A crença equivocada: "agendar muito" = sucesso
O
mercado odontológico brasileiro vive um cenário de grandes oportunidades; mas
também, de armadilhas frequentes. A agenda sempre cheia e os casos técnicos bem
executados muitas vezes mascaram a falta de preparo para gerir a clínica como
empresa. Danilo Fermino, contador e estudioso em gestão financeira para o setor
odontológico, afirma que essa é a principal razão pela qual muitos
profissionais “não prosperam como deveriam”.
Fermino
explica: “Muitos dentistas ficam presos na operação, acreditando que a agenda
cheia é a única forma de prosperar. Na prática, isso só gera rotina
desgastante, sobrecarregada e sem liberdade de crescimento.” Apesar do
alto nível técnico, os cursos de odontologia preparam o profissional para
tratar dentes, gengivas, restaurações, implantes, o salto estratégico que leva
ao negócio do dentista para o empresário exige outro tipo de
competências. Um dos alertas de Fermino: sem controle financeiro, não há
crescimento sustentável. Ele cita que “o fluxo de caixa é o coração de qualquer
consultório. Quando o dentista não sabe exatamente quanto entra e quanto sai,
ele perde a capacidade de planejar e compromete o crescimento do
negócio.”
Entre
os principais erros que ele observa:
- Misturar contas pessoais e as da clínica, o
que impede clareza dos resultados.
- Não registrar ou classificar corretamente as
despesas fixas, variáveis o que torna difícil saber o custo real de cada
serviço.
- Acreditar que a agenda cheia elimina a
necessidade de negociação com fornecedores ou aprimoramento da estrutura
quando, na verdade, esses fatores influenciam significativamente a
margem.
A
virada, segundo Danilo, ocorre quando o dentista deixa de ser apenas “o
executor” e passa a atuar como empresário da própria clínica. Mais do que
tratar dentes, gerenciar processos, pessoas e números. Ele comenta que, ao
assumir esse papel, muitos profissionais começam a ver os resultados mudarem.
Um dos passos: parar de “colocar a mão na massa” o tempo todo e passar a
liderar.
Alguns
fatores explicam por que essa transformação não acontece em massa:
- A formação do dentista tradicionalmente foca
no saber técnico, não no saber gerir.
- O apego à rotina clínica (que já dá
reconhecimento imediato) impede a visão de longo prazo.
- Medo de errar em finanças e gestão faz muitos
evitarem encarar esse desafio.
- Ausência de indicadores e controles
sistemáticos. Muitas clínicas não sabem o “número de custo” ou “margem de
lucro real”.
Fermino
recomenda iniciar com passos simples e executáveis:
- Separar as finanças pessoais das da clínica.
Isso dá clareza para buscar lucros e investimentos.
- Estabelecer uma rotina de registro: entradas,
saídas, custos fixos, variáveis. Isso fornece dados para atuar.
- Revisar o pricing dos procedimentos com base
em custo real + margem alvo, e não apenas “o que o concorrente cobra”.
- Utilizar o fluxo de caixa para projetar
cenários, por exemplo: o que acontece nas férias, qual é o “mês fraco”,
onde é possível economizar ou investir.
- Mudar o mindset: encarar a clínica como
empresa e o dentista como gestor-líder.
Quando
esses elementos se alinham, a clínica deixa de apenas sobreviver e passa a
prosperar. Menos sobrecarga, mais liberdade para crescer, potencial de investir
em tecnologia ou novos serviços, equipe mais bem remunerada e tempo para
liderança. Como resume Fermino: “O segredo para crescer não está em
trabalhar mais, mas em trabalhar com mais inteligência.”
Flow Contabilidade
Danilo Fermino - Contador CRC PR 078065/O-2
@danilofermino
danilo@orconsil.com.br
www.flowcontabilidadedigital.com.br
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