Nos últimos anos, temos vivido uma verdadeira revolução no mundo da tecnologia, principalmente com o surgimento da Inteligência Artificial (IA) que, inclusive, não é algo novo, existe há mais de 40 anos. O nome era machine learning, onde as máquinas eram “ensinadas” através de algoritmos a repetirem um padrão, ou seja, tudo começou com a programação de softwares.
Tecnicamente, a diferença é que a IA atua através
de sistemas neurais que processam dados e estes se transformam em novos dados,
e isso é um pouco mais complexo. Hoje, é possível criar imagens, textos e até
mesmo vídeos a partir de algoritmos que utilizam técnicas avançadas de machine
learning e processamento de linguagem natural.
Além disso, a machine learning não era algo acessível
ao público em geral como a IA tem se tornado hoje com o lançamento de várias
ferramentas, até mesmo de forma gratuita. O maior exemplo atual dessa
acessibilidade é o ChatGPT, um protótipo de um chatbot com inteligência
artificial especializado em diálogo, desenvolvido pela OpenAI, um laboratório
de pesquisa de inteligência artificial estadunidense sem fins lucrativos.
Para se ter uma ideia das facilidades que temos
acesso em 2023, é possível para alguém que nunca programou fazer isso através
do ChatGPT. O caminho tradicional seria pesquisar no Google, assistir a vários
tutoriais, porém, hoje, basta entrar na ferramenta, fornecer duas linhas de
comando e ela devolve o código fonte e o passo a passo do que deve ser feito
para colocar os dados no Excel.
Há vários outros exemplos para diferentes áreas,
como no Marketing, na Análise de Dados e outras. É importante lembrar que o
Chat GPT tem uma base de dados fixa, não faz busca online e não deve ser confundida
com o Google, ou seja, ser utilizado com o intuito de fazer pesquisa.
E nas empresas?
Quando falamos de Inteligência Artificial, estamos
falando de uma tecnologia que pode transformar a maneira como nos comunicamos e
nos relacionamos com o mundo ao nosso redor. O que está chegando agora tem seu
lado bom, de fato, mas sou um pouco crítico quando é voltada para o
atendimento. Isso porque não acho um bom negócio quando um robô de IA atende um
cliente.
Para as empresas, a IA pode ser uma ferramenta poderosa
para aumentar a produtividade, melhorar a experiência do cliente e dos
colaboradores, além de otimizar processos e tomadas de decisão.
Muitas pessoas se perguntam se a IA vai eliminar algumas profissões, mas a
verdade é que algumas serão extintas, enquanto outras serão criadas. Acredito
que, como consumidores, não queremos nos relacionar apenas com máquinas, mas a
IA pode ser uma aliada fortíssima para elevar a experiência.
No Grupo Piccin temos discutido bastante sobre como
a IA pode ser uma aliada para aumentar a produtividade, especialmente no
agronegócio. Hoje, já temos em nosso departamento de Pesquisa &
Desenvolvimento projetos voltados a sensores que no futuro serão acoplados às
máquinas, coletando dados e tomando decisões sobre o manejo da lavoura.
Além disso, temos um programa de aceleração de
startups que tenham condições de trazer esse tipo de tecnologia para dentro do
campo e já lançamos duas neste início de ano. Também temos o desafio de como
incorporar tudo isso dentro dos nossos processos internos para que possamos nos
tornar cada vez mais eficientes. É um caminho sem volta e agora a questão não é
“se vamos”, mas “como” e “quando” conseguiremos adotar.
Dificuldades
A IA tem o potencial de trazer muitos benefícios
para o agronegócio, tornando-o mais eficiente, produtivo e sustentável. Mas há
muitas empresas com dificuldade para entender o que é, do mesmo modo que
conhecemos empresas que estão com o P&D avançado nesse sentido.
Recentemente, a Microsoft anunciou que vai
incorporar toda a inteligência do ChatGPT ao Windows. Vejo que esse lançamento
está para o mundo business hoje, assim como o lançamento do Windows anos atrás.
A partir dessa atualização, por exemplo, apenas com um comando de tópicos
principais de direcionamento de slides, o computador vai criar uma
apresentação.
As mudanças são constantes, aliadas à velocidade de
lançamento de tecnologias, e vai chegar um momento que essa velocidade vai ser
cobrada na estratégia das empresas. A estratégia que durava anos terá que
acontecer diariamente. É um caminho sem volta, que vai exigir agilidade nas
decisões, principalmente no agronegócio.
Meu recado é: não lute contra a revolução da IA,
utilize-a a seu favor e colha os benefícios que essa tecnologia pode trazer
para o seu negócio.
Camilo Ramos - Administrador
de Empresas, Ciências da Computação e CEO do Grupo Piccin
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