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quinta-feira, 2 de dezembro de 2021

Uma em cada quatro mulheres brasileiras sofreram alguma forma de violência, aponta pesquisa apresentada em live do Me Too Brasil

 Em evento online realizado ontem, ativistas apresentaram pesquisas que apontam que os episódios acontecem dentro de casa, no deslocamento pela cidade, no trabalho e em ambientes de lazer.


Uma em cada quatro mulheres brasileiras (17 milhões) sofreram alguma forma de violência, e as pessoas do sexo feminino são as que mais temem se deslocar dentro das cidades. É o que demonstram as pesquisas do Instituto Patrícia Galvão e do Fórum Brasileiro de Segurança Pública (FBSP) apresentadas no webinar " Os Impactos da Violência no Cotidiano das Mulheres ", realizado nesta terça (30), pelo Me Too Brasil, com o apoio da Comissão da Diversidade Sexual e de Gênero da OABSP.

"A pesquisa mostra que o momento de risco para a mulher é quando ela está dentro de casa, é quando ela está no transporte público ou quando ela está no ambiente de trabalho. O assédio acontece na balada, mas não é o principal lugar de violência. Isso diz muito sobre a nossa cultura, sobre o machismo, a misoginia, sobre o racismo que são parte desse cálculo cultural do nosso dia-a-dia", destacou a Samira Bueno, diretora executiva do SBSP, que apresentou a pesquisa Visível e Invisível: A Vitimização de Mulheres no Brasil .

Já pesquisa do IPG " Segurança das mulheres nos deslocamentos pela cidade - as mulheres e seus trajetos " aponta que apenas 16% dos indivíduos que circulam pelas cidades sentem-se plenamente seguros e a sensação de insegurança não é a mesma para os diferentes grupos sociais: mulheres, pessoas com deficiência, pessoas negras, pessoas de baixa renda e população LGBTQIA+ se sentem menos seguras.

A sensação de insegurança e a violência nos deslocamentos das mulheres nas cidades é maior do que para os homens. Essa percepção aumenta enquanto avança o dia. "Esse dado é importante, pois tem a ver com o direito de ir e vir das mulheres, tem a ver com a possibilidade de trabalho, com a possibilidade de andar com segurança na cidade", explica Jacira Melo, do IPG. Entre as pessoas do sexo feminino que participaram da pesquisa sobre segurança em deslocamentos, 68% declararam ter muito medo de sair sozinha à noite no bairro onde mora. "Dentre as violências, elas têm medo de sofrer racismo, agressões físicas, sofrer estupro, importunação ou assedio sexual", afirmou.

Os dois levantamentos foram feitos com o apoio da Uber, que também realiza, em parceria com o Me Too Brasil, uma campanha educativa de combate ao assédio. Para Natália Falcón, gerente de Comunicações de Segurança do aplicativo, a violência de gênero é um complexo social que demanda soluções a longo prazo. "Os problemas que estão na sociedade, na cidade, estão refletidos na plataforma e precisamos lidar com eles. É um problema de todos nós e assumimos o compromisso de ativamente enfrentar", disse.

Marina Ganzarolli, presidente do Me Too Brasil, disse que os dados mostram a urgente necessidade de políticas públicas, de ações da sociedade civil organizada, de empresas e ações comunitárias e individuais para a prevenção, além da realização de estudos e pesquisas. Ela destacou que a organização tem realizado parcerias com empresas e organizações na luta contra a violência sexual.


Lançamento de site e vídeo educativo

O webinar foi o marco do lançamento também da nova plataforma da Me Too Brasil que, reformulado, aumentou a sua atuação para além da oferta de apoio, em parceria com a organização Justiceiras . O canal traz notícias e informações sobre violência sexual de gênero, espaço para o compartilhamento de depoimentos e voluntariado, além de vídeo sobre assedio sexual.

"As mulheres são as principais vítimas, mas a Me Too Brasil é a primeira organização brasileira que trabalha com o acolhimento de crianças e adolescentes, mulheres e homens, meninos e meninas. O nosso objetivo, nosso escopo, é o enfrentamento da violência sexual. Ponto. Não importa se é na infância ou na vida adulta, se é acometida contra mulheres ou contra homens. Hoje só temos a possibilidade de acolher voluntárias mulheres, mas a gente acolhe todas as vítimas, homens e mulheres", finaliza Ganzarolli.

Participaram do evento as diretoras da organização, as advogadas Luanda Pires e Luciana Terra e a psicóloga Mariana Luz.


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