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quinta-feira, 2 de dezembro de 2021

Lacunas na lei da Política Nacional de Saúde Mental e o cenário pandêmico

No início do ano de 2020, a Organização Mundial da Saúde declarou pandemia em razão da disseminação do vírus da Covid-19. A partir de então, além da implementação de estruturas aos sistemas de saúde hospitalar, fez necessário a adoção global de medidas de prevenção e controle da doença, de modo que a melhor estratégia para barrar o espalhamento do vírus foi o isolamento social que culminou na restrição de circulação de pessoas, forçando impactos no cotidiano da sociedade, no setor econômico financeiro e na dinâmica política e cultural do país.

Com o avanço da pandemia no país e o crescente número de mortes, que somam mais de 600 mil, as perdas financeiras e humanas somadas a escassez das relações, implicaram em uma afetação na saúde mental de todas as pessoas que vivenciam o período de pandemia, que apesar de preexistentes ao momento que se enfrenta, os sintomas de estresse, ansiedade, pânico e depressão acometem estimativa significativa da população.

Estima-se que, de acordo com pesquisas realizadas pela USP, cerca de 63 % da população brasileira apresenta casos de ansiedade e 59 % de depressão, o estudo apontou ainda, que o Brasil está em primeiro lugar no ranking dos países que mais sofreram com as restrições, desemprego e o isolamento social durante a pandemia, reforçando que o cenário pandêmico tem se mostrado um evento traumático para além das pessoas que já sofriam com algum histórico de desordem mental.

O acesso à saúde é um dos direitos fundamentais intitulados na Constituição Federal e, sendo negligenciado, viola os direitos humanos. Sabe-se que, a atual conjuntura da política do país não estabeleceu uma estratégia de capacitação nacional para que a população fosse amparada dos efeitos de momentos catastróficos como o enfrentado pelo Brasil, sendo certo falar que a população brasileira é desvalorizada e não assegurada da garantia de um direito de segunda geração conquistado, ou melhor, de todas as gerações pois está relacionada à simbiótica da pessoa humana e aos direitos sociais: o direito à saúde.

Isso porque, a lei 10.216/2001, que disciplina diretrizes da Política Nacional de Saúde Mental, completou neste ano duas décadas de regência, contudo, não foi realizada uma reforma na referida lei que pudesse consubstanciar os serviços extra-hospitalares. Ao que se nota, é possível prever que a população acometida por transtornos psicológicos ocasionados pelos traumas da pandemia tenha um período de acompanhamento especializado maior do que a própria pandemia e aos prejudicados que desejam reverter a  condição de prejudicialidade da saúde mental socorrem-se do setor privado de saúde, contudo levando em consideração que a economia do pais também experimentou os efeitos da pandemia, mais da metade dos brasileiros não possuem condições financeiras de custear um tratamento psicológico.

É possível perceber que não houve nenhum financiamento contumaz, tampouco políticas públicas para enfrentamento dos efeitos psicológicos motivados pelo período pandêmico. Vários foram os momentos de preocupação com a declaração de uma pandemia possível desde a promulgação da referida lei, contudo, nenhum planejamento para cobrir a lacuna da legislação sobre um plano de contingenciamento para períodos de catástrofes foi colacionado.

Muito embora o Sistema Único de Saúde disponibilize o acesso à atendimento psicológico através da lei 10.216/2001, a sua redação não determina atendimento em saúde mental de situações de pandemia e, mesmo com tantas campanhas de enfrentamento da doença e a mobilização de todos os canais de veiculação, as atitudes governamentais e o desfinanciamento na rede de saúde infere-se que as fragilidades da saúde pública ainda permanecem enraizadas na forma de gestão das autoridades governamentais.

É razoável prever a intensificação do sofrimento psíquico quando não há resultados em ações preventivas e sequer avanços e possiblidades de resposta às necessidades em saúde mental da população, notadamente, a reforma do setor deveria ser pauta no Congresso Nacional, porém, diariamente é possível perceber que esta não é a preocupação das autoridades.

Nota-se, uma necessidade nímia de aperfeiçoamento da lei em comento. A pandemia ocasionada pelo coronavírus foi protagonizada por vivências traumáticas, perdas e lutos e despedidas inesperadas, despertando uma profunda tristeza em todos que vivenciaram o período. Não se deve aceitar que a legislação se limite a apenas melhorar e tornar mais acessível os serviços de atendimento especializados à saúde mental.

É, precisamente necessário, ampliar o campo de competência para atender a uma série de problemas e necessidades psicossociais da população sem deixar de considerar as nuances do período pandêmico, adotando medidas de intervenção adequada para prevenção das enfermidades psicossociais e de controle de todos que experimentaram os frutos da calamidade vivida pelo mundo, de modo que além de prever um controle eficaz e serviços de apoio emocional e psicológico, torna-se forçoso que a lei conte com a possibilidade de atendimento amplo das pessoas afetadas, além de prever planos de recuperação psicossocial de médio e longo prazo.

O acesso à saúde é direito basilar, que deve estar disponível a qualquer cidadão, pois está inteiramente ligado a dignidade da pessoa humana e, cumpre ao Estado assegurar que todo ser receba todos os cuidados adequados para a prevenção, controle e recuperação dos transtornos psicológicos e das vulnerabilidades psicossociais, que afetam inteiramente todas as relações daquele que vive no meio social, econômico, cultural e político.

 


José Santana Junior - advogado especialista em Direito Médico e da Saúde e sócio do escritório Mariano Santana Sociedade de Advogados.


O avanço da ômicron e o cancelamento de festas de réveillon pelo Brasil


Empresário do ramo do entretenimento, Gérlio Figueiredo, comenta as últimas decisões dos governos de diversos lugares do país

 

Em meio a retomada econômica e o que parecia o início da volta à normalidade, o mundo foi surpreendido pelo surgimento de uma nova e agressiva variante do vírus que causa a covid-19. Batizada de Ômicron, inicialmente, acreditava-se que a nova variante havia surgido na África do Sul, porém, agora já se sabe que havia casos na Holanda antes de voos do país africano aterrissarem.

