Com o fim
do ano se aproximando, é comum perceber um certo ar de melancolia no ar.
Mundialmente, cerca de 1 em cada 6 pessoas sofre com solidão, que está ligada a
mais de 871 mil mortes por ano, segundo a OMS. No Brasil, 18,6% dos domicílios
são unipessoais, o que evidencia uma forte tendência ao isolamento.
As festas
prometem alegria, mas para muita gente, o que surge é um vazio difícil de
explicar. Essa sensação, segundo o psicanalista Betto Alves, especialista em
inteligência emocional, tem muito a ver com o isolamento crescente nas relações
humanas, algo que se intensificou nos últimos anos. “As pessoas estão cada vez mais
conectadas digitalmente, mas emocionalmente desconectadas. Vivemos um paradoxo:
nunca foi tão fácil falar com alguém, e nunca foi tão difícil ser realmente
ouvido”, explica Betto.
A chamada
síndrome de fim de ano costuma escancarar essa distância emocional. É quando o
silêncio da casa parece mais alto, os reencontros familiares trazem lembranças
difíceis e a natureza, um ser de vínculo. Quando ele se isola,
mesmo que de forma inconsciente, começa a perder a referência do outro e de si
mesmo. É daí que vem aquela sensação de angústia sem motivo”, comenta o
psicanalista. Betto explica que a falta de convivência afetiva gera uma
carência emocional silenciosa. O contato humano é uma forma de espelho: é no
olhar do outro que validamos nossa existência, nossas conquistas e até nossas
dores. Sem isso, o indivíduo começa a duvidar do próprio valor. “A ausência de
laços reais cria um vazio que nenhuma rede social ou sucesso profissional
consegue preencher. As relações são o oxigênio da psique”, ressalta.
E por que
isso se acentua no fim do ano?
Segundo o especialista, esse período funciona como um grande espelho emocional. É o momento em que as pessoas param, ainda que por poucos dias e percebem o quanto estão distantes de si mesmas e dos outros. “O silêncio do Natal é, para muitos, o barulho da solidão. Quando falta afeto, o brilho das festas se transforma em um lembrete doloroso de tudo o que não se viveu”, diz Betto. Mas o psicanalista faz questão de destacar que essa solidão não é uma sentença: é um sinal de alerta. “A solidão pode ser transformadora se a pessoa olhar para ela com honestidade. É o convite para reconstruir laços, reaproximar-se da vida, e entender que pedir ajuda não é fraqueza é maturidade emocional”, finaliza.
Betto Alves - Psicanalista especialista em Desenvolvimento Humano
@betto.psicanalista
betto@zipro.com.br
https://www.linkedin.com/in/bettoalves/

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