Healthtech catarinense realiza estudo de dados e alerta: com uma projeção de crescimento exponencial no número de casos, a estrutura de saúde brasileira precisa se planejar para o aumento da demanda por atendimentos
De acordo
com nota do
Ministério da Saúde, no primeiro trimestre de 2023 foram notificados 242.886
casos prováveis de Dengue no Brasil, representando um aumento de 47,7% no
número de casos, quando comparado ao mesmo período do ano passado. Com uma
temporada de chuvas e acúmulo de água em diversas regiões do país, a tendência
de aumento significativo de diagnósticos demonstra que o número está longe de
estabilizar e algumas localidades já declararam surto devido à grande
proliferação do vírus transmitido pelo mosquito Aedes aegypti. Na semana
passada a Associação Brasileira de Medicina Diagnóstica – Abramed, informou que a
quantidade de exames positivos aumentou em 221% desde a primeira semana
epidemiológica de 2023. Diversas ações para controle do mosquito transmissor e
eliminação de focos de água parada estão sendo realizadas em todo o Brasil.
Porém, caso a projeção de diagnósticos continue aumentando, em breve o país
enfrentará mais dificuldades para atendimento das demandas da população. O
alerta é dado pela LifesHub,
plataforma de inteligência estratégica em saúde que, a partir de informações
comparativas dos últimos anos, traz dados alarmantes sobre o crescimento da
busca por atendimentos e internações em todas as regiões brasileiras.
Busca por
atendimentos ambulatoriais
Considerando os atendimentos ambulatoriais realizados no SUS no período de 2019 a 2022, incluindo procedimentos clínicos, exames diagnósticos, ações de prevenção e procedimentos cirúrgicos, foram realizados 657 mil atendimentos, sendo 23% deles no Mato Grosso do Sul, 19% no Distrito Federal, 17% no Estado de São Paulo e 11% em Goiás. No gráfico a seguir, é possível verificar o ranking das 10 cidades com maior número de atendimentos ambulatoriais por diagnóstico de Dengue clássico:
Fonte: Plataforma de dados LifesHub. Período 2019-2022. |
As estratégias de controle na
proliferação do mosquito da Dengue e o desenvolvimento da vacina contra a
doença são considerados pontos indispensáveis para o Dr. Ademar Paes Junior,
CEO da LifesHub e Presidente da Associação Catarinense de Medicina, que alerta
para a necessidade de planejamento dos gestores de saúde, visando contemplar as
necessidades de atendimento da população em um iminente aumento no número de
casos da doença.
“A relação entre proliferação dos
mosquitos e aumento do número de pessoas contaminadas leva a uma projeção
assustadora em um curto espaço de tempo, que certamente vai impactar a
estrutura de atendimento ambulatorial e hospitalar”, afirma o executivo.
Aumento no número
de internações por Dengue
O impacto já vem sendo observado,
especialmente pelo agudo crescimento no número de internações decorrentes do
diagnóstico e complicações da Dengue. Em um comparativo dos últimos dois anos,
o Brasil teve um crescimento de 180% na quantidade de pessoas que necessitaram
de atendimento especializado, pulando de 15.047 internações em 2021 para 42.184
em 2022. Já os casos mais graves da doença, com ocorrência de febre
hemorrágica, tiveram um incremento de 143,6% no mesmo período.
Embora não seja o Estado com maior número absoluto de casos de Dengue clássico, Santa Catarina lidera o ranking percentual de internações, aumentando em 1.511% o número de pacientes internados para tratamento através do SUS, ou saúde suplementar. Na sequência está o Rio Grande do Norte com um crescimento de 958%, Rondônia com 675%, Piauí com 667% e Rio Grande do Sul com 653% de aumento nas internações. Apenas cinco Estados brasileiros tiveram redução na busca por atendimento especializado: Amazonas (-49%), Acre (-41%), Ceará (-37%), Pernambuco (-21%) e Roraima (-14%).
Fonte: Plataforma de dados LifesHub. Período 2021-2022. |
Segundo o Dr. Ademar, ter a projeção e ciência de dados como estes é indispensável para a criação de estratégias assertivas de contingenciamento da Dengue no Brasil. “Se não houver a elaboração de uma estratégia fundamentada em projeções de aumento de contaminação em comparativo com a estrutura de atendimento à população, com dados concretos da realidade brasileira, certamente teremos o risco de um novo colapso da saúde no Brasil, semelhante ao que vivemos recentemente com a pandemia de COVID-19”, conclui.
LifesHub
https://lifeshub.com.br/
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