 

A Ômicron gerou preocupações em todo o mundo, a Organização Mundial da Saúde emitiu um alerta sobre os perigos da nova variante e as preocupações quanto à possível resistência às vacinas já existentes. Se antes o debate sobre a realização dos grandes eventos de fim de ano já dividia opiniões no Brasil, agora, diversos lugares no país anunciaram o cancelamento do réveillon e do carnaval.

 

Atualmente, já existem 3 casos da doença confirmados em solo brasileiro. Porém, mesmo antes das confirmações, governos estaduais já haviam feito anúncios de cancelamento. Fortaleza, no Ceará, foi a primeira a cancelar a virada do ano. Recife, Salvador, São Luís, Belém, Aracaju, João Pessoa, Campo Grande, Palmas e Florianópolis tomaram a mesma decisão.

 

No Rio de Janeiro e em São Paulo, os eventos ainda não foram cancelados. Para o empresário do ramo do entretenimento é uma situação de difícil tomada de decisão. "O setor de eventos é muito importante para auxiliar na recuperação econômica, sem falar na expectativa das pessoas de poder retornar a vida normal. Porém, acho que o surgimento de uma nova variante é um lembrete de que a pandemia não acabou e os cuidados ainda são necessários”, opina.

 

Gérlio conta que, mesmo animado com a possibilidade de voltar a realizar eventos, sempre defendeu que as recomendações da OMS deveriam ser seguidas. “A OMS já havia liberado uma série de cuidados que deveriam ser tomados para manter a segurança nessa fase de transição pós pandemia. Se eles estão dizendo que o vírus merece atenção, acho que cabe aos governos avaliar a situação e fazer uma escolha”, afirma. “A saudade é grande, o setor de eventos foi o primeiro a fechar e o último a abrir e, agora, parece que estou vendo a história se repetir”, lamenta o empresário.

 

 

Gérlio Soares Figueiredo – empresário, é o retrato da cena cultural baiana. Com apenas 33 anos de idade, o empreendedor já acumula vasta experiência em diferentes nichos de mercado, como transportes, construção civil, pecuária, factoring, indústria de vestuário e entretenimento. Conhecido por sempre atuar em eventos artísticos e musicais pelo Brasil, ele também já esteve à frente de uma reconhecida boate em Vitória da Conquista, na Bahia. Sob seu comando, a Casa dos Primos Entretenimento foi palco para inúmeros artistas consagrados do forró, sertanejo e outros ritmos. Empreendedor e dinâmico, Gérlio já possibilitou o emprego de aproximadamente 350 pessoas por todos os segmentos que passou. Atualmente, Gérlio está terminando o curso de direito e pretende se aprimorar mais nos estudos para expandir conhecimento e aumentar sua capacidade de gerir novos negócios.

 

Dia Mundial do Solo: os benefícios da agricultura orgânica

Com objetivo de alertar para a importância de conservação do solo, um recurso natural essencial à sustentabilidade da vida na Terra, o dia 5 de dezembro foi instituído pela Organização das Nações Unidas para Agricultura e Alimentação (FAO) como sendo o Dia Mundial do Solo.

Uma das formas de conservação do solo é por meio da agricultura orgânica. Produzida sem agrotóxicos sintéticos, transgênicos e fertilizantes químicos, a agricultura orgânica, além de influenciar na qualidade dos alimentos e na saúde de quem consome, também beneficia a saúde do trabalhador agrícola e a qualidade do solo, água, vegetação e animais locais, já que as técnicas do processo respeitam o meio ambiente.


Conheça os seis principais benefícios da agricultura orgânica:


1.Ausência de agrotóxicos: como não é usado pesticida sintético na agricultura orgânica, o ecossistema produtivo é mais saudável, desde o solo ao alimento.


2.Qualidade de vida no campo: os cultivos orgânicos geram emprego e renda justa para os trabalhadores do campo, pois as certificações orgânicas resguardam os direitos básicos dos trabalhadores. Então, a agricultura orgânica contribui na melhora da saúde e das condições socioeconômicas das comunidades rurais.


3.Conservação do solo: ao contrário da agricultura convencional, a agricultura orgânica visa a conservação do solo por meio de práticas mais sustentáveis. Nesse tipo de agricultura, tudo é reaproveitado. É possível, por exemplo, realizar adubação ou proteção contra pragas com partes das plantas. Na agricultura convencional, essas partes seriam descartadas ou até queimadas. Esse processo permite a manutenção da saúde do solo e de todo ecossistema envolvido para uma produção mais eficiente e menos agressiva.


4.Bem-estar animal: na produção orgânica, os animais são alimentados somente com produtos orgânicos e mantidos em locais mais espaçosos e menos estressantes, reduzindo o uso de hormônios artificiais e antibióticos sintéticos. Com os animais mais saudáveis e com a alimentação à base de plantas, é possível utilizar os excrementos como adubo. Dessa forma, há redução de resíduos e o ciclo é fechado.


5.Promoção da biodiversidade: a conservação do solo e a ausência de agrotóxicos ajudam na preservação de pássaros, insetos, animais, além de fungos e bactérias presentes no solo, importantes para o crescimento da vegetação da região e para a manutenção dos ecossistemas.


6. Captura de carbono: a conservação da saúde do solo contribui para que o carbono sequestrado pelas plantas fique preso no solo. Como o gás carbônico é removido da atmosfera, o impacto ambiental é minimizado.


Como a Concepta Ingredients promove adoção de práticas agrícolas orgânicas e sustentáveis

A Concepta Ingredients, unidade de negócio do Grupo Sabará, há anos trabalha para entregar produtos orgânicos e sustentáveis com garantia de rastreabilidade, saudabilidade, textura e sabor, que possam gerar valor aos clientes, fornecedores, comunidades, colaboradores e acionistas e, assim, incentivar que outras empresas também participem de ações que fluam de encontro com o progresso sustentável e responsável. Além disso, sua cadeia produtiva está alinhada aos valores defendidos pela ONU, principalmente, em relação aos Objetivos de Desenvolvimento Sustentável (ODS), 15 (vida terrestre) e 12 (consumo e produção responsáveis).

