Ações de
sensibilização conjuntas e multidisciplinares podem auxiliar pais e mestres no
combate à violência no ambiente escolar
A crescente onda de violência em instituições de
ensino do Brasil tem gerado preocupação entre pais, professores e estudantes,
demandando a implementação de medidas preventivas e de sensibilização. Garantir
um ambiente seguro, acolher os estudantes, se aproximar das famílias e
qualificar os profissionais da educação são ações necessárias para enfrentar o
problema da violência no ambiente acadêmico. Especialista em Psicopedagogia e
Coordenadora do curso de Serviço Social do CEUB, Ana Paula Barbosa comenta a
importância de combater atos violentos nas escolas.
De acordo com levantamento apresentado durante a
transição do governo federal em dezembro de 2022, 35 estudantes e professores
haviam sido mortos em ataques a escolas no Brasil desde o início dos anos 2000.
O relatório aponta que ataques realizados por estudantes e ex-alunos geralmente
estão ligados a bullying e a exposição prolongada a situações violentas, incluindo
negligência parental e conteúdo compartilhado em redes sociais.
Para Ana Paula, diante do cenário de pânico, é
fundamental que as instituições mudem suas práticas e invistam em formação
humana, que já vem sendo exigida pela Lei de Diretrizes e Bases da Educação
Nacional (LDB, Lei nº 9.394/1996). "Mas eles sabem como fazer? Eles estão
preparando mudanças? A sensação é que entramos na pandemia, congelamos a sala
de aula, e depois saímos e tiramos ela exatamente igual do freezer. Isso é
lamentável. Não vamos gerar mudanças usando os mesmos instrumentos, pois já
sabemos que não são suficientes", destaca.
Barbosa menciona a Base Nacional Comum Curricular
(BNCC), que propõe que a educação deve gerar conhecimentos, competências e
habilidades, e que se espera que todos os estudantes desenvolvam ao longo da
escolaridade básica. O documento também prevê que a educação brasileira tenha o
intuito da formação humana integral e para a construção de uma sociedade justa,
democrática e inclusiva. “O que diz o BNCC é algo que se espera, mas ainda não
existe capacitação, gestão e amparo para estas medidas”, avalia.
Para a especialista, o ambiente acadêmico tem um
papel muito importante no que diz respeito às emoções dos alunos. Ela frisa que
a escola é um dos principais locais onde as crianças vão se desenvolver,
socializar e construir seu senso moral e ético – como parte da formação humana
dos estudantes, tornando-os pessoas conscientes e que respeitam a diversidade
humana. “Vejo a oportunidade de as escolas implementarem programas de saúde
mental para alunos, professores e comunidade. Investir em atendimento
psicopedagógico, psicológico e neuro psicopedagógico. Sem investimento, não
vamos avançar na construção de ações profundas", enfatiza.
Quanto aos principais desafios enfrentados pelas
escolas na implementação de programas de prevenção da violência, Ana Paula
destaca a necessidade de ensinar habilidades emocionais e investir em formação
para inclusão, para que os professores consigam lidar com as emoções no
processo de aprendizagem. "Outro desafio é o financeiro. Precisam
investir, precisam custear o preço da mudança, da segurança, e de uma formação
mais afetiva e efetiva", completa.
A psicopedagoga do CEUB considera como um dos
caminhos para amenizar o problema a criação de um programa de prevenção da
violência nas escolas, visando mudar a cultura da exclusão, do preconceito e da
negação das diferenças nas escolas. E para isso, Ana Paula reforça ser
necessário pensar em uma equipe ampla que contribua tecnicamente com o diálogo
e em espaços de escuta para que, principalmente jovens e adolescentes, sejam
ouvidos.
“É fundamental que as instituições de ensino
invistam em programas de prevenção da violência e em formação humana para os
estudantes. Existe a urgência de mudar as práticas e investir em uma equipe
ampla e multidisciplinar que contribua tecnicamente com o diálogo e em espaços
de escuta para que os alunos sejam ouvidos e compreendidos em sua totalidade”,
conclui.
Escola Segura
O Ministério da Justiça e Segurança Pública, em parceria com SaferNet Brasil,
criou um canal exclusivo para recebimento de informações de ameaças e ataques
contra as escolas. Essa é uma das ações da Operação Escola Segura que deu
início na última quinta-feira (6). Todas as denúncias são anônimas e as
informações enviadas serão mantidas sob sigilo. As queixas podem ser
registradas pelo link: https://www.gov.br/mj/pt-br/escolasegura
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