Mesmo com avanços
da medicina, gestações ocorridas em idades próximas da menopausa estão
associadas a perigos tanto para a mãe quanto para o feto
Gestações acima dos 40 anos sempre foram associadas
a situações de risco tanto para a mãe quanto para o bebê. Embora esta seja uma
lógica que faça sentido, à medida em que a medicina evolui e as pessoas passam
a ter hábitos de vida mais saudáveis, o ato de engravidar no período hormonal
conhecido como climatério tem se tornado relativamente mais comum. Neste
cenário, muitas pessoas acima dos 40 anos optam por técnicas de fertilização
artificial, assumindo os riscos de uma gestação em um período da vida em que
seu corpo já está se preparando para a menopausa.
Mas, afinal de contas, qual é a diferença entre o
climatério e a menopausa? A ginecologista e obstetra credenciada da Paraná
Clínicas, empresa do Grupo SulAmérica, Dra. Ariane Horiuchi (CRM 35.464, RQE
28.174) explica que embora muitas pessoas associem os termos como sinônimos,
são duas coisas diferentes: “O climatério é um período de transição
compreendido entre o final da fase reprodutora da mulher até a senilidade. Em
geral, varia dos 40 aos 65 anos. Já a menopausa é a interrupção permanente da
menstruação, sendo reconhecida clinicamente após 12 meses consecutivos sem que
ela ocorra. Ou seja: o climatério é um período onde o corpo está se preparando
para a fase não reprodutiva e a menopausa é a data onde efetivamente a mulher
não é mais capaz de reproduzir”, explica. Segundo a médica, a menopausa é
classificada como precoce quando ocorre antes dos 40 anos de idade, e tardia
após os 55 anos. De acordo com o IBGE, no Brasil a média de idade para
ocorrência da menopausa é de 48 anos.
No climatério acontece a gradativa diminuição da
fertilidade e, progressivamente, o declínio da produção de hormonal do ovário.
Se a falência ovariana ainda não houver acontecido, ou seja, se a mulher ainda
não tiver atingido a menopausa, ela ainda pode engravidar mesmo com chances
reduzidas. De acordo com a Dra. Ariane, este momento costuma variar bastante:
“De maneira geral, uma pessoa saudável e sem patologias conhecidas não tem um
limite de tempo para gravidez pré-estabelecido: a gestação pode acontecer de
forma espontânea em qualquer fase de seu período reprodutivo, em que os ovários
estejam funcionando e com atividade preservada. Porém, sabemos que após os 35 e
40 anos de idade os riscos obstétricos aumentam muito e as chances de gestações
espontâneas acontecerem reduzem substancialmente”, afirma. Segundo
especialistas, enquanto uma mulher em condições normais de saúde tem
aproximadamente 85% de chances de engravidar antes dos 35 anos, uma pessoa
entre 40 e 44 anos vê estas diminuírem para aproximadamente 10%. Depois disso,
as chances são menores que 5%.
Possíveis riscos
Em casos onde a gravidez aconteça durante este
período, a gestante deverá receber acompanhamento médico qualificado o quanto
antes. Além de um obstetra, é recomendado que ela tenha acesso a uma equipe
multidisciplinar que faça um acompanhamento completo de seu estado de saúde e
monitore possíveis riscos associados. Problemas de tireoide como
hipotireoidismo e hipertireoidismo, hipertensão arterial, pré-eclâmpsia,
síndrome HELLP, restrição de crescimento, diabetes gestacional, hemorragias,
aborto espontâneo, parto prematuro e cromossomopatias como a síndrome de Down
são algumas das possíveis complicações associadas a gestações durante o
climatério.
Apesar dos perigos, muitas pessoas acima dos 40
optam pela reprodução assistida. A Dra. Ariane explica que embora este seja um
caminho possível, o Conselho Federal de Medicina (CFM) determina o limite de 50
anos para aquelas mulheres que querem ser candidatas a técnica. De um jeito ou
de outro, mesmo que a mulher ainda esteja apta a realizar a fertilização
artificial, há cuidados indispensáveis a fim de preservar a saúde da mãe e do
feto: “É importante engravidar com as doenças de base bem compensadas e
conhecidas pela paciente para evitar assim consequências maternas e fetais
graves decorrentes das alterações geradas por essa gestação associada a doenças
que já acompanham essa mãe”, conclui.
Paraná Clínicas
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