Profissionais destacam que a tentativa de “recuperar o corpo perdido” em poucas semanas pode gerar lesões, efeito rebote e sobrecarga ao organismo
A aproximação do verão costuma acender um gatilho
conhecido: a corrida repentina para “compensar” meses de sedentarismo e
descuido alimentar. O movimento já é percebido por profissionais de saúde e
atividade física, que observam a chegada de alunos determinados a intensificar
treinos e dietas de maneira brusca, um comportamento que, segundo
especialistas, traz mais riscos do que resultados.
“Todos os anos, quando o calor chega, há um aumento
expressivo de pessoas tentando recuperar em poucas semanas aquilo que não foi
cuidado durante o ano inteiro. Esse tipo de mudança radical no treino é
perigoso, porque o corpo não está preparado”, alerta Anderson Moraes, personal
trainer e proprietário da Academia Seven7Play. Ele explica que o aumento repentino
de cargas e volume de exercícios é uma das principais portas de entrada para
lesões, inflamações e até episódios de fadiga extrema.
Segundo o profissional, há ainda um componente emocional
que intensifica esse quadro. “A comparação e a pressa fazem com que muitos
ultrapassem limites básicos de segurança. O resultado é o oposto do desejado:
em vez de evolução, surge dor, afastamento dos treinos e frustração”, reforça
Moraes.
A pressa por resultados também se reflete na alimentação,
outro ponto que desperta preocupação entre nutricionistas. Claudia Laskanski,
nutricionista clínica, observa que dietas restritivas e estratégias de emagrecimento
acelerado voltam a circular com força nesta época do ano.
“A ideia de ‘secar rápido para o verão’ leva muitas pessoas
a adotarem comportamentos alimentares extremos, como cortar grupos inteiros de
alimentos, treinar em jejum sem orientação ou usar recursos que prometem
resultados imediatos. Esses excessos podem comprometer o metabolismo, diminuir
a imunidade e criar ciclos de compulsão”, explica Laskanski.
Principais riscos dos excessos de verão
- Lesões
musculares e articulares devido ao aumento súbito de intensidade
e carga.
- Quedas
de pressão, tonturas e náuseas provocadas por treinos intensos sem
reposição adequada.
- Efeito
rebote,
comum após dietas agressivas, levando ao reganho rápido de peso.
- Alterações
metabólicas e hormonais associadas a restrições alimentares
severas.
- Baixa
imunidade,
deixando o organismo mais vulnerável a infecções.
Dicas práticas para um início seguro e
sustentável
1. Comece devagar, mas comece certo
Planos progressivos são mais eficazes do que mudanças
bruscas. Aumentos graduais de carga reduzem risco de lesão.
2. Ajuste as expectativas
Resultados consistentes levam tempo. Segundo Anderson
Moraes, “a constância vale mais do que a intensidade ocasional”.
3. Abandone dietas milagrosas
Claudia Laskanski lembra que “a alimentação precisa ser
equilibrada, e não uma punição”. Carboidratos, proteínas e gorduras têm funções
essenciais.
4. Hidrate-se adequadamente
No calor, o organismo perde mais líquidos. Treinos
intensos exigem reposição constante.
5. Ouça o corpo
Sinais como dor aguda, tontura e exaustão não devem ser
ignorados.
6. Procure orientação profissional
Treinadores e nutricionistas ajudam a personalizar
rotinas que respeitam limites individuais.
Mudanças sustentáveis geram resultados
duradouros
O alerta dos especialistas reforça a necessidade de
transformar o ímpeto do verão em oportunidade de criar hábitos permanentes.
“Mais importante do que uma estética de temporada é construir saúde para o ano
todo”, resume Anderson Moraes.
Claudia Laskanski concorda e completa: “Quando a
motivação é apenas o verão, a pessoa entra em ciclos de excesso e culpa. Quando
a motivação é saúde, o processo se torna leve, contínuo e realmente
transformador”.

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