Dono dos três últimos recordes mundiais na prova de
100m rasos, Usain Bolt é o homem mais rápido da história. Pistas de todas as
partes do mundo viram os pés do jamaicano passar voando em Olimpíadas,
campeonatos mundiais e outras grandes competições, ao longo de sua brilhante
carreira. Chegar primeiro, no caso do jamaicano, era questão de velocidade.
Afinal, a modalidade em que ele se consagrou é um tiro curto, em que qualquer
erro, por menor que seja, pode comprometer o resultado.
Por outro lado, o episódio ocorrido com o
brasileiro Vanderlei Cordeiro de Lima nos Jogos Olímpicos de Atenas, em 2004,
mostra que, quando se trata de uma maratona, mais que a velocidade, é preciso
garantir um desempenho regular do início ao fim da prova. Embora estivesse em
primeiro lugar com alguma vantagem sobre o segundo colocado, quando faltavam
apenas sete quilômetros para o fim da corrida, o atleta foi empurrado por um
manifestante irlandês e viu ruir o sonho do ouro olímpico.
Longe das pistas, no mundo dos negócios, assegurar
uma certificação de segurança da informação se parece muito mais a uma maratona
que a uma prova de 100m rasos. Ainda que a conquista de uma certificação traga
alívio e a sensação de missão cumprida, é preciso mais que isso para manter o
nível de qualidade alcançado.
Em geral, uma empresa passa alguns anos se
preparando e investindo em processos e tecnologias antes da auditoria da ISO.
Da Presidência aos estagiários, é fundamental que todos os colaboradores
estejam cientes dos processos. E, depois de todo esse esforço, a tentação de
descansar é natural. Mas, assim como na maratona, relaxar pode significar uma
perda indesejável de atenção e foco aos detalhes.
São inúmeros os pormenores necessários para manter
os níveis de qualidade da operação. E é fácil permitir que algum deles passe ao
largo, principalmente aqueles que não são visitados regularmente. Um processo
de backup
e restore,
por exemplo, é um controle que precisa ser feito diariamente devido à sua
utilização, porém um processo de análise de risco tem um intervalo de execução
e revisão que às vezes chega a 12 meses. Como, então, não esquecer dele?
A resposta está em manter um cronograma sempre
atualizado e realizado. Sem essa disciplina, a possibilidade de controles
caírem no esquecimento é muito grande. Ter em mente todos os detalhes que foram
exigidos antes do selo é indispensável. Também convém criar caminhos para
possibilitar a comunicação constante com cada um dos colaboradores, o que ajuda
a mantê-los engajados.
Comunicações regulares sobre os aspectos da
segurança da informação são relevantes, bem como o emprego de ferramentas auxiliares
que possibilitam a divulgação e o treinamento. Para isso, é válido usar das
técnicas mais tradicionais às ferramentas de mercado que utilizam gamificação
para disseminar o conhecimento e envolver os colaboradores, premiando aqueles
que se destacam.
Outro fator que apoia a manutenção da certificação
são os processos automatizados. Revisar os acessos dos usuários nos sistemas é
importante? Então, configure sua ferramenta de service desk para
registrar um chamado mensalmente. Assim, a revisão poderá ser feita e
documentada de forma adequada. Verificar a execução de backup
é importante? Que tal configurar o envio dos logs de backup por e-mail?
Automatizar os detalhes ajuda a evitar que algum deles fique para trás na
rotina atribulada do dia a dia.
Por último, lembre-se de manter a alta direção
engajada no processo de segurança da informação. Assim como nas Olimpíadas, é
necessário manter a “chama” sempre acesa, como um lembrete do objetivo final
dessa jornada e da razão pela qual ela deve ser percorrida com foco e atenção
aos detalhes, muito mais que apenas velocidade.
Paulo Cury - superintendente de Infraestrutura de TI na Tecnobank.
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