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sexta-feira, 19 de dezembro de 2025

Saúde mental é essencial para quase 70%, mas só 8% fazem terapia, aponta estudo

Levantamento da Fully em parceria com dr.consulta, revela que, apesar do avanço das conversas sobre saúde mental, a prática ainda não acompanha o discurso; 49% dos entrevistados relatam investir acima de R$ 600 mensais em práticas de autocuidado

 

O novo levantamento da Fully Ecosystem, plataforma de bem-estar pertencente ao grupo Prudential, em conjunto com o dr.consulta, revela um contraste entre discurso e prática quando o assunto é saúde mental. Embora 67% dos entrevistados afirmem que cuidar da mente é “extremamente importante”, apenas 8% de fato investem em terapia, meditação ou outras formas estruturadas de autocuidado. A pesquisa, que ouviu 1.392 pessoas, investigou como diferentes gerações, gêneros e perfis socioeconômicos lidaram com o autocuidado ao longo deste ano. 

Entre os recortes geracionais e de gênero, os dados mostram que a percepção de importância é ainda mais intensa entre os mais jovens, até 30 anos, e entre o grupo de 51 a 60 anos, justamente as faixas que mais classificam a saúde mental como tema “extremamente importante”. O mesmo movimento aparece entre as mulheres, que se destacam como o público mais sensível e atento ao tema.
 

Os obstáculos invisíveis entre valorizar a saúde mental e investir em terapia

“A contradição entre reconhecer a saúde mental como extremamente importante e, ainda assim, não investir em terapia ou em outras práticas estruturadas vai além do simples desinteresse. Para muitas pessoas, o acesso permanece limitado por fatores como custo, falta de tempo, oferta restrita de profissionais e entraves dos convênios. Soma-se a isso o estigma persistente - a ideia de que terapia é apenas para quem está em crise ou é ‘louco’ -, além do medo de encarar conteúdos dolorosos ou de ser julgado. Paralelamente, observa-se uma tendência crescente de substituir o acompanhamento profissional por formas imediatas de autocuidado, como academia, estética, viagens e consumo, que aliviam o estresse no curto prazo, mas não necessariamente transformam padrões emocionais. Por fim, a cultura da alta performance e a crença de que é preciso dar conta sozinho fazem com que muitos adiem a busca por ajuda, mesmo quando já percebem impactos significativos na qualidade de vida”, afirma a psicóloga do dr.consulta, Cibele Pejan. 

A especialista pontua que a cultura da alta performance reforça o adiamento da ajuda, sustentada por frases como ‘não tenho tempo’ ou ‘dou conta sozinho’. Nesse contexto, vale a síntese de Carl Rogers: ‘o curioso paradoxo é que, quando me aceito como sou, então posso mudar’, indicando que a mudança real exige um espaço estruturado de reconhecimento e elaboração, e não apenas intenção ou discurso.
 

Definição de autocuidado

Quando os respondentes foram convidados a dizer o que significa “autocuidado”, a resposta foi muito além de rituais ou práticas isoladas. Para 75%, o conceito está diretamente ligado a buscar equilíbrio entre todas as áreas da vida, revelando uma visão mais ampla e integrada do bem-estar. A saúde mental e emocional aparece em segundo plano, citada por 13%, seguida do cuidado com o corpo (exercícios, alimentação e sono) lembrado por 9%. Já apenas 2% associam autocuidado a ter tempo para lazer e descanso, enquanto 1% o relaciona à estabilidade financeira. 

“Os dados reforçam a urgência de quebrarmos os tabus que ainda cercam o autocuidado, um tema que atravessa todas as gerações”, afirma Vivian Muniz, VP de Marketing, Produto e Customer Experience da Fully Ecosystem. “O autocuidado tem significados múltiplos: se colocar no centro pode envolver desde consultas médicas até momentos de lazer, como ir ao salão, encontrar amigos ou simplesmente reservar tempo para si. Quanto mais as pessoas compreenderem o quanto esse conceito é amplo, mais conseguirão escolher e investir nas práticas que realmente fazem sentido para elas e, com isso, colher benefícios reais para sua saúde e suas relações”, diz.
 

