Pesquisar no Blog

sexta-feira, 19 de dezembro de 2025

Vencedor do Coelho de Prata de melhor espetáculo no 33º Festival Mix Brasil, Aqui, Agora, Todo Mundo estreia no Teatro Sérgio Cardoso em janeiro de 2026

Embalado pelas canções de Jaloo, primeiro solo de Felipe Barros é inspirado na história de Alexandre Mortagua, e propõe reflexão sobre saúde mental, identidade e pertencimento 



Crédito: Kim Leekyung


"E se a sua mente fosse um quebra-cabeça que só os outros conseguem montar?" (trecho da peça)

 

Um homem gay tenta reconstruir a própria história depois de atravessar o limite da existência em Aqui, Agora, Todo Mundo, o primeiro solo teatral de Felipe Barros, que venceu o prêmio Coelho de Prata de melhor espetáculo no 33º Festival Mix Brasil. O trabalho, dirigido por Heitor Garcia, tem sua temporada de estreia no Teatro Sérgio Cardoso, de 24 de janeiro a 1º de março de 2026, com sessões aos sábados, domingos e segundas, às 19h.

Inspirada no livro autobiográfico homônimo de Alexandre Mortagua, o espetáculo aborda os caminhos do entendimento de sua depressão que acompanha a vida do escritor e cineasta há anos. 

Em cena, as lembranças surgem como flashes: a família, os amores, as dores escondidas, os silêncios que moldam quem somos. Nada é linear. Nada é óbvio. Entre o real e o imaginário, entre o trauma e a reinvenção, o personagem convida o público a entrar em sua cabeça, um território instável, íntimo e poético, onde cada cena é um fragmento de memória, um eco de vivência.

A narrativa se organiza como o funcionamento da mente sob a lente da depressão: quebrada, labiríntica, em looping. O público assume um papel ativo, guiando a ordem dos acontecimentos e provocando revelações inesperadas. O espetáculo se transforma a cada sessão, fazendo da experiência algo único e irrepetível.

Aqui, agora, todo mundo é também um chamado coletivo, uma evocação à presença, à escuta e ao pertencimento. A peça não fala apenas sobre saúde mental, mas sobre sobrevivência emocional em uma sociedade que ainda marginaliza corpos dissidentes, especialmente os da comunidade LGBTQIAPN+. O texto atravessa temas como a autoimagem, uma adolescência gay, a pressão da performance social e a busca por afeto em meio ao caos.

É um grito mudo e uma dança urgente. É um convite à escuta de um corpo que resiste, mesmo quando tudo dentro dele parece querer desaparecer.


Ao som de Jaloo

Elementos teatrais servem para contribuir com o entendimento da história. A Jaloo possui um pensamento muito eloquente sobre saúde mental, e isso está profundamente ilustrado em sua obra, especialmente na perspectiva da influência externa, que também abordamos no espetáculo.

Durante o processo de descoberta da imagem sonora que o espetáculo teria, fomos explorando o universo musical da Jaloo, suas histórias e referências, e, a cada nova escuta, a música trazia um colorido especial à nossa narrativa. As letras pareciam dialogar com as memórias da personagem.

Nesse processo, a DJ Agatha teve um papel fundamental: foi ela quem realizou toda a decupagem da obra da Jaloo, selecionando os melhores trechos e propondo a transformação de música como trilha sonora da peça. Seu trabalho de curadoria e de desenho de som permitiu que cada música conversasse com cada cena, criando um elo sensível entre as emoções da personagem e o ritmo da narrativa. A partir dessa construção sonora, os elementos musicais se tornaram um fio condutor capaz de sustentar e potencializar o entendimento dessa encenação fragmentada.

Jaloo, nome artístico de Jade de Souza Melo, é uma cantora, produtora e DJ brasileira, expoente do pop, indie e eletrônico paraense, conhecida por sua fusão de ritmos regionais com batidas eletrônicas e visuais marcantes, celebrando sua identidade não-binária e de gênero fluido, usando pronomes femininos e explorando temas de transição e autoconhecimento em sua música e videoclipes. 


Ficha Técnica

Baseado no livro homônimo de Alexandre Mortagua 

Texto, Dramaturgia e Atuação: Felipe Barros

Direção e Dramaturgia: Heitor Garcia

Assistente de direção: Mayara Dornas

Preparação do Ator: Mayara Dornas e Estrela Strauss

Fonoaudióloga: Lucya Gayotto

Produção: Jess Rezende

Desenho de Luz: Rodrigo Pivetti

Som: DJ Agatha

Trilha Sonora: Jaloo

Cenografia: Marco Paes 

Cenotécnico: Marcio Espirro 

Assistente Cenotécnico: Pedro Anthony

Figurino: Heitor Garcia e Felipe Barros

Visagismo: Keyla Issobe

Arte: João Rigoni e Nítido + Felipe Barros + Heitor Garcia + Alexandre Mortagua

Assessoria de Imprensa: Pombo Correio e Vira Comunicação

Redes Sociais: Pedro Graneiro

Tráfego Pago: Lead Perfomance

Fotos: Kim Leekyung

Produção Executiva: Felipe Barros, Heitor Garcia e Alexandre Mortagua

Realização: Malisgüe Produções


Sinopse

Um garoto à beira de um abismo. Curvado sobre o parapeito de sua varanda, ele não salta, mas também não recua. Nesse instante suspenso, sua história explode como um quebra-cabeça lançado ao ar, cujas peças caem em desordem. A partir desse limite entre o fim e a possibilidade de continuar, o espetáculo convida o público a mergulhar na mente de um homem em reconstrução. Entre memórias que surgem fora de ordem, como quem tenta remontar um passado que já não se encaixa, acompanhamos a jornada de uma criança gay sensível que atravessa a vida adulta marcada por afetos intensos, silêncios dolorosos, heranças familiares tortas e a solidão de existir em um corpo dissidente.


Serviço 

Aqui, Agora, Todo Mundo

Temporada: 24 de janeiro a 1º de março de 2026 (exceto nos dias 12 a 15/2)*

Aos sábados, domingos e segundas-feiras, às 19h.

*Dias 2, 9 e 23 de fevereiro - Roda de conversa com convidados após o

espetáculo.

Teatro Sérgio Cardoso - R. Rui Barbosa, 153 - Bela Vista, São Paulo

Ingressos: R$ 80 (inteira) R$ 40 (meia-entrada)

Lista Trans Free: envie e-mail para aquiagoratodomundo@gmail.com

Vendas online em Sympla

Classificação: 14 anos

Duração: 60 minutos.

Capacidade: 144 lugares 

Instagram: @aquiagoratodomundo


Nenhum comentário:

Postar um comentário

Posts mais acessados