O portfólio de ingredientes orgânicos e exóticos da Concepta conta com 12 produtos, dos quais 66,66% possuem certificação orgânica BR (Brasil) e 83,33% contam com a certificação orgânica EOS (União Europeia) e NOP (Estados Unidos). A lista de produtos considerada é: Licuri (óleo), Babaçu (óleo), Maracujá (óleo), Patauá (óleo), Cupuaçu (manteiga), Castanha do Brasil (óleo), Coco (óleo), Sancha Ichi (óleo) e, recentemente, o Açaí (óleo, extrato, pó e xarope).

O lançamento do Extrato e do Xarope de Açaí contribuem de forma direta com o desenvolvimento socioeconômico na Amazônia e impactam indiretamente cerca de 5.072 famílias que vivem do cultivo da coleta do açaí que origina quatro produtos (extrato, xarope, pó e óleo) de açaí. Elas atuam em 1610 hectares de área conservada, sendo 1.079.430 hectares de área orgânica em conservação.

Ademais, o Grupo Sabará é reconhecido mundialmente pelo seu Programa de Valorização da Sociobiodiversidade®️, criado em 2000, que garante a rastreabilidade completa de matérias-primas provenientes da Floresta Amazônica, Cerrado e Caatinga. O projeto tem foco no engajamento de comunidades, cooperativas e associações fornecedoras de insumos da biodiversidade por meio de iniciativas em quatro pilares: desenvolvimento humano de maneira equilibrada, conservação da água e da biodiversidade, ética e transparência e rentabilidade adequada, promovendo o respeito, a dignidade e a inclusão socioeconômica.

Os resultados obtidos são:

• + 1,9 milhão de hectares orgânicos conservados de forma indireta por meio da valorização de produtos florestais não madeireiros;

• + 6 mil trabalhadores rurais, incluindo comunidades quilombolas e indígenas, potencialmente engajados na cadeia de fornecimento da Concepta;

• 227 hectares de floresta nativa certificada orgânica por incentivo direto da Concepta, que representam cerca de 256 campos de futebol de área preservada;

• + 27 mil pessoas impactadas indiretamente por essa relação;

• R 7,5 mil em média de renda extra por tonelada por família por ano.

 


Giovanna Cappellano - coordenadora da área de ESG do Grupo Sabará, companhia com 65 anos de história que oferece tecnologias sustentáveis, soluções e matérias-primas de alta performance para os mercados de tratamento de água, indústrias de alimentos e bebidas, nutrição e saúde animal.

 

Digitalização: 5 dicas para tornar sua logística mais eficiente para o Natal


Uma das datas mais esperadas pelos brasileiros se aproxima: o Natal. Mesmo sendo um ano de pandemia, 2021 movimentou positivamente o comércio do País. Segundo dados da Confederação Nacional de Dirigentes Lojistas (CNDL) e do Serviço de Proteção ao Crédito (SPC Brasil), em parceria com a Offer Wise Pesquisas, os brasileiros estão mais otimistas e, por isso, as compras de Natal deste ano injetarão aproximadamente R$ 68,4 bilhões em nossa economia. Este valor equivale a cerca de 123,7 milhões de consumidores voltando às compras, graças ao avanço da vacinação e a ampliação do funcionamento dos comércios nas cidades.

Com este aumento brusco nas demandas, muitas empresas viram a necessidade de digitalizar seus processos internos para garantir seus estoques, matérias-primas e mitigar possíveis riscos em suas cadeias de suprimentos e de transportes, principalmente durante as grandes temporadas de vendas, como Black Friday e Natal.

Neste processo de digitalização, alguns pontos são essenciais para tornar e manter o processo logístico mais eficiente, assertivo e menos trabalhoso.  Confira algumas dicas:



1 - Planejamento antecipado
Geralmente, o planejamento para de vendas para o Natal tem início no mês de agosto. Desta forma, todas as empresas envolvidas na operação, desde a importação de insumos/matéria-prima até a entrega do produto ao consumidor final, conseguem alinhar seus estoques para garantir a demanda da temporada. Um dos recursos mais utilizados no mercado para gerenciar o volume de cargas, de acordo com a demanda do momento, são os softwares de previsão e planejamento de demandas. Inserindo informações de temporadas passadas e demais dados referentes ao negócio é possível gerar previsões de estoques e vendas com acuracidade máxima.



2 - Gerenciamento do processo logístico em tempo real
Tanto para os embarcadores quanto para as empresas que transportam as cargas, o gerenciamento do processo logístico é essencial para manter o planejamento cada vez mais assertivo. Temos hoje no mercado ferramentas modernas, com sistemas de rastreamento de carga inovadores, que permitem a verificação do status de todas as cargas em todos os modais disponíveis, desde a origem até o destino final. Elas trazem muitas facilidades, como pesquisa de embarque por modal, termo de busca, além de formatar relatórios de KPIs, de acordo com a necessidade do cliente.


3 - Ferramentas para gerenciamento de risco
Esta é uma etapa de fundamental no processo logístico, pois auxilia as empresas a evitar grandes prejuízos durante as operações de armazenamento e transporte. Roubo de cargas, armazenamento incorreto, acidentes, multas e penalidades são alguns dos riscos com probabilidade considerável. Para mitiga-los é necessário utilizar uma estratégia eficiente, que garanta a entrega de acordo com as normas de qualidade. Para esta etapa do processo, existem diversas tecnologias que podem ser implantadas conforme o planejamento de cada carga. Há soluções personalizáveis, com algoritmos poderosos, que auxiliam na otimização e execução de rotas em tempo real. Outras desvendam alguns gargalos de eficiência para melhorar a experiência do cliente. Neste processo, adequar soluções de acordo com a realidade local é essencial.



4 - Integração de sistemas
Além de eliminar o retrabalho e as informações duplicadas, a integração dos sistemas que envolvem o processo logístico dá a oportunidade para que outros setores da companhia e até colaboradores de outros escritórios tenham acesso às informações do cliente, podendo, assim, auxiliá-lo a qualquer momento em um embarque ou em uma cotação.



