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Pesquisadoras da Fundação MT alertam para estratégias que devem ser adotadas a fim de diminuir as perdas por esses patógenos. A instituição realiza live "É Hora de Cuidar", de forma gratuita, hoje, dia 25, com orientações sobre o assunto
Avaliando a última safra de soja, especialmente em
Mato Grosso e no Centro- Oeste, foi evidente o aumento na incidência de
nematoides nas lavouras. O alerta é da pesquisadora e nematologista da Fundação
de Apoio à Pesquisa Agropecuária de Mato Grosso (Fundação MT), Tânia Santos,
que ressalta que é preciso ficar de olho no manejo para o ciclo 2022/23.
Para orientar e sanar dúvidas, principalmente sobre
o momento certo de identificação desses patógenos, a instituição realiza hoje,
terça-feira, 25, a partir das 19h de MT, a live gratuita “É Hora de Cuidar”, com
participação de Tânia e da também pesquisadora e doutora em fitopatologia,
Rosangela Silva.
Uma das temáticas do evento é o monitoramento e o
momento certo de coleta para a avaliação dos nematoides. Esse assunto é
apontado pela especialista Tânia como fundamental para o sucesso do manejo. “O
ideal é monitorar sempre os sintomas na parte aérea da cultura, geralmente,
observamos manchas em reboleiras, onde as plantas ficam pequenas e amareladas,
e onde as folhas afetadas, às vezes, apresentam manchas cloróticas ou necroses
entre as nervuras, caracterizando a folha ‘carijó’”, relata.
Ainda pode ocorrer de muitas vezes não haver
redução no tamanho das plantas, mas no florescimento, de acordo com ela, pode
acontecer o abortamento de vagens e amadurecimento prematuro. “Comumente esses
sintomas não são tão evidentes, por isso é importante fazer a análise
nematológica, para identificar o tipo de nematoide e a população presente”,
reforça.
Fazer a coleta de solo e raízes, sempre que
identificar ou observar algum sintoma, ou ainda quando houver queda de
produtividade na safra anterior, são outras recomendações de Tânia. Ela destaca
ainda que é preciso enviar a um laboratório de confiança para análise. “O
momento certo de coletar essas amostras é no início da floração da cultura da
soja até a maturação. Esse é o período ideal, porque o nematoide completa de
dois a três ciclos nas raízes da planta”, sinaliza a profissional.
Vilões de várias safras
O problema com os nematoides em Mato Grosso tem
aumentado nos últimos anos, e a preocupação maior é com: Meloidogyne
javanica, Meloidogyne incognita e Heterodera glycines, e não menos
importante o nematoide das lesões, (Pratylenchus brachyurus),
frequentemente encontrado nas amostras de solo e raízes. Entretanto,
ainda temos o Rotylenchulus reniformis, que pode não ocasionar perda na
soja, porém, na cultura subsequente, como é o caso do algodão, e ainda perdas
mais expressivas.
O aumento da população desses patógenos não ocorre
só no Estado, mas também na região Centro-Oeste do País, que segundo a
pesquisadora da Fundação MT se deve ao monocultivo (soja/milho ou
soja/algodão), e a utilização de cultivares de soja suscetíveis ao longo das
safras.
Como realizar a amostragem
para diagnose de nematoides
Para que os resultados estejam de acordo com a
realidade da fazenda, é necessário realizar a coleta de amostras para a
diagnose da maneira mais correta possível e no tempo certo. Para a coleta
de solo e raízes é recomendado que estas sejam feitas no início da floração da
cultura, aproximadamente aos 40 ou 60 dias após a emergência. “Também indicamos
coletar essas amostras, sempre que possível, na bordadura da reboleira, ou
seja, proveniente da rizosfera. No caso de raízes, atenção especial às
radicelas, que devem ser coletadas de preferência no ciclo anterior a um novo
plantio”, explica a pesquisadora.
Ao fazer a coleta, utilizar ferramentas corretas,
tais como enxadas, enxadões e pás. Sempre identificar a embalagem que for
colocar esse material, sendo esta de plástico para não perder as
características iniciais da amostra. “Durante a amostragem, deve-se caminhar em
‘zigue-zague’, abrindo o solo em forma de V. Coletar as plantas que mostrem os
sintomas moderados, evitando aquelas com muitos sintomas ou que estejam muito
depauperadas. Nas reboleiras, amostrar na periferia dela”, salienta a
especialista.
Outra orientação importante é coletar na
profundidade de 0 a 25 ou 30 cm. “Com destaque para obter 10 sub amostras a fim
de formar uma amostra composta e aí desta homogeneizar bem e enviar para o
laboratório ao menos 1kg de solo e 20 gramas de raízes, devidamente embalada e
identificada de acordo com a área amostrada”, completa Tânia.
É preciso mudar
Os danos causados pelos nematoides na soja são
muito significativos, especialmente no Cerrado brasileiro como um todo, onde
existem condições favoráveis ao desenvolvimento e multiplicação deles. Para a
pesquisadora, falta ao produtor aprender a conviver com esses patógenos, pois
uma vez presentes na área é impossível erradicá-los. “Por isso é tão importante
fazer a correta diagnose da espécie que está na lavoura, aliada ao uso de
ferramentas de manejo comprovadamente eficientes, baseadas em resultados de
pesquisa, assim é possível melhorar a situação”, diz.
Várias ferramentas de manejo estão disponíveis no
mercado, com diferentes graus de eficiência, dependendo do trabalho adotado
pela fazenda. “Podemos apontar as cultivares resistentes, rotação de culturas,
utilização de nematicidas químicos e/ou biológicos e ainda culturas de
cobertura para introdução de matéria orgânica no sistema. Cabe ao produtor
analisar a relação custo/benefício de cada ferramenta e escolher o que mais se
adequa à sua lavoura”, finaliza a pesquisadora.
Saiba mais
Estas e outras informações você poderá acompanhar
hoje à noite durante o encontro online e gratuito da Fundação MT. Lembrando que
é a partir das 19h de MT. Na ocasião, uma equipe de pesquisadores estará
reunida para repassar o melhor direcionamento sobre os cuidados pós-plantio. As
inscrições podem ser realizadas pelo site: https://bit.ly/3SHfAzI.
Fundação MT

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