72% das mulheres brasileiras ainda não investem. O principal
motivo é a falta de dinheiro, mas não só. Até 1962, as mulheres casadas precisavam
de autorização do marido para trabalhar fora, abrir conta no banco, viajar ou
empreender. Este contexto, tão recente, contribuiu para que sejamos a primeira
geração de mulheres que cresceu com chances reais de ser dona de suas decisões
de finanças e de investimentos.
É interessante notar que, embora as diferenças no acesso a
investimentos entre homens e mulheres ainda sejam significativas, as
investidoras têm aberto caminhos consistentes, com resultados muito positivos.
Pesquisas apontam que as investidoras são menos impulsivas e
mais disciplinadas. Elas poupam mais, adotam menos comportamentos de risco, são
mais críticas, menos influenciáveis, e estudam mais antes de tomar suas
decisões de investimento.
Elas são relacionais: pensam não apenas no retorno
financeiro, mas também no impacto ambiental e social que seu dinheiro vai
causar, uma vez que estiver aplicado. Grande parte do meu trabalho envolve
ajudar as mulheres a se relacionarem melhor com o dinheiro, entendendo o que funciona
para elas, para além de dicas e receitas prontas.
Após viver esse processo de autoconhecimento, é natural que
a mulher passe a investir de maneira mais autônoma, consciente e bem-informada.
A partir daí, o esforço para incorporar os aspectos ESG ao modo como investem
acaba sendo um passo natural.
Após ter atendido centenas de mulheres que fazem parte do
grupo de investidoras brasileiras, identifiquei 7 comportamentos que elas
compartilham:
- Não subestimam o autoconhecimento como fator chave de sucesso.
- Tomam decisões de consumo conscientes e bem-informadas,
comprando menos, e melhor.
- Não estão tentando se tornar profundas conhecedoras de
investimentos. Estão procurando profissionais que sejam.
- Não são categóricas na hora de deixar suas carteiras mais
sustentáveis. Será que é factível excluir uma empresa completamente da
carteira?
- Para alguém que investe diretamente em ações, sim. Para
alguém que investe via fundos, não tanto. A responsabilidade ao investir é um
valor a ser incorporado no caminho, não um destino a ser alcançado. Elas estão
confortáveis com a transição.
- Pararam de seguir influenciadores de finanças que fazem
com que se sintam "atrasadas" ou sempre perdendo alguma oportunidade
de investimento. Assim, têm tranquilidade para focar no comportamento número 7.
- Estão focadas no longo prazo. Raramente compram ou vendem
aplicações sem recomendação xpressa de um especialista. Priorizam o crescimento
balanceado de suas carteiras.
Para elas,
prosperidade individual não está acima da prosperidade compartilhada. Elas se
interessam pelo impacto social de seus investimentos.
Dani Carvalho
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