5 - Atendimento contínuo em diferentes plataformas
Nesses novos tempos, ter acesso às informações a qualquer momento é algo esperado pelos clientes. Sabemos que a opinião dos nossos clientes é algo que suma importância. Por isso, a qualidade no atendimento é fator de escolha para fechar ou dar continuidade a um novo negócio. Diversas companhias têm investido fortemente na digitalização de seus sistemas de atendimento ao cliente, implementando novas ferramentas como o contato via Whatsapp, chatbot, dentre outros. Neste caso, o ideal é somar os novos canais aos de atendimento humano e e-mail para garantir a melhor experiência a seus parceiros. Na era digital, o investimento em CX é o caminho mais rápido e assertivo para fidelizar o cliente e conquistar novos admiradores da sua marca.



Diego Pontes - Gerente de Tecnologia e Negócios da Asia Shipping.


Metade dos jovens brasileiros faria dívida para investir no próprio negócio, aponta pesquisa C6 Bank / Datafolha

Levantamento indica avanço nos hábitos financeiros da nova geração, mas também preocupa no quesito informação: 64% acreditam que é possível enriquecer rápido com dicas de influenciadores

 

Os jovens brasileiros já demonstram dominar conceitos básicos de educação financeira e de como gastar o dinheiro pensando no futuro. A mais recente pesquisa do C6 Bank/Datafolha indicou, por exemplo, que 50% dos meninos e meninas de 12 a 17 anos usariam o dinheiro de um empréstimo para empreender. Outros 42% se endividariam para pagar um curso no exterior, enquanto menos de 15% aceitariam fazer uma dívida para comprar computadores ou celulares, para se dar um presente ou fazer um tratamento estético.   

O Datafolha ouviu 942 adolescentes e jovens de 12 a 17 anos, de todas as classes sociais e regiões do país, entre 18 e 25 de outubro. A margem de erro da pesquisa é de dois pontos percentuais.   

“Aos serem perguntados sobre o que os levaria a entrar numa dívida hoje para pagar no futuro, a maioria dos jovens demonstrou ter uma consciência maior em relação ao uso do dinheiro e isso é muito positivo”, diz Liao Yu Chieh, head de educação financeira do C6 Bank. “Esse tipo de dívida, nessa fase da vida, e bem planejada, pode render bons frutos no futuro. É diferente de tomar um empréstimo para fazer um gasto de consumo, comprando um carro ou um celular por exemplo.”   

Entre jovens das classes A e B, estudar fora lidera a lista de situações em que se endividar valeria a pena neste momento. Já entre os adolescentes das classes C, D e E, montar ou investir no próprio negócio seria a principal razão para assumirem uma dívida. Os dados vão na mesma direção de outras pesquisas sobre empreendedorismo que apontam um interesse crescente de jovens por ter o seu próprio negócio. 

A compra por impulso não aparece como um hábito financeiro comum entre os jovens brasileiros, segundo o levantamento do C6 Bank/Datafolha. Pelo contrário. Entre os entrevistados de todas as classes sociais, 83% afirmam que antes de comprar um item se perguntam se realmente precisam dele - lição importante para quem busca uma vida financeira saudável.   

Questionados sobre o que os faria guardar dinheiro, um terço dos jovens respondeu que manteria uma reserva para usar em caso de imprevisto e 24% para investir e ter um rendimento mensal daqui a algum tempo. Outros 20% guardariam recursos para comprar algo que queiram muito daqui a alguns meses e 16% já pensam na aposentadoria. Entre as meninas, 37% guardariam dinheiro para imprevistos e, entre meninos, 26%.  No geral, 69% afirmaram que guardam dinheiro atualmente.

 

Pouca informação 

Como era de se esperar, os jovens também são otimistas: 89% acreditam que terão uma vida financeira melhor que a de seus pais daqui a 20 anos. Os planos para o futuro, no entanto, podem esbarrar na preocupante falta de informação. A pesquisa C6 Bank/Datafolha mostrou que 75% não têm nenhum conhecimento sobre previdência privada, 73% dizem não saber nada sobre cheque especial e 68% não têm informação nenhuma sobre a bolsa de valores. Só no caso dos juros do rotativo do cartão de crédito esse percentual é mais baixo, de 44%. “A própria pesquisa nos mostra que o cartão de crédito é um produto mais presente no dia a dia dos jovens brasileiros: mais da metade toma emprestado os cartões dos pais, com a senha inclusive, quando precisa fazer alguma compra”, lembra Liao Yu Chieh.   

Além de terem pouco conhecimento sobre temas relevantes em finanças, a pesquisa mostrou que cerca de 44% buscam informações sobre como lidar com o dinheiro em perfis das redes sociais, como Instagram, Tik Tok, Twitter e Facebook. Apenas 6% afirmam buscar conteúdo em sites especializados ou de notícias. Além disso, 64% concordam que dá para ganhar muito dinheiro em pouco tempo fazendo investimentos por conta própria com base em dicas da internet. “Esse é um dado extremamente preocupante, porque são raríssimas as pessoas que ganham muito dinheiro em pouco tempo. A grande maioria perde e pode perder muito. Os que aparecem nas redes sociais e dão essa falsa impressão são na verdade sobreviventes”, afirma Liao.  

 

Produtos financeiros   

A pesquisa C6 Bank/Datafolha apontou que 29% dos adolescentes e jovens brasileiros têm algum produto financeiro em seu nome, especialmente nas classes A e B, em que o percentual é de 48%. O mais comum é ter conta com cartão de débito (20%) e poupança (14%).   

Em outubro, o C6 Bank lançou uma modalidade de conta gratuita para crianças e jovens, a conta Yellow, em que é possível receber mesada, enviar e receber Pix e fazer operações com cartão de débito - um incentivo à educação financeira, que deve começar em casa e desde muito cedo.    

