Mês de
Conscientização do Autismo, comemorado em abril, estimula a pesquisa e o
diagnóstico como forma de melhorar a qualidade de vida
A incidência do Transtorno do Espectro Autista
(TEA) é cada vez mais frequente no Brasil e embora seja percebido nos primeiros
anos da infância, alguns autistas podem chegar a vida adulta sem o devido
diagnóstico. Uma pesquisa realizada a cada dois anos, nos Estados Unidos, pelo
Centro de Controle de Prevenção e Doenças (CDC) em 2020, apontou que uma em
cada 36 crianças, de até oito anos, são autistas no país.
Diálogos sobre o TEA estão sendo cada vez mais
difundidos, especialmente com o mês de conscientização do autismo, comemorado
em abril, e com isso é essencial buscar compreender as possíveis causas do
autismo.
Sandro Matas, neurologista na Rede de Hospitais São
Camilo de São Paulo, explica que a ciência não tem uma resposta comprovada do
que pode causar autismo. “Há diversas hipóteses do que pode causar o TEA,
dentre elas, a herança genética seria a que desempenha um papel essencial”,
comenta.
A incidência entre homens e mulheres é de 4:1.
Portanto, a cada 5 pessoas com TEA, quatro são homens e uma é mulher, de acordo
com o CDC, mostrando uma prevalência considerável da condição entre os homens.
As principais hipóteses para essa questão, segundo Letícia Oliveira Faleiros, neuropediatra
da Rede de Hospitais São Camilo de São Paulo, é de que o transtorno pode
realmente atingir mais os homens ou até mesmo pode se manifestar de forma
diferente em mulheres, o que levaria a um diagnóstico incorreto ou tardio.
“Existem alguns sintomas de autismo que podem não
ser lidos como parte do espectro, por exemplo, dificuldade de interação social,
reconhecimento de expressões faciais e também no entendimento de piadas,
sarcasmo, indiretas e sinais de comunicação não verbal”, explica o neurologista.
Outros sintomas associados são hiperatividade,
falta de atenção ou interesse intenso em atividades específicas, sensibilidade
ao som ou ao toque, ansiedade, falta de contato visual, movimentos repetitivos
e irritabilidade.
O que pode estar por trás da maior incidência da
condição vai desde a melhora na forma de diagnóstico do autismo, na presença de
mais médicos especializados no assunto e até a vida movimentada e estressante
que vivemos hoje, com hábitos alimentares e sono inadequados.
Autismo na vida adulta
Na vida adulta, os sintomas podem se manifestar de
forma diferente, assim como os autistas que possuem sintomas mais leves e não
são diagnosticados também podem aprender a mascarar as manifestações do
transtorno em busca de levar uma vida mais “normal”.
“Quando o indivíduo sempre teve sintomas leves,
desde a infância, e os familiares não levaram em conta a possibilidade de ser
TEA, essa criança pode crescer em conflito, almejando agir como um neurotípico
e aprendendo a mascarar os sintomas, o que se torna doloroso para o autista
estar o tempo todo usando essa máscara ao invés de poder trabalhar as questões
referentes ao autismo para levar uma vida normal dentro de quem ele é”,
esclarece a neuropediatra.
Um maior número de neurologistas e psiquiatras especializados
no diagnóstico da síndrome do espectro autista poderá auxiliar na identificação
de adultos com estes sintomas. Mesmo tardia, a definição diagnóstica contribui
no autoconhecimento destas pessoas, melhorando a qualidade de vida.
@hospitalsaocamilosp
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