Embalado pelas canções de Jaloo, primeiro solo de Felipe
Barros é inspirado na história de Alexandre Mortagua, e propõe reflexão
sobre saúde mental, identidade e pertencimento
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| Crédito: Kim Leekyung |
"E se a sua mente fosse um quebra-cabeça que só os outros conseguem montar?" (trecho da peça)
Um
homem gay tenta reconstruir a própria história depois de atravessar o limite da
existência em Aqui, Agora, Todo Mundo, o primeiro solo teatral de Felipe
Barros, que venceu o prêmio Coelho de Prata de melhor espetáculo no 33º
Festival Mix Brasil. O trabalho, dirigido por Heitor Garcia, tem sua
temporada de estreia no Teatro Sérgio Cardoso, de 24 de janeiro a 1º de março
de 2026, com sessões aos sábados, domingos e segundas, às 19h.
Inspirada
no livro autobiográfico homônimo de Alexandre Mortagua, o espetáculo
aborda os caminhos do entendimento de sua depressão que acompanha a vida do
escritor e cineasta há anos.
Em
cena, as lembranças surgem como flashes: a família, os amores, as dores
escondidas, os silêncios que moldam quem somos. Nada é linear. Nada é óbvio.
Entre o real e o imaginário, entre o trauma e a reinvenção, o personagem
convida o público a entrar em sua cabeça, um território instável, íntimo e
poético, onde cada cena é um fragmento de memória, um eco de vivência.
A
narrativa se organiza como o funcionamento da mente sob a lente da depressão:
quebrada, labiríntica, em looping. O público assume um papel ativo, guiando a
ordem dos acontecimentos e provocando revelações inesperadas. O espetáculo se
transforma a cada sessão, fazendo da experiência algo único e irrepetível.
Aqui,
agora, todo mundo é também um chamado coletivo, uma
evocação à presença, à escuta e ao pertencimento. A peça não fala apenas sobre saúde
mental, mas sobre sobrevivência emocional em uma sociedade que ainda
marginaliza corpos dissidentes, especialmente os da comunidade LGBTQIAPN+.
O texto atravessa temas como a autoimagem, uma adolescência gay, a pressão da
performance social e a busca por afeto em meio ao caos.
É um
grito mudo e uma dança urgente. É um convite à escuta de um corpo que resiste,
mesmo quando tudo dentro dele parece querer desaparecer.
Ao
som de Jaloo
Elementos
teatrais servem para contribuir com o entendimento da história. A Jaloo possui
um pensamento muito eloquente sobre saúde mental, e isso está profundamente
ilustrado em sua obra, especialmente na perspectiva da influência externa, que
também abordamos no espetáculo.
Durante
o processo de descoberta da imagem sonora que o espetáculo teria, fomos
explorando o universo musical da Jaloo, suas histórias e referências, e, a cada
nova escuta, a música trazia um colorido especial à nossa narrativa. As letras
pareciam dialogar com as memórias da personagem.
Nesse
processo, a DJ Agatha teve um papel fundamental: foi ela quem realizou
toda a decupagem da obra da Jaloo, selecionando os melhores trechos e propondo
a transformação de música como trilha sonora da peça. Seu trabalho de curadoria
e de desenho de som permitiu que cada música conversasse com cada cena, criando
um elo sensível entre as emoções da personagem e o ritmo da narrativa. A partir
dessa construção sonora, os elementos musicais se tornaram um fio condutor
capaz de sustentar e potencializar o entendimento dessa encenação fragmentada.
Jaloo, nome artístico de Jade de Souza Melo, é uma cantora,
produtora e DJ brasileira, expoente do pop, indie e eletrônico paraense,
conhecida por sua fusão de ritmos regionais com batidas eletrônicas e visuais
marcantes, celebrando sua identidade não-binária e de gênero fluido, usando
pronomes femininos e explorando temas de transição e autoconhecimento em sua
música e videoclipes.
Ficha Técnica
Baseado no livro homônimo de Alexandre Mortagua
Texto, Dramaturgia e Atuação: Felipe Barros
Direção e Dramaturgia: Heitor Garcia
Assistente de direção: Mayara Dornas
Preparação do Ator: Mayara Dornas e Estrela Strauss
Fonoaudióloga: Lucya Gayotto
Produção: Jess Rezende
Desenho de Luz: Rodrigo Pivetti
Som: DJ Agatha
Trilha Sonora: Jaloo
Cenografia: Marco Paes
Cenotécnico: Marcio Espirro
Assistente Cenotécnico: Pedro Anthony
Figurino: Heitor Garcia e Felipe Barros
Visagismo: Keyla Issobe
Arte: João Rigoni e Nítido + Felipe Barros + Heitor Garcia +
Alexandre Mortagua
Assessoria de Imprensa: Pombo Correio e Vira Comunicação
Redes Sociais: Pedro Graneiro
Tráfego Pago: Lead Perfomance
Fotos: Kim Leekyung
Produção Executiva: Felipe Barros, Heitor Garcia e Alexandre
Mortagua
Realização: Malisgüe Produções
Sinopse
Um
garoto à beira de um abismo. Curvado sobre o parapeito de sua varanda, ele não
salta, mas também não recua. Nesse instante suspenso, sua história explode como
um quebra-cabeça lançado ao ar, cujas peças caem em desordem. A partir desse
limite entre o fim e a possibilidade de continuar, o espetáculo convida o
público a mergulhar na mente de um homem em reconstrução. Entre memórias que
surgem fora de ordem, como quem tenta remontar um passado que já não se
encaixa, acompanhamos a jornada de uma criança gay sensível que atravessa a
vida adulta marcada por afetos intensos, silêncios dolorosos, heranças
familiares tortas e a solidão de existir em um corpo dissidente.
Serviço
Aqui, Agora, Todo
Mundo
Temporada: 24 de janeiro a 1º de março de 2026 (exceto nos dias 12 a
15/2)*
Aos sábados, domingos e
segundas-feiras, às 19h.
*Dias 2, 9 e 23 de fevereiro - Roda de
conversa com convidados após o
espetáculo.
Teatro Sérgio
Cardoso - R. Rui Barbosa, 153 - Bela Vista, São
Paulo
Ingressos: R$ 80 (inteira) R$ 40 (meia-entrada)
Lista Trans Free: envie e-mail para aquiagoratodomundo@gmail.com
Vendas online em Sympla
Classificação: 14 anos
Duração: 60 minutos.
Capacidade: 144 lugares
Instagram: @aquiagoratodomundo

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