A contratação da conta é feita diretamente no app no C6 Bank pelos pais ou mães dos jovens que tenham até 17 anos e seis meses de idade. Depois de uma análise, a criança ou adolescente pode baixar o aplicativo Yellow no smartphone, fazer o cadastro e escolher a cor do seu cartão de débito Mastercard. São cinco opções: amarelo, azul, verde, rosa pink e laranja. Todas as compras feitas pelas crianças são comunicadas aos responsáveis por SMS. No banco, o atendimento é feito pela conta do responsável, que também pode acompanhar a movimentação e o extrato da conta Yellow.

 


C6 Bank

https://www.c6bank.com.br


Revisão da Vida Toda: decisão do Supremo ficará para 2022?

O julgamento da Revisão da Vida Toda no Supremo Tribunal Federal (STF) é o mais aguardado pelos aposentados brasileiros. Neste processo os aposentados buscam que sejam incluídas em suas aposentadorias as contribuições anteriores a julho de 1994, início do Plano Real.

Como muitos aposentados foram prejudicados pela aplicação de uma regra de transição mais desfavorável que a regra permanente, eles requerem uma resposta do judiciário se realmente a regra para quem já estava contribuindo ao sistema pode ser mais prejudicial que àquela de quem nem filiado estava, ou seja, não havia nem entrado como contribuinte do INSS.

A Revisão da Vida Toda teve a sua jurisprudência muito dividida, onde os próprios Tribunais Regionais Federais divergiam quanto a sua possibilidade. Porém, em 11 de dezembro de 2019, o Superior Tribunal de Justiça (STJ) pacificou o assunto, decidindo de forma unânime o tema 999 com repercussão geral, e foi completamente favorável ao direito dos aposentados.

O assunto chegou no Supremo Tribunal Federal, após recurso do INSS, e teve seu julgamento iniciado em plenário virtual como Tema 1102. Teve parecer favorável do Procurador Geral da República, dos Institutos que atuaram como amigos da corte e também da Defensoria Pública da União, que posteriormente não foi aceita como amicus curiae no processo.

Até o momento, são 5 votos favoráveis aos aposentados, dentre eles o do ministro Marco Aurélio (relator) e 5 votos favoráveis ao INSS, restando  o voto final, do ministro Alexandre de Moraes, que pediu vistas desde 11 de junho de 2021. Como já se passaram mais de 5 meses, sem qualquer previsão de pautarem o processo, acreditamos que em 2021 não teremos uma solução a esta questão tão importante aos aposentados brasileiros.

O recesso forense ocorrerá entre dezembro de 2021 e janeiro de 2022, onde dificilmente a Revisão da Vida Toda será pautada. Isso vai atrasar ainda mais o processo, que já se desenrola por quase uma década.

Como é um direito pleiteado por pessoas idosas, merece aqui como destaque a alegação de suposta violação do princípio da duração razoável do processo, e o entendimento de que "a jurisdição não deve ser apenas prestada pelo Estado por conta do direito de ação, mas deve ser tempestiva e adequada, com o escopo de atingir a efetividade do direito postulado em cada demanda".

Apenas para ilustrar o artigo e simplificar a tese a ser decidida pelo Supremo Tribunal Federal: o senhor José possuía 30 anos de contribuição em 1999, ano da Reforma Previdenciária, e ainda não tinha direito adquirido a aposentar-se. Como seria injusto para o senhor José a aplicação das novas regras, mais severas, a legislação criou "regras de transição". Estas regras não traziam o melhor dos mundos, que eram as regras anteriores, mas também não eram tão severas como as novas regras permanentes. As regras de transição são criadas para não prejudicar tão abruptamente quem já está próximo da aposentadoria.

Agora, imagine a senhora Maria, que nunca havia contribuído para o INSS e estava ingressando no mercado de trabalho. Quando aposentar-se ela terá a incidência da nova legislação previdenciária, pois não existe expectativa de direito a ser respeitada (e não preservada, pois o direito adquirido não existia para o senhor José).

Em muitos casos o segurado que já estava há décadas contribuindo teve a aplicação de uma regra de transição mais desfavorável que a permanente, aplicada a quem nunca contribuiu. Isso ocorreu por não ter incluídos os maiores salários de contribuição, que foram pagos antes de julho de 1994. Como regra de transição deve sempre beneficiar, jamais prejudicar, estes aposentados, como o senhor José, querem apenas que seja aplicada a regra permanente, que será aplicada a senhora Maria.

O que o Supremo  está decidindo é se o princípio constitucional da segurança jurídica, deve ser aplicado neste caso, onde o segurado do INSS deve ter respeitado o seu direito de aplicação de regra transitória mais favorável que a permanente, ou no mínimo igual. Jamais quem está há décadas pagando a sua aposentadoria pode ter prejuízos que não foram impostos ao cidadão que ainda não se filiou ao sistema previdenciário.

Portanto, é de suma importância este julgamento, não apenas para os aposentados, mas também para toda a sociedade. Estamos aqui aguardando uma definição sobre um direito fundamental: a segurança jurídica. Este é o pilar do tão almejado e debatido "Estado Democrático de Direito", promovendo dignidade aos cidadãos.

Espero que o Supremo Tribunal Federal tenha sensibilidade com relação a essa espera, pois muitos aposentados estão falecendo enquanto aguardam o desfecho desse julgamento. E aqui deixo mais uma ressalva: a decadência. Em razão do prazo decadencial de 10 anos, após o primeiro recebimento do aposentado, este não terá mais direito ao recálculo do seu benefício se ultrapassado o prazo. A cada dia de espera pela decisão final, mais aposentados encontram o seu direito fulminado pela perda ao direito de ingressar com a ação, trazendo ainda mais economia aos cofres do INSS. A decisão ficará mesmo para o ano que vem?


 

João Badari - advogado especialista em Direito Previdenciário e sócio do escritório Aith, Badari e Luchin Advogados 

Uma em cada quatro mulheres brasileiras sofreram alguma forma de violência, aponta pesquisa apresentada em live do Me Too Brasil

 Em evento online realizado ontem, ativistas apresentaram pesquisas que apontam que os episódios acontecem dentro de casa, no deslocamento pela cidade, no trabalho e em ambientes de lazer.


