Opinião
As
doenças cardiovasculares são as principais causas de morbidade e mortalidade no
mundo. Para conscientizar sobre esse assunto, celebramos em 26 de abril o Dia
Nacional de Prevenção e Combate à Hipertensão Arterial. Os fatores de risco
associados a essas doenças podem ser divididos em modificáveis (dislipidemias,
tabagismo, etilismo, diabetes melito, hipertensão arterial sistêmica,
obesidade, sonolência diurna excessiva, depressão, estresse, apneia obstrutiva
do sono e sedentarismo) e não modificáveis (idade, sexo, hereditariedade e
raça).
No
ambiente laboral, os profissionais de saúde estão expostos a estresse diário,
estruturas públicas degradadas, má gestão dos serviços, sobrecarga de trabalho,
jornadas duplas, pressão social, subemprego, baixas remunerações, desesperança
que ocasiona frustração profissional e, por fim, doenças ocupacionais. Os ambientes
de saúde são de intenso trabalho e exposição contínua a situações de
sofrimento, dor, angústia e morte, que, muitas vezes, levam à negligência do
autocuidado em relação a atitudes preventivas, como atividade física, dieta
adequada, abandono do tabagismo, uso do álcool e medidas de enfrentamento do
estresse.
A
Medicina do Trabalho é primordialmente uma atividade preventiva, cabendo ao
médico desta especialidade, na sua função, atuar ativamente na busca de
informações individuais e coletivas dos trabalhadores, priorizando ações de
monitoramento epidemiológico e implementação de medidas preventivas. Na
literatura nacional, estão disponíveis diversas publicações que avaliaram
fatores de risco cardiovascular nas equipes de saúde, principalmente no que tange
à prevalência de hipertensão arterial, diabetes melito, dislipidemia,
sedentarismo, obesidade, perfil de dieta alimentar e tabagismo, demonstrando
que esses fatores de risco são significativos nessa população.
Esses
estudos, em sua maioria, confirmam a expressiva prevalência de fatores de risco
cardiovascular entre profissionais de saúde. Muitos desses elementos
apresentaram associações com as características sociodemográficas e com o
estilo de vida dos pacientes, que, se identificados, normalmente podem ser
minimizados com ações educativas por parte das equipes dos Serviços
Especializados em Engenharia de Segurança e em Medicina do Trabalho (SESMT).
Entre as principais medidas de prevenção primária, vale destacar
as técnicas de mudança comportamental, que incluem estabelecimento de metas,
dados sobre as condições de saúde individual e coletiva, orientações claras
sobre impactos na saúde, planejamento de ações, automonitoramento dos
comportamentos de saúde realizado em consultas individuais, consultas em grupos
e entrega de materiais impressos. Ainda, além das medidas educacionais, também
incluem o desenvolvimento de políticas que visam promover a prática de
atividade física com redução da obesidade, a promoção de ambientes saudáveis
que favoreçam caminhadas e ciclismo, o desenvolvimento de ambientes naturais em
locais de trabalho para a prática de atividade física e a orientação para
restrição calórica.
Ricardo Moreira Martins - Diretor do Exercício Profissional
da AMRIGS
Nenhum comentário:
Postar um comentário