústria, dos pacientes e dos próprios médicos, para que identifiquem os sintomas mais precoces, busquem o diagnóstico precoce e indiquem o tratamento adequado. 

“Em geral, os primeiros sinais são constipação, dores abdominais e diarreia, frequentemente levando à associação com outras doenças. Além disso, são doenças sistêmicas, ou seja, afetam todo o corpo humano, ao invés de apenas um órgão, causando efeitos variados. Por isso, elas são associadas a comorbidades”, afirma a gastroenterologista Dra. Cristina Flores, presidente da Organização Brasileira de Doença de Crohn e Colite – GEDIIB. 

Um estudo epidemiológico liderado pelo GEDIIB – o primeiro usando o registro nacional de pacientes organizado pela própria entidade - acompanhou 1.179 pacientes entre 2020 e 2022, sendo 51% com Retocolite Ulcerativa, 48% com Doença de Crohn e 1% com colite indeterminada. Com o objetivo de caracterizar o perfil de pacientes com DII e identificar os fatores clínicos associados à gravidade dessas doenças, o estudo mostrou que, em sua maioria, as manifestações mais graves da doença impactam pessoas mais jovens – entre 14 a 35 anos. E cerca de 21% desses pacientes apresentaram manifestações extraintestinais, ou seja, outras doenças associadas como as reumatológicas, por exemplo, muito comum em pacientes com doenças sistêmicas - como as DIIs. 

Em meio a essa jornada desafiadora do paciente em busca do diagnóstico e do tratamento adequados, dados da Associação Brasileira de Colite Ulcerativa e Doença de Crohn (ABCD) mostram que cerca de 12% dos pacientes demoraram mais de três anos para procurar um médico especialista (gastroenterologista ou coloproctologista), e 43% foram ao menos quatro vezes ao pronto-socorro antes de receber um diagnóstico final. “Por isso, a importância do diagnóstico precoce. Quanto antes a doença for descoberta, mais rapidamente poderá ser tratada e, com isso, garantir mais qualidade de vida ao paciente”, alerta a especialista. 

Mas como ter uma vida “normal” e não precisar interromper momentos e atividades por causa dos sintomas, que em sua maioria, impactam fortemente o dia a dia do paciente? Apesar de ainda não existir cura para as DIIs, existem tratamentos eficazes que controlam o processo de inflamação, reduzem os sintomas e permitem a retomada da qualidade de vida.

 

Importância do tratamento adequado   

“Quando o paciente recebe o diagnóstico, várias dúvidas começam a surgir. Por isso é importante não se acomodar e dialogar com o especialista sobre qualidade de vida. Muitas vezes, vergonha, ansiedade e medo podem gerar dificuldades para que o paciente busque informações e o tratamento adequado com um especialista”, afirma Dra. Cristina Flores.  

Conhecer as opções terapêuticas disponíveis é importante para que o diálogo entre médico e paciente seja cada vez melhor. A definição sobre o tratamento é feita pelo especialista e depende dos sintomas, dos locais mais afetados pelas doenças, da gravidade, da evolução e dos tratamentos anteriores. “Temos medicamentos orais que diminuem inflamação, mas não interferem no sistema imunológico. Os corticosteroides que podem interferir no sistema imunológico e devem ser usados por um período curto de tempo. Os imunossupressores que atuam no sistema imunológico, reduzindo sua atividade. E os imunobiológicos que aparecem como um avanço da medicina contra as DIIs nos últimos tempos”, orienta a especialista. 

A terapia imunobiológica é desenvolvida por engenharia genética, atuando em várias etapas do processo inflamatório e bloqueando algumas substâncias que desencadeiam inflamação e fazem com que a doença se manifeste. Como se trata de doenças que desequilibram o sistema imunológico, o objetivo desse tratamento é regular essa disfunção. “Eles controlam a inflamação intestinal e, consequentemente, previnem - ou pelo menos retardam - o dano intestinal progressivo e suas consequências”, declara Dra. Cristina. A médica complementa: “os imunobiológicos permitem o paciente atingir a remissão sustentada, melhorando a qualidade de vida e atividade laboral com redução dos recursos de assistência médica, cirurgias e hospitalizações”. 

Segundo o último Consenso da GEDIIB (2023), os imunobiológicos são recomendados para os casos moderados e graves das DIIs. “Esse material, completo e inédito no Brasil, serve como diretriz para os médicos e beneficia os pacientes. Ele direciona  o diagnóstico e tratamento adequados dessas doenças”, declara a presidente da entidade. 

Considerando que cada paciente é um e manifesta a doença de um jeito diferente é importante termos cada vez mais opções terapêuticas à disposição, já que estamos falando de doenças crônicas e esse paciente vai precisar utilizar a medicação por toda a vida. Quanto maior o acesso desse paciente a terapias inovadoras, mais qualidade de vida e possibilidade de remissão ele terá.  

 

Campanha #SigaSemPausa: Juntos para tratar as DIIs e dar o start nos seus planos é a mensagem da campanha da Janssen desse ano para conscientizar a sociedade e os pacientes sobre as doenças inflamatórias intestinais, a importância do diagnóstico precoce e do tratamento adequado para mais qualidade de vida.