Investimento de tempo e dinheiro

O levantamento mostra também que o autocuidado já ocupa espaço significativo no orçamento mensal. Quase metade dos entrevistados (49%) afirma investir mais de R$ 600 por mês em práticas de bem-estar físico, mental ou financeiro, um patamar que indica a consolidação do tema como prioridade. 

A faixa intermediária de gastos, entre R$ 301 e R$ 600, reúne 29%, enquanto 16% destinam entre R$ 101 e R$ 300. Apenas uma minoria deixa de investir diretamente no autocuidado (3%) ou gasta no máximo R$ 100 por mês (2%). O recorte etário revela ainda que os entrevistados com 51 anos ou mais são os que mais concentram investimentos acima de R$ 600, sugerindo uma etapa da vida em que o autocuidado ganha peso tanto pela necessidade quanto pela capacidade financeira. 

“O grande desafio é tirar o autocuidado da bolha e ampliá-lo para toda a sociedade”, aponta Vivian. “Os dados mostram que, para muitos, investir em bem-estar significa comprometer uma parcela significativa da renda. Por isso, democratizar o acesso, seja por meio de informação, práticas acessíveis ou serviços mais viáveis financeiramente, é essencial. Todos devem ter condições reais de cuidar da saúde física, mental e emocional, independentemente da fase da vida ou do quanto podem gastar”. 

Quanto à percepção sobre o que impede os brasileiros de cuidarem melhor da própria saúde, a pesquisa revela um obstáculo dominante: 54% dizem não ter tempo, apontando a rotina acelerada como principal barreira ao autocuidado. A falta de dinheiro aparece em segundo lugar, citada por 25%, enquanto 16% admitem que a dificuldade está na falta de motivação ou disciplina. 

Neste quesito, os recortes geracionais e de gênero mostram nuances importantes. Entre os mais jovens, até 30 anos, a desmotivação quase empata com a questão financeira, indicando um autocuidado mais ligado ao comportamento do que ao orçamento. Já entre os maiores de 60 anos, o desafio muda completamente: o problema não é o tempo, mas a falta de acesso à informação e recursos. As diferenças por gênero também são significativas: para as mulheres, a limitação financeira é maior, chegando a 31%; já entre os homens, a falta de tempo é o fator principal para 57%.
 

Motivação e frequência

Os dados mostram um público bastante ativo quando o assunto é o cuidado com a saúde física: 81% dos entrevistados praticam atividades físicas entre 3 e 6 dias por semana, divididos quase igualmente entre quem treina de 3 a 4 dias (40%) e 5 a 6 dias (41%). Apenas 2% declararam não praticar exercícios, enquanto 10% disseram manter uma rotina diária. A recorrência é consistente entre homens e mulheres, mas o recorte etário revela uma curiosidade: entre 51 e 60 anos, há um comprometimento ainda maior com a atividade física, com 45% se exercitando de 5 a 6 dias por semana e 12% praticando atividades todos os dias. 

A principal força que impulsiona os respondentes a cuidarem de si é a busca por melhorar a saúde, tendo a motivação citada por 58% dos entrevistados. Ainda assim, os dados revelam diferenças marcantes entre gerações. Entre os mais jovens, até 30 anos, a prioridade é mais distribuída: a saúde ainda é o fator principal, mas a manutenção da autoestima, a redução do estresse e a sensação de controle sobre a própria vida ganham relevância. 

Já na faixa dos 51 a 60 anos, a saúde é disparada a principal motivação (69%), enquanto entre os maiores de 60 anos cresce a busca por autonomia (32%). Nessas duas faixas, a redução do estresse aparece com menos intensidade que entre os mais jovens.

 

Fully Ecosystem


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