Festas de fim de
ano somadas à desidratação e longos períodos sentados criam cenário crítico
para a saúde vascular
As férias de fim de ano, marcadas por viagens
longas, confraternizações frequentes e mudanças na rotina, ampliam o risco de
trombose venosa profunda, sobretudo entre pessoas que convivem com varizes.
Dezembro e janeiro concentram deslocamentos prolongados de carro, ônibus e
avião, muitas vezes sem pausas adequadas para movimentação e hidratação, o que
favorece complicações circulatórias.
Estimativas da Sociedade Brasileira de Angiologia e
de Cirurgia Vascular indicam que uma parcela expressiva da população adulta
brasileira apresenta algum grau de insuficiência venosa crônica, condição que
dificulta o retorno do sangue ao coração e aumenta a propensão à formação de
coágulos. A trombose venosa profunda ocorre quando esses coágulos se formam nas
veias profundas das pernas e podem migrar para os pulmões, provocando embolia
pulmonar, uma complicação potencialmente fatal.
A cirurgiã vascular Camila Kill, mestre em
cirurgia pela Irmandade da Santa Casa de Misericórdia de São Paulo, explica que
o período de festas reúne fatores clássicos de risco para eventos trombóticos.
“A combinação de viagem prolongada com pouca hidratação é um gatilho clássico
de trombose. Pacientes com varizes devem redobrar atenção em dezembro e
janeiro”, afirma a especialista.
Imobilidade prolongada transforma o trajeto em fator de risco
Viagens com duração superior a quatro horas já são
reconhecidas internacionalmente como fator de risco para trombose. A
Organização Mundial da Saúde aponta que longos períodos sentados reduzem o
retorno venoso das pernas e favorecem a estase sanguínea. Em pessoas com
varizes, esse mecanismo tende a ser mais intenso, já que as veias apresentam
falhas no funcionamento das válvulas responsáveis pela circulação adequada.
Mesmo indivíduos jovens e sem histórico prévio de
trombose podem estar expostos quando acumulam fatores como varizes, uso de
anticoncepcionais hormonais, desidratação e imobilidade contínua. “O risco não
está apenas na viagem, mas na soma de comportamentos comuns nesse período do
ano”, explica Camila.
Álcool e pouca água alteram a dinâmica do sangue
Durante as festas, o consumo de bebidas alcoólicas
costuma aumentar, enquanto a ingestão de água diminui. O álcool tem efeito
diurético, contribui para a desidratação e torna o sangue mais viscoso,
dificultando a circulação. Em ambientes fechados, como aviões, ou em regiões de
clima quente, a perda de líquidos tende a ser ainda maior.
“A desidratação altera a fluidez do sangue e
favorece a formação de coágulos. É um fator frequentemente subestimado, mas com
impacto direto na saúde vascular”, alerta a especialista. Além disso, noites
mal dormidas e alimentação rica em sal favorecem retenção de líquidos e inchaço
nas pernas, agravando sintomas venosos.
Internações mostram o peso da trombose no Brasil
No Brasil, dados do Ministério da Saúde citados em
diretrizes nacionais apontam mais de 520 mil internações relacionadas ao
tromboembolismo venoso entre 2010 e 2021. O volume evidencia o impacto da
doença no sistema de saúde e reforça a importância da prevenção em períodos de
maior exposição ao risco.
Sintomas que exigem atenção imediata
Dor localizada, inchaço assimétrico, vermelhidão,
sensação de calor ou endurecimento da panturrilha são sinais que não devem ser
ignorados e exigem avaliação médica imediata. Em alguns casos, porém, a
trombose pode evoluir de forma silenciosa. “Nem sempre há dor intensa. Por
isso, quem tem varizes ou histórico familiar precisa manter vigilância
redobrada”, afirma Camila.
Pequenos cuidados reduzem riscos nas férias
Medidas simples podem reduzir de forma
significativa a chance de trombose durante viagens e festas. Especialistas
recomendam levantar-se e caminhar a cada uma ou duas horas em deslocamentos
longos, realizar movimentos com os pés e contrações da panturrilha enquanto
estiver sentado, manter hidratação constante, intercalando água com bebidas
alcoólicas, evitar roupas apertadas nas pernas e utilizar meias de compressão
quando houver indicação médica.
“O fim do ano é um período de celebração, mas
também exige atenção à saúde. Pequenas atitudes fazem diferença real na
prevenção de complicações graves”, conclui Camila Kill.
A orientação é que pessoas com varizes, histórico
de trombose ou outros fatores de risco procurem avaliação médica antes de
viagens prolongadas, especialmente quando há deslocamentos frequentes ou
internacionais programados para o período.
Dra. Camila Kill - médica cirurgiã vascular que, desde o início da carreira, dedica-se exclusivamente ao cuidado de pacientes com varizes. É mestre em cirurgia pela Irmandade da Santa Casa de Misericórdia de São Paulo. É CEO e fundadora da Lumivie Clinique, clínica especializada em cirurgia plástica e estética localizada em Pelotas (RS), e também da franquia Vascularte, voltada para tratamentos de varizes 100% ambulatoriais e sem cirurgia, com três unidades em funcionamento no Brasil e expansão prevista para 2025. Além disso, é mentora da LMV Club, mentoria voltada para médicos empresários que desejam potencializar suas unidades por meio do desenvolvimento da liderança, gestão e vendas.Cinco cuidados com as pernas no inverno para prevenir sintomas de varizes
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