Uma em cada quatro mulheres brasileiras (17 milhões) sofreram alguma forma de violência, e as pessoas do sexo feminino são as que mais temem se deslocar dentro das cidades. É o que demonstram as pesquisas do Instituto Patrícia Galvão e do Fórum Brasileiro de Segurança Pública (FBSP) apresentadas no webinar " Os Impactos da Violência no Cotidiano das Mulheres ", realizado nesta terça (30), pelo Me Too Brasil, com o apoio da Comissão da Diversidade Sexual e de Gênero da OABSP.

"A pesquisa mostra que o momento de risco para a mulher é quando ela está dentro de casa, é quando ela está no transporte público ou quando ela está no ambiente de trabalho. O assédio acontece na balada, mas não é o principal lugar de violência. Isso diz muito sobre a nossa cultura, sobre o machismo, a misoginia, sobre o racismo que são parte desse cálculo cultural do nosso dia-a-dia", destacou a Samira Bueno, diretora executiva do SBSP, que apresentou a pesquisa Visível e Invisível: A Vitimização de Mulheres no Brasil .

Já pesquisa do IPG " Segurança das mulheres nos deslocamentos pela cidade - as mulheres e seus trajetos " aponta que apenas 16% dos indivíduos que circulam pelas cidades sentem-se plenamente seguros e a sensação de insegurança não é a mesma para os diferentes grupos sociais: mulheres, pessoas com deficiência, pessoas negras, pessoas de baixa renda e população LGBTQIA+ se sentem menos seguras.

A sensação de insegurança e a violência nos deslocamentos das mulheres nas cidades é maior do que para os homens. Essa percepção aumenta enquanto avança o dia. "Esse dado é importante, pois tem a ver com o direito de ir e vir das mulheres, tem a ver com a possibilidade de trabalho, com a possibilidade de andar com segurança na cidade", explica Jacira Melo, do IPG. Entre as pessoas do sexo feminino que participaram da pesquisa sobre segurança em deslocamentos, 68% declararam ter muito medo de sair sozinha à noite no bairro onde mora. "Dentre as violências, elas têm medo de sofrer racismo, agressões físicas, sofrer estupro, importunação ou assedio sexual", afirmou.

Os dois levantamentos foram feitos com o apoio da Uber, que também realiza, em parceria com o Me Too Brasil, uma campanha educativa de combate ao assédio. Para Natália Falcón, gerente de Comunicações de Segurança do aplicativo, a violência de gênero é um complexo social que demanda soluções a longo prazo. "Os problemas que estão na sociedade, na cidade, estão refletidos na plataforma e precisamos lidar com eles. É um problema de todos nós e assumimos o compromisso de ativamente enfrentar", disse.

Marina Ganzarolli, presidente do Me Too Brasil, disse que os dados mostram a urgente necessidade de políticas públicas, de ações da sociedade civil organizada, de empresas e ações comunitárias e individuais para a prevenção, além da realização de estudos e pesquisas. Ela destacou que a organização tem realizado parcerias com empresas e organizações na luta contra a violência sexual.


Lançamento de site e vídeo educativo

O webinar foi o marco do lançamento também da nova plataforma da Me Too Brasil que, reformulado, aumentou a sua atuação para além da oferta de apoio, em parceria com a organização Justiceiras . O canal traz notícias e informações sobre violência sexual de gênero, espaço para o compartilhamento de depoimentos e voluntariado, além de vídeo sobre assedio sexual.

"As mulheres são as principais vítimas, mas a Me Too Brasil é a primeira organização brasileira que trabalha com o acolhimento de crianças e adolescentes, mulheres e homens, meninos e meninas. O nosso objetivo, nosso escopo, é o enfrentamento da violência sexual. Ponto. Não importa se é na infância ou na vida adulta, se é acometida contra mulheres ou contra homens. Hoje só temos a possibilidade de acolher voluntárias mulheres, mas a gente acolhe todas as vítimas, homens e mulheres", finaliza Ganzarolli.

Participaram do evento as diretoras da organização, as advogadas Luanda Pires e Luciana Terra e a psicóloga Mariana Luz.


Investimento em pesquisa e busca de novas tecnologias estão entre os focos da agricultura digital

     

Última edição do Ciclo ILP-FAPESP de Ciência e Inovação em 2021 reuniu quatro pesquisadores que apresentaram cenários, oportunidades e desafios a serem enfrentados pelos agroprodutores brasileiros nos próximos anos (foto: Embrapa)

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Aliar pesquisa, desenvolvimento e inovação na área da agricultura digital visando sustentabilidade e agregação de valor nas cadeias produtivas da agropecuária. Além disso, colocar à disposição dos produtores novas tecnologias que permitam o aumento da produtividade. Esses pontos estão entre os focos e desafios a serem enfrentados pelos agroprodutores brasileiros e seus parceiros nos próximos anos.

“A agricultura de precisão e a digital serão determinantes para esse novo agro que visa garantir segurança alimentar de maneira sustentável para o mundo”, disse Silvia Maria Fonseca Silveira Massruhá, chefe-geral da Embrapa Agricultura Digital, durante seminário on-line promovido pela FAPESP e pelo Instituto do Legislativo Paulista (ILP), na segunda-feira (29/11).

O evento reuniu quatro pesquisadores para tratar de tecnologias inovadoras no campo. Foi o último realizado em 2021 no âmbito do Ciclo ILP-FAPESP de Ciência e Inovação, que tem o objetivo de divulgar a legisladores, gestores públicos e sociedade em geral os avanços das pesquisas científicas financiadas com recursos públicos.

Ao apresentar tendências, desafios e oportunidades na agricultura digital, Massruhá apontou como o setor pode se beneficiar de um amplo leque de tecnologias, usando internet das coisas, mídias sociais, big data, automação, entre outros. Também mostrou soluções criadas pela Embrapa para assessorar produtores, como a Unidade Mista de Pesquisa em Genômica Aplicada a Mudanças Climáticas, aplicativos e a plataforma AgroAPI Embrapa, voltada para o mercado de tecnologias em agricultura digital, possibilitando acesso a informações e modelos agropecuários.

