A saúde bucal e a saúde sistêmica estão diretamente
ligadas. A hipertensão arterial, conhecida como pressão alta, é uma doença
crônica que ocorre quando a pressão sanguínea nas artérias é persistentemente
elevada. Silenciosa e sem sintomas (o que a torna perigosa), a hipertensão
arterial abre espaço para doenças cardiovasculares – principal causa de mortes,
hospitalizações e atendimentos. Por isso, ela exige cuidados especiais, sendo
que o Cirurgião-Dentista também pode colaborar para o controle e bem-estar do
paciente hipertenso.
A Odontologia atende pacientes com diversos
problemas sistêmicos, sendo a hipertensão arterial o mais recorrente.
De acordo com o Cirurgião-Dentista e membro da
Câmara Técnica de Cirurgia e Traumatologia Bucomaxilofacial do Conselho
Regional de Odontologia de São Paulo (CROSP), Dr. Fued Samir Salmen, a forma
mais comum de hipertensão e que acomete entre 85% e 95% das pessoas é a
hipertensão arterial primária, que surge com o envelhecimento.
Já a hipertensão arterial sistêmica é bem mais
perigosa, podendo causar complicações como insuficiência cardíaca, doença renal
crônica, arritmia e aneurisma.
“Para o Cirurgião-Dentista, atender esses pacientes
com a orientação do médico cardiologista é sempre a primeira opção,
principalmente para os pacientes com hipertensão arterial sistêmica. Esses
podem precisar de tratamento em ambiente hospitalar com monitoramento cardíaco,
entre outros cuidados”.
Outra forma de hipertensão arterial é aquela que
ocorre de maneira pontual, em situações como a síndrome do jaleco branco,
quando ela aparece como principal sintoma. “Essa situação acomete pacientes
tensos e com experiências ruins em consultórios, onde ele fica nervoso e a
pressão arterial aumenta significativamente”.
Esses pacientes, segundo Dr. Fued, podem precisar
até mesmo de terapia para vencer o trauma. Ele pontua três ações que podem
ajudar muito no atendimento ao paciente com hipertensão arterial sistêmica e
com síndrome do jaleco branco:
1 - Ambiente de trabalho sereno e música para
relaxamento.
2 - Uso de ansiolíticos via oral antes do
tratamento, os quais podem até mesmo ser administrados na noite anterior para
ter um sono mais tranquilo.
3 - O anestésico local com vasoconstritor, ao
contrário do que se imagina, deve ser usado. O que deve ser evitado é o uso de
anestésico com felipressina.
Com relação a este último item, Dr. Fued explica
que os anestésicos locais podem ter ou não vasoconstritores (elemento da
anestesia que faz a vasoconstrição, ou seja, deixa os vasos estreitos) como a
adrenalina, a noradrenalina e a felipressina, entre outros.
Segundo ele, quando o anestésico é mal administrado
cai na corrente sanguínea e esses vasoconstritores causam um aumento
considerável da pressão arterial. No caso do anestésico que não tem
vasoconstritor, depois de aplicado no paciente seu efeito acaba após três ou
quatro minutos. “Assim, o paciente acaba sofrendo muito com dor e aí a pressão
sobe mais ainda. De modo geral, os Cirurgiões-Dentistas têm medo de usar os
vasoconstritores em pacientes com hipertensão primária ou com síndrome do
jaleco branco. É importante deixar claro que isso não se refere, no caso, aos
pacientes com hipertensão mais grave”. Nesse contexto, Dr. Fued enfatizou
a importância de realizar a anamnese durante o atendimento de todos os
pacientes.
Fique atento às novas
diretrizes
De acordo com dados do Ministério da Saúde, a
hipertensão arterial matou 53 mil brasileiros em 2019. Esse número elevado fez
com que, em 2020, a Sociedade Brasileira de Cardiologia (SBC) apresentasse uma
nova diretriz para classificar a hipertensão arterial.
Ainda é considerada hipertensa a pessoa com pressão
maior ou igual a 14 por 9. O novo parâmetro, porém, classifica como
pré-hipertenso o indivíduo com pressão máxima entre 13 e 13,9 e mínima entre
8,5 e 8,9.
A pressão ideal agora é a que registra números
abaixo de 12 por 8. As faixas entre 12 e 12,9 e 8 e 8,4 são consideradas
normais, mas não ótimas. Por isso, quando esses parâmetros são registrados a
orientação é que se inicie um controle. Adote uma rotina saudável.
A hipertensão é hereditária em 90% dos casos, mas
vale lembrar que há vários fatores que influenciam os níveis de pressão
arterial e estão associados ao desenvolvimento da doença. Por isso, para
prevenir e controlar a hipertensão é fundamental manter o peso ideal, não abusar
do sal, evitar alimentos gordurosos, praticar atividade física regularmente,
não fumar e consumir álcool moderadamente, controlar o diabetes e medir a
pressão arterial com regularidade.
Por fim, cuidar da higiene bucal e consultar o Cirurgião-Dentista com regularidade faz parte dos cuidados com o corpo, pois a saúde da boca e a saúde geral estão diretamente ligadas.
Conselho Regional de Odontologia de São Paulo - CROSP
www.crosp.org.br
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