Dados da FinanZero apontam para busca de pessoas mais velhas por dinheiro para liquidar dívidas e arcar com custos de saúde
Se pesquisas recentes têm apontado para um fenômeno em comum – o do aumento da demanda dos brasileiros por crédito –, um estudo feito pela fintech FinanZero em março ilumina outra faceta dele: do início do ano para cá, há uma busca cada vez maior de pessoas acima dos 65 anos por empréstimos
Considerando a base de pedidos feitos à própria FinanZero, essa procura saltou 35% entre janeiro e março.
O número chama atenção pelo fato de a
média de idade dos solicitantes de dinheiro na fintech estar na casa dos
35 anos. São pessoas que, desde a pandemia, recorrem ao sistema de crédito
para abrir um negócio ou, principalmente, resolver dívidas pendentes.
Em março, vale dizer, o número de pedidos de empréstimos cresceu 23% em relação ao mês anterior, de acordo com dados do Índice FinanZero de Empréstimo mais recente.
Em seguida estão demandas próprias
dessa população, como renovar a casa (21%) e custos com saúde (15%).
Para Rodrigo Cezaretto, diretor
operacional da FinanZero, o perfil desse público é diferente do que sugere o
senso comum: na verdade, muitos idosos permanecem responsáveis pelas contas
domésticas depois que se aposentam – quando não seguem economicamente ativos.
Há dois anos, por exemplo, uma pesquisa
da Confederação Nacional de Dirigentes Lojistas (CNLD) e do SPC Brasil mostrou
que 52% dos brasileiros acima de 60 anos arcavam com os custos de suas
casas.
"O mercado passou a olhar muito
para essas pessoas depois que percebeu o papel econômico fundamental que elas
exercem. Não só continuam produzindo, muitas vezes já aposentados, como formam
um perfil consumidor particular, que deu origem à expressão ‘economia
prateada’", explica.
"Por outro lado, o que o dado da
FinanZero mostra é que muitas dessas também estão tendo que recorrer a
empréstimos para ter um fôlego no orçamento – ou seja, de que nem todas
elas têm economias ou ajuda de familiares para passar por momentos de crise",
completa.
Os gastos com saúde, por sua vez, se
relacionam principalmente com os custos de convênios médicos que, nesta fase da
vida, tendem a ser maiores. Pesquisas feitas nos últimos anos mostram uma
capilaridade significativa de planos de saúde entre essa população.
Na percepção de Cezaretto, além desse
fenômeno, há também a expansão de um mercado alternativo de saúde, de molde
popular, mas que muitas vezes exige gastos extras com consultas e exames.
"Entram nessa conta desde quem paga o convênio até quem, pela falta de
condições de arcar com esse custo, precisa pagar por medicamentos ou serviços
médicos particulares, por exemplo".
Vale lembrar que, no Brasil, há diversas
modalidades de crédito voltadas para o perfil de pessoas acima dos 60 anos. O
principal deles é o empréstimo consignado para quem já se aposentou, em que as
parcelas são descontadas diretamente da folha de pagamento. A vantagem dessa
linha de crédito está nos juros mais baixos.
Além disso, existem opções em que os
solicitantes oferecem como garantia parte do patrimônio, como automóveis ou
casas e apartamentos, por exemplo. Dedicadas a pessoas mais velhas, essas
linhas oferecem, em troca, juros atraentes. Muitos desses empréstimos seguem
sendo ofertados por fintechs.
Para Cezaretto, esse é outro ponto
relevante da pesquisa: a adesão de idosos a novos modelos bancários. “É curioso
que, mesmo com essas modalidades especiais, muitos idosos encontrem vantagens
mais relevantes em fintechs. É um sinal de que eles estão atentos às
mudanças no mercado financeiro”.
DICAS PARA PEDIR EMPRÉSTIMOS
Diante desse aumento de demanda,
algumas dicas podem ajudar pessoas acima dos 65 anos a encontrar linhas de
crédito mais atrativas:
- Buscar por empresas confiáveis: instituições do setor tendem a concordar que, no caso de
aposentados, a melhor opção é mesmo o consignado – que tem taxas menores,
parcelas que cabem no bolso e que já são descontadas na conta do cliente. Não apenas
bancos tradicionais, mas fintechs também oferecem a modalidade;
- Pesquisar as melhores ofertas: no caso de idosos ainda não aposentados, vale pesquisar por
empréstimos com garantias ou, então, avaliar as condições oferecidas para
Pessoa Física (PF) e Pessoa Jurídica (PJ). “Como muitas dessas pessoas possuem
CNPJ – e as instituições possuem linhas específicas para microempresas – esse
pode ser um bom caminho alternativo”, explica Rodrigo Cezaretto;
- Ler todo o contrato para entender
todas as taxas cobradas, bem como quitar
dívidas que estejam acumulando mais juros. É o caso, por exemplo, das faturas
de cartão de crédito. A dica é simples: é melhor recorrer a um empréstimo para
quitá-las do que deixar a dívida rolando. “No final, os juros do dinheiro
emprestado tendem a ser menores do que as altas taxas do rotativo, por
exemplo”, conclui ele.
FinanZero
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