“É preciso passar da etapa de como usar o conteúdo digital para auxiliar os produtores na tomada de decisões de olho em uma agricultura mais autônoma. A tecnologia vem para melhorar a vida humana, a inclusão social, a sustentabilidade. E é com essa visão que temos caminhado com as tecnologias para a agricultura”, afirmou, lembrando que, com o avanço no segundo trimestre de 2021, o Produto Interno Bruto (PIB) do agronegócio nacional acumulou alta de 9,81% no primeiro semestre deste ano.

Para ela, entre os desafios ainda estão o custo da tecnologia, principalmente para pequenos e médios produtores, e as dificuldades de conectividade. No Brasil, de acordo com o último censo do setor realizado pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), existem cerca de 5 milhões de estabelecimentos agropecuários, dos quais 77% são classificados como de agricultura familiar, mas respondem por apenas 23% do valor da produção.

Além disso, somente 23% da área rural é conectada no país. Segundo estudo realizado pelo Ministério da Agricultura em parceria com a Escola Superior de Agricultura Luiz de Queiroz da Universidade de São Paulo (Esalq-USP), é possível duplicar a cobertura de internet no meio rural dobrando o atual número de antenas. Hoje são 4.400 no Brasil. Se o total de dispositivos subir para 15 mil, a cobertura passa para 90%.

“O grande produtor tem capacidade de investimento e consegue adotar a tecnologia. No caso dos pequenos e médios, é preciso ganhar escala. As cooperativas e associações de produtores foram fundamentais na comercialização de produtos e podem ser, neste novo momento, fomentadores das tecnologias digitais. Se alguns tinham resistência em usar a tecnologia, percebemos que, com a pandemia de COVID-19, eles ficaram mais sensíveis”, complementa Massruhá, citando a importância da capacitação e de incentivos à pesquisa e à inovação, como os oferecidos pela FAPESP.

A combinação de investimentos em pesquisa aliada à busca de recursos para alavancar empresas que desenvolvem produtos destinados ao campo foi um dos pontos destacados por Lucas Garcia von Zuben, biólogo, pesquisador na área de entomologia e sócio de uma startup apoiada pelo Programa Pesquisa Inovativa em Pequenas Empresas (PIPE), da FAPESP.

Von Zuben é sócio-fundador da Decoy, que criou um carrapaticida feito à base de fungos (leia mais em: revistapesquisa.fapesp.br/novos-agentes-biologicos-contra-pragas/) para combater o carrapato-do-boi, Rhipicephalus (Boophilus) microplus, considerado um dos piores inimigos dos rebanhos. A praga chega a causar prejuízos de US$ 3 bilhões ao ano, segundo pesquisa publicada na Revista Brasileira de Parasitologia Veterinária. Atualmente, o carrapaticida vem sendo utilizado em 800 fazendas produtoras de gado, com mais de 210 mil cabeças tratadas.

“Do ponto de vista de inovação, o controle biológico vive uma efervescência tecnológica. Os investimentos que a FAPESP vem fazendo em projetos nessa área mostram a evolução. Ressalto a Fundação porque ela tem um papel central na inovação. É importante entender que os investimentos não se encerram no PIPE. É preciso uma combinação de incentivo à pesquisa e ao desenvolvimento com investidores externos que vão alavancar outros aspectos do negócio”, destacou.

Segundo o pesquisador, o controle biológico é a nova fronteira quando se trata de combate a pragas. “Estamos vivendo um esgotamento químico, que tem deixado de entregar os resultados que o produtor espera. Um vetor que puxa essa fronteira é o próprio produtor e o outro vem do mercado consumidor, que, por exemplo, aumentou o consumo de orgânicos em 30%.”

Para Von Zuben, há um movimento de mudança no campo e o protagonista será a biologia. “Mais do que uma transição tecnológica em si, ela está alinhada a uma questão fundamental: todos estão conectados em rede. É preciso entender que somos parte de uma rede interdependente e conectada entre todos os seres vivos.”

Novas frentes

O investimento em startups para desenvolver produtos e equipamentos de menor custo foi um dos pontos citados pela pesquisadora Clíssia Barboza da Silva, do Centro de Energia Nuclear na Agricultura (Cena-USP), ao falar sobre a interação com a pesquisa.

“Com o conhecimento gerado pelos estudos é possível criar equipamentos de menor custo para obter resultados precisos”, afirmou Silva, que apresentou como a inteligência artificial combinada com imagens abre caminho para a análise da qualidade de sementes agrícolas.

Com financiamento da FAPESP por meio de Apoio a Jovens Pesquisadores, Silva vem trabalhando em estudos de sistemas de imagens combinados com inteligência artificial para serem usados no processo de análise da qualidade de sementes.

São empregadas tecnologias baseadas em luz para obter imagens das sementes, analisadas e interpretadas por máquinas específicas para o trabalho. A técnica mantém as amostras de sementes intactas e não gera resíduos, como metodologias convencionais, porque não requer uso de substratos ou reagentes. Além disso, os resultados são obtidos mais rapidamente do que as análises convencionais, que demoram de sete dias a semanas para ficarem prontas.

O processo de análise da qualidade das sementes é exigido por lei e feito de forma manual por analistas credenciados pelo Ministério da Agricultura.

Um dos trabalhos citados pela pesquisadora durante o evento é o realizado para detectar fungos em sementes de Jatropha curcas, conhecida como pinhão-manso e usada na produção de biodiesel. Em dezembro do ano passado, artigo publicado na Frontiers in Plant Science, um dos principais periódicos científicos internacionais na área da agricultura, mostrou o uso da técnica em sementes de tomate e cenoura (leia mais em: agencia.fapesp.br/35224/).

"Temos conseguido desenvolver pesquisas de alto nível, tornando o setor sementeiro altamente competitivo mundialmente. Temos recebido prêmios internacionais, publicado em revistas de alto impacto, contribuindo para o setor de semente agrícola do país, particularmente no Estado de São Paulo", afirmou.

Outra tecnologia disruptiva empregada na agricultura e apresentada no seminário foi a que usa radares de precisão inteligente, cujo projeto é coordenado pelo professor Hugo Enrique Hernández Figueroa, da Faculdade de Engenharia Elétrica e de Computação da Universidade Estadual de Campinas (FEEC-Unicamp).

