Com os diversos cenários sociais, as marcas precisam se adaptar para gerar conexão com o seu público, principalmente quando se trata de abordar conteúdos que se relacionem de forma genuína com a causa feminina. Uma das formas de fazer isso é criando uma aproximação cada vez maior com essas consumidoras, compreendendo quais são as suas reais necessidades e promovendo experiências de compra cada vez mais marcantes e significativas.
Uma pesquisa da agência J. Walter Thompson, apontou
que 61% dos lares brasileiros têm uma mulher como responsável pela decisão de
compra em diversos setores, seja de artigos pessoais a domésticos. Ainda de
acordo com um outro estudo, desta vez da Nielsen, o percentual de riqueza
produzido pelo público feminino aumentou em 25% no mundo todo apenas nos
últimos cinco anos. Ou seja, essa é uma representatividade enorme e que precisa
ser olhada de perto pelas marcas, não apenas em datas como o Dia Internacional
da Mulher, mas sempre.
Qual é o principal ponto de partida para alcançar
esses objetivos? Bem, antes de mais nada, é preciso abandonar estereótipos;
ainda vemos com frequência marcas que caem em clichês, que acabam construindo
barreiras gigantescas com as clientes, quando, na verdade, não existem
diferenciais na abordagem de marketing entre gêneros. A não-rotularização
precisa partir justamente desse princípio, porque permite a personalização de
ações voltadas aos indivíduos, segundo os seus hábitos e peculiaridades. Assim,
é possível fugir do lugar comum e tocar a alma dessas mulheres.
O levantamento “Elas: Comportamento e Barreiras”,
também produzido pela Nielsen, é uma boa prova de como algumas informações
sobre hábitos e comportamentos do público feminino são essenciais para a
elaboração de ações assertivas. Nele, descobrimos, por exemplo, que as
entrevistadas são adeptas do consumo online, sendo que o segmento que mais
possui uma conversão de anúncios em compras é o de roupas, sapatos e
acessórios, com 48% de vendas realizadas. Em seguida vem o de alimentos (45%),
eletrônicos (43%), maquiagem (38%) e cuidados (37%).
Se observarmos outro viés completamente diferente
deste, a pesquisa ainda mostra também que o apoio a causas sociais é um fator
de peso para a decisão de compra das mulheres. Conforme os dados levantados
apontam, cerca de 46% das entrevistadas disseram que compram produtos de marcas
que apoiam pautas desse tipo, porém, mais da metade delas, 51%, acreditam que
as organizações também fazem movimentações como essa para se beneficiarem.
Em outras palavras, estamos diante de duas
tendências diferentes relacionadas à identidade do público feminino, mas
igualmente relevantes no momento de produzir uma solução que converse com as
consumidoras e crie uma conexão legítima entre elas e os produtos ou serviços
da respectiva empresa. Mas aqui, abro um parêntese para a importância do
marketing data driven, somente com dados podemos entender com quem dialogamos e
para quem a ação é direcionada. Com esse conhecimento, a chance das empresas
serem assertivas em suas estratégias dispara e a fidelização de clientes se
transforma em uma realidade.
E, se por um lado, há marcas que continuam
dispensando essas abordagens e deixando de crescer, outras já entenderam que
são tendências indispensáveis, especialmente para se atualizarem e acompanharem
as mudanças culturais. O empoderamento feminino é fundamental por proporcionar
à vida profissional - e pessoal - de todas as mulheres a equidade de gênero e a
valorização que merecem, no entanto definitivamente não pode se tornar um
modismo. É um assunto sério e que só pode ser compreendido dessa forma com o
foco nas individualidades das pessoas por trás dos números.
O varejo e todos os setores da sociedade devem
repensar suas maneiras e procurar dar mais voz ao público feminino, não somente
em uma época especial como o Mês da Mulher, mas ao longo do ano todo, visando
diminuir as desigualdades. Ainda há um longo caminho para se percorrer nessa
esfera, fazendo com que as movimentações de empresas que impactem o dia a dia
das mulheres sejam extremamente relevantes para transformar essa data em mais
do que um simples período sazonal no calendário das corporações.
Silvana Torres - presidente e
fundadora da Mark Up, uma das
principais referências em live marketing no Brasil e criadora da metodologia
proprietária nomeada de Construtoria Estratégica, que alia estratégias data
driven de uma consultoria a execuções assertivas e criativas de uma agência.
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