Pesquisa revela que há um maior risco de depressão, ansiedade e estresse entre mulheres, jovens e pessoas que passam mais de 19 horas por dia dentro de casa
De
acordo com uma pesquisa recente da USP, publicada na revista Medicina de
Ribeirão Preto, a falta de atividade física durante o período de quarentena
intensificou quadros de medo, pânico, depressão e ansiedade, com a Organização
Mundial da Saúde (OMS) declarando a prevalência de estilos de vidas sedentários
pós-pandemia. No entanto, uma pesquisa feita pela Asics e divulgada no
documentário “Mind Games - The Experience”, indicou que a prática de exercícios
físicos regulares é efetiva para melhorar as funções cognitivas, com uma
redução de 43% no nível de ansiedade dos participantes.
Além
disso, um novo estudo da Universidade da Austrália do Sul, revelou que
atividades físicas são 1,5 vezes mais eficientes que psicoterapia e
medicamentos no tratamento e prevenção de casos de depressão, inclusive exercícios
aeróbicos e treinamentos, como pilates e ioga. Segundo a publicação do British
Journal of Sports Medicine, as intervenções podem trazer resultados positivos
em até 12 semanas, melhorando quadros de depressão e ansiedade em pouco tempo.
Uma
maior procura por exercícios físicos no pós-pandemia já é uma realidade e
aqueles que já eram adeptos de atividades regulares estão buscando alternativas
que tragam novas experiências. O Ballet Fly, por exemplo, vem registrando um
aumento desde o ano passado na procura pela modalidade que une movimentos de
dança e tecido acrobático, não apenas pelos benefícios físicos, mas,
principalmente, como uma forma de melhora na qualidade de vida.
O
método foi criado por Letícia Marchetto, que é dançarina e formada em educação
física. Ela explica que há uma maior busca pelo Ballet Fly com foco em melhorar
a autoestima e diminuir o estresse, e que as acrobacias aéreas demandam
presença e foco, colocando a mente em estado de atenção plena. Além disso,
proporciona a diminuição do estresse pela produção de hormônios, como a
endorfina e a serotonina, que trazem a sensação de bem-estar e atuam na melhora
do sono, regulação do humor, melhora das funções cognitivas e aumento da
disposição física e mental.
“A
prática de acrobacias nos tecidos vai além do trabalho muscular, pois envolve
aprendizado e por isso resgata a conexão corpo e mente”, explica a
profissional. “As frases que mais escutamos nas aulas de Ballet Fly são ‘esse é
o meu momento’, ‘aqui consigo me desligar de tudo o que está lá fora’ e ‘aqui
consigo focar em mim’. Nos últimos tempos, a relação com a autoestima está cada
vez menos relacionada à estética do corpo e mais relacionada à capacidade, à
qualidade da experiência do movimento e à superação. As pessoas agora querem explorar
o corpo, ganhar mais consciência corporal e vencer novos desafios. É uma busca
pela inteligência corporal”.
Misturando
exercícios com o tecido acrobático, comumente utilizado em atividades
circenses, com movimentos do balé clássico, o Ballet Fly foi desenvolvido com
adultos iniciantes em mente, de forma a facilitar o aprendizado de pessoas com
pouca ou nenhuma experiência em movimentos acrobáticos.
“Ainda
recebemos muitas pessoas que estão querendo sair do sedentarismo, mas também
passamos a receber mais alunos que praticam atividades ao ar livre e esportes
de aventura, como surf, escalada, bike, e que também complementam o treino com
funcional e musculação. A percepção que tenho nesse pós-pandemia é a de que as
pessoas estão mais decididas a investir no corpo e no treinamento corporal em
busca da qualidade de vida”.
A
pesquisa da USP revela que há um maior risco de depressão, ansiedade e estresse
entre mulheres, jovens e pessoas que passam mais de 19 horas por dia em casa,
assim como o baixo nível de atividade física sendo relacionado com uma maior
probabilidade de depressão. Além disso, dados da OMS mostram que, na maioria
dos países, as mulheres são menos ativas do que meninos e homens.
Com
um público majoritariamente feminino, Letícia destaca que a busca pela
autoestima vai muito além de se sentir bonita. “Quando falamos em autoestima, a
primeira coisa que pensamos é na estética, mas uma baixa autoestima pode estar
relacionada a dificuldades em fases marcantes da vida. No tecido acrobático a
mulher também pode encontrar um local seguro para superar desafios. É
empoderador saber que você é capaz de, literalmente, se levantar sozinha”,
comenta.
Para quem está iniciando
A
recomendação da OMS é que adultos devem realizar entre 150 a 300 minutos de
atividade física aeróbica de moderada intensidade, ou 75 a 150 minutos de
atividade física mais intensa. Letícia destaca que há uma dificuldade para quem
está buscando iniciar uma rotina de atividades físicas pós-pandemia e que uma
maior flexibilidade em horários é aliada na consistência.
“Grande
parte de nossos alunos tem uma agenda de trabalho e tarefas pessoais pouco
estável, que dificulta estabelecer horários fixos de treino. Quando entendemos
da atividade física como um projeto para a vida, conseguimos pensar numa rotina
de treino palpável na realidade”, finaliza.
Nenhum comentário:
Postar um comentário