O professor detalhou o impacto do uso do sistema de radar de abertura sintética (SAR) de banda tripla transportado por drones. “O radar em drone traz uma série de vantagens para a agricultura. É capaz de calcular com alta precisão vários parâmetros", afirmou. Entre os exemplos citados por Figueroa estão mapas de umidade e afundamento de solo e de predição de biomassa acima do solo.

Ele também mostrou projeto desenvolvido para monitorar o crescimento da cana-de-açúcar com o objetivo de estimar o melhor momento para a colheita. "Temos criado software específico para cana-de-açúcar, com impacto de 10% a 20% na produção. Há inúmeras aplicações e cada uma delas pode ser um produto, integrando hardware e software", afirmou.

A moderação do evento foi realizada pelo diretor-presidente da FAPESP, Carlos Américo Pacheco. "Lembro que a última vez em que fui presencialmente à Agrishow [Feira Internacional de Tecnologia Agrícola em Ação] parecia uma feira de produtos eletrônicos. Uma feira agrícola que só tinha eletrônicos. Ouvindo vocês falarem me convenço que o digital é para valer", finalizou Pacheco.

A íntegra do evento está disponível em: www.youtube.com/watch?v=Mncu5rZ76dM&list=PLlFwpa8d7xSyXXZHSPcrtrYW3WtBuNh-w&index=1.

 

  

Luciana Constantino

Agência FAPESP

https://agencia.fapesp.br/investimento-em-pesquisa-e-busca-de-novas-tecnologias-estao-entre-os-focos-da-agricultura-digital/37461/


Caminhada pelo Fim da Violência contra Mulheres e Meninas será realizada no próximo domingo (5) na Avenida Paulista

Com o slogan "Eu meto a colher sim", o Grupo Mulheres do Brasil pretende reunir mais de 2 mil pessoas para protestar contra o aumento no índice de violência no país 

 

O Grupo Mulheres do Brasil, fundado pela empresária Luiza Helena Trajano, realizará no próximo domingo, dia 05 de dezembro, mais uma "Caminhada pelo Fim da Violência contra Mulheres e Meninas". O evento será na Avenida Paulista, com concentração a partir das 9h, em frente ao número 2.440. A estimativa é que neste ano cerca de 2 mil pessoas que irão colorir de laranja a avenida.   

Com o slogan "Eu meto a colher sim", o Grupo Mulheres do Brasil convida toda a sociedade brasileira a participar deste evento em São Paulo e nas cidades com núcleo estabelecido a mais de um ano.  Homens também foram convidados a participar, justamente porque  essa causa é de toda a sociedade, mulheres e homens, temos que andar lado a lado para mudar essa realidade. 

O combate a violência contra mulher é uma causa global do Grupo Mulheres do Brasil, “isso porque para o grupo ‘cada mulher conta” e isso significa que cada vida conta! Não há como silenciar diante dos números da violência contra mulheres e meninas”. 

Segundo Luiza Helena Trajano, presidente do Grupo Mulheres do Brasil, será uma grande mobilização que colocará nas ruas a voz de todas as pessoas, pedindo um basta aos índices inaceitáveis da violência contra mulheres e meninas. “Durante a pandemia, a violência contra as mulheres cresceu 20% nas cidades brasileiras, não podemos assistir a isso passivamente. Temos que mudar essa realidade urgente, é a união de toda a sociedade por uma causa global”, conclui a executiva. 

O núcleo de Santos, recentemente fundado, tem como lideranças Christine Martins e Maria José e como líderes do Comitê de Combate à Violência contra Mulheres e Meninas a advogada Mayra Vieira Dias e a psicóloga Márcia Atik, que estarão presentes no evento de São Paulo e com elas várias pessoas da comunidade santista.   

"A violência contra mulheres e meninas tem aumentado significativamente nos últimos anos, por isso não podemos nos calar. Não fique de fora deste evento tão grandioso e necessário que dá visibilidade a este tema tão importante que é o combate a violência contra a mulher. Meta a colher sim!", convoca Mayra Dias Vieira

 

Campanha 

A caminhada é parte da Campanha “16 Dias de Ativismo pelo Fim da Violência contra as Mulheres” que é uma mobilização global da sociedade civil em torno desse tema. No Brasil a campanha dura 21 dias, pois começa em 20 de novembro, Dia Nacional da Consciência Negra, e se encerra em 10 de dezembro, Dia Internacional dos Direitos Humanos – nos demais países ocorre entre 25 de novembro, Dia Internacional para a Eliminação da Violência contra as Mulheres, e 10 de dezembro. 

A cor laranja foi escolhida pela ONU para criar-se uma visão simbólica de um mundo brilhante e positivo, o ideal de um mundo livre da violência contra as mulheres e meninas. 

A ONU Brasil mobiliza parcerias com o governos, parlamentos, sistema de justiça, empresas e sociedade civil com o tema “UNA-SE pelo fim da violência contra as mulheres e meninas – esse ano com o tema: Vida e dignidade para todas” em apoio à iniciativa internacional 16 Dias de Ativismo pelo Fim da Violência contra as Mulheres.  

Em todo o mundo, a ONU está abordando o tema: “Pinte o mundo de laranja: fim da violência contra as mulheres agora!”. 

A campanha da ONU Brasil faz o chamamento para a união de esforços e de ações para garantir a vida e a dignidade de todas as mulheres e meninas, inclusive no período de recuperação da pandemia da Covid-19. A pandemia exacerbou fatores de risco para a violência contra mulheres e meninas, incluindo desemprego e pobreza, e reforçou muitas das causas profundas, como estereótipos de gênero e normas sociais prejudiciais.

 

Serviço 

"Caminhada pelo Fim da Violência contra Mulheres e Meninas" 

Data - 05 de dezembro 

Local - Avenida Paulista, às 10h, com concentração a partir das 9h em frente ao número 2440 

Mais informações: Instagram: @grupomulheresdobrasilsantos

 

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