 

Guia multidisciplinar para os pacientes: formatos para download e podcast 

 Os sinais físicos das doenças inflamatórias intestinais refletem na saúde emocional e na alimentação, por isso a necessidade do acompanhamento multidisciplinar, além da terapia medicamentosa. Lançada em 2020, a campanha Siga Sem Pausa, iniciativa da Janssen para conscientização das DIIs, disponibiliza o Guia Multidisciplinar para download gratuito no site da campanha. Esse ano, o material ganhará uma versão em PODCAST, com entrevistas inéditas de especialistas e pacientes que abordarão temas fundamentais como o impacto no trabalho, acesso aos tratamentos disponíveis, qualidade de vida e alimentação. Os guias têm o apoio científico do GEDIIB.  

 Conteúdos educativos nas redes sociais da Janssen e a parceria com influenciadores estratégicos completam o hub de informações da campanha, que conta com apoio da Associação Brasileira de Colite Ulcerativa e da Doença de Crohn (ABCD), da Associação Nacional dos Portadores de Doenças Inflamatórias Intestinais (DII Brasil) e da Associação do Leste Mineiro de Doenças Inflamatórias Intestinais (ALEMDII).

Para mais informações sobre a doença, a campanha e o Guia, clique aqui!

 

Janssen
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Pesquisa realizada pelo Instituto Ethos mostra que apenas 15% das empresas brasileiras estabeleceram metas para reduzir desigualdades salariais

Realizada pelo Instituto Ethos, em parceria com Época Negócios, a pesquisa aponta também que 47,74% das empresas dizem monitorar a relação entre o maior salário e a média salarial dos demais empregados; A pesquisa ouviu 199 empresas, a grande maioria (71%) de grande porte e da área de serviços (52%) 

 

A quinta edição da Pesquisa Diversidade e Inclusão nas Empresas 2022/2023, do Instituto Ethos de Empresas e Responsabilidade Social, pelo segundo ano realizada em parceria com a revista Época Negócios, mostra o longo caminho que o Brasil precisa percorrer para diminuir as desigualdades salariais e, consequentemente, de renda no ambiente empresarial. Das 199 empresas participantes - 71% de porte grande, 21% médio e 6% pequeno -, quase metade (47,74%) dizem que monitoram a relação entre o maior salário e a média salarial dos demais empregados, porém, apenas 15,58% estabelecem metas para reduzir essa distância salarial dentro da companhia.

Outro dado preocupante da Pesquisa Diversidade e Inclusão 2022/2023 aponta que apenas 32,66% das 199 empresas possuem metas para que a proporção de funcionários negros siga a mesma do perfil demográfico regional. Por outro lado, 75,88% das empresas disseram eliminar a diferença salarial injustificada entre empregados brancos e negros. 

Caio Magri, presidente do Instituto Ethos, destaca que o combate à desigualdade é prioritário para a entidade. “Elegemos o tema das desigualdades, e em especial as de salário e renda nas empresas, como prioridade da atuação do Ethos em 2023. Os resultados da nossa pesquisa reafirmam que há muito a fazer ainda nesse sentido”, diz ele. Magri afirma, também, ser necessário criar, aplicar e mensurar políticas públicas e empresariais que ajudem e reduzir as desigualdades, caso contrário, o país enfrentará enormes dificuldades em seu desenvolvimento econômico e social.

Um dado que apresentou leve melhora foi o da quantidade de empresas que incluem o aspecto de reconhecimento de resultados de promoção da diversidade e inclusão em seus programas de remuneração variável, passando de 34% para 37,69%. Com relação aos cargos em quadro de gerência e executivos, 43,65% das empresas afirmam ter metas para reduzir a desproporção entre negros e brancos.


Desigualdade de salário entre homens e mulheres

Quando o recorte da pesquisa observa a meta de redução da desigualdade salarial entre mulheres e homens, 66,33% das empresas afirmam buscar a redução de diferenças entre gêneros quando exercem a mesma função. Além disso, 43,22% das empresas disseram priorizar mulheres nos planos de sucessão das áreas core do negócio, e 53,27% estabelecem metas para que as mulheres ocupem, no mínimo, 30% dos cargos de liderança até 2030.  Ainda assim, a quantidade de empresas que declaram ter metas para reduzir a desproporção dos cargos ocupados por homens e mulheres em quadros gerenciais e executivos não avançou de um ano para o outro, variando de 58,66% para 59% das respostas.

No início deste mês, a Câmara aprovou proposta para instituir medidas que garantam salários iguais para homens e mulheres com a mesma função, obrigando as empresas a divulgarem relatórios de equiparidade salarial. O projeto está em avaliação do Senado.


Campanhas de conscientização

Outros dados trazidos pela pesquisa Diversidade e Inclusão mostram que houve um decréscimo nas campanhas internas de conscientização sobre diversidade. Baixou de 97% para 90,45% o número de empresas que afirmaram realizar campanhas com temas de gênero; de 96% para 90,9% (pessoas negras), 95% para 87,84% (pessoa com deficiência), 95% para 90,45% (pessoas LGBTI+). Enquanto, por outro lado, as campanhas sobre diversidade geracional aumentaram de 50% para 73,87%, sobre refugiados de 31% para 53,61%, sobre indígenas, permaneceu estável (57% para 57,7%).

Acesse a íntegra da Pesquisa Diversidade e Inclusão na Empresas  aqui

 

Instituto Ethos de Empresas e Responsabilidade Social


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