Geneticista
explica como funciona o cérebro dos peludos diante de um vídeo e recomenda
trocar a TV por algo que estimule o olfato do animal
Pixabay
Ao deixar o cão
sozinho em casa, é comum o dono manter a televisão ligada, com imagens e sons a
todo vapor. Mas, segundo a Ciência, além de não trazer benefício a ele, isso
pode, ainda, potencializar a sua ansiedade.
De acordo com
Camilli Chamone, geneticista, consultora em
bem-estar e comportamento canino, editora de todas as mídias sociais "Seu Buldogue Francês" e, também, criadora da metodologia neuro compatível de
educação para cães no Brasil, os peludos não enxergam as imagens da televisão
como nós, humanos.
"A visão de
um humano capta um vídeo na frequência de 60 hertz. Para o cachorro, essa
frequência teria que ser 80 hertz. Então, na verdade, o que ele enxerga é um
monte de imagens ao mesmo tempo e que não formam um vídeo contínuo – é como se
fossem fotos sobrepostas, passando em uma supervelocidade", explica a
geneticista.
Assim, esse
estímulo visual intenso pode aumentar a sua ansiedade. "Ao ser bombardeado
com todas essas imagens, ocorre, no cérebro do cão, uma hiper estimulação
visual, que gera a liberação de um neurotransmissor chamado noradrenalina –
ela, por sua vez, produz hiper estimulação do sistema nervoso central. Isso
deixa o peludo ainda mais agitado, com comportamentos hiperativos (como latir
demais, destruir objetos, se lamber de forma compulsiva ou dar corridas malucas
pela casa, especialmente ao final do dia) e dificuldade para relaxar",
exemplifica a geneticista.
Essa hiper
estimulação, ao produzir aceleração mental, atrapalha o foco e a concentração.
Por isso, ainda que o cachorro demonstre "interação" com a TV (mexer
as orelhas ou a cabeça para um lado, levantar, arregalar os olhos, latir,
abanar o rabo, etc), isso não significa diversão.
Assim, ver TV é
uma necessidade humana, e não do cachorro. Do ponto de vista cognitivo, os cães
são muito pouco desenvolvidos, quando comparados a nós – então, por exemplo, se
olham a sua própria imagem refletida no espelho, não conseguem compreender que
são eles próprios. "Com a tela, é a mesma lógica – ele não entende que há,
ali, imagens fictícias, podendo, inclusive, enxergar aquilo como uma situação
de risco, dependendo do cenário", alerta Chamone.
Para nós,
pessoas, maratonar uma série pode ser legal e relaxante, mas os cães não fazem
a mesma associação. "Não existe benefício cientificamente comprovado de
colocar o cachorro 'assistindo' televisão. Por isso, é fundamental respeitar
essa espécie tão linda e diferente que trouxemos para casa", recomenda a
geneticista.
Estímulo
positivo: farejar, farejar, farejar
Em vez de ligar
a TV, uma forma simples de estimular o cachorro positivamente é deixá-lo
farejar, um comportamento natural para ele e que envolve o olfato, seu
principal sentido.
"O dono pode enriquecer o ambiente ao esconder petiscos pela casa, por exemplo, colocando o olfato do peludo para trabalhar. Ao contrário da hiper estimulação visual, a estimulação olfativa produz relaxamento do sistema nervoso central. Se você quer um cachorro calmo, estimule o olfato, e não a visão", assegura Chamone.
E finaliza:
"Quando sair sem o cachorro, substitua as telas por uma atividade dentro
de casa que dê a ele a oportunidade de farejar. E, sempre que possível, troque
a tarde na TV por um passeio no parque, com muita natureza e cheiros diferentes
– corpos e mentes (de cachorros e de humanos) agradecem".
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