Especialista da Rede de Hospitais São Camilo de SP destaca benefícios da ciência, como medicamento que pode potencializar o tratamento a partir de anticorpos conjugados
Com as novas tecnologias e o avanço
da ciência, surgem também novas formas de combate doenças, como o câncer de
mama. Este tipo de tumor é mais comum entre as mulheres no Brasil e no mundo e
tem sido um dos principais objetos de estudo na busca incessante pela cura da
doença.
Para o ano de 2022, conforme o
Instituto Nacional de Câncer (Inca), foram estimados 66.280 novos casos de câncer
de mama no país, ou seja, uma incidência de 43,74 ocorrências para cada 100 mil
mulheres.
Normalmente, os tratamentos
disponíveis são cirúrgicos, radioterápicos e sistêmicos, e podem ser injetáveis
e oral. “A cirurgia ainda é o tratamento padrão curativo para câncer de mama
localizado. A quimioterapia também faz parte deste tratamento e pode ser feita
antes e depois da cirurgia. Já a radioterapia é um tratamento complementar,
para pacientes que retiraram uma parte da mama ou tem uma axila positiva (com
doença linfonodal)”, afirma Haila Bockis Mutti, oncologista da Rede de
Hospitais São Camilo de SP.
Tratamentos como hormonioterapia,
para pacientes que expressam receptores hormonais; terapia-alvo, que trata
pacientes HER2 positivos; e anticorpo-droga conjugado são opções válidas, a
depender do tipo e do estadiamento do câncer de mama.
Estudos recentes apontam um
medicamento que pode potencializar o tratamento a partir de anticorpos
conjugados. Uma pesquisa publicada no The New England Journal of Medicine
mostra que um remédio chamado trastuzumab deruxtecan colaborou com uma
redução significativa da doença.
“Essa é uma medicação usada para
pacientes com câncer de mama que expressam a proteína HER2 e estão num cenário
de doença metastática, que já foram submetidas a um tratamento com bloqueadores
de HER. É um estudo positivo, porque mostrou uma taxa de resposta alta no
controle da doença e redução de tumor. Também aponta uma diminuição no risco de
morte em 45%”, destaca a médica.
O remédio já é aprovado pela Agência
Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa) no Brasil, para ser utilizado
especificamente nestes casos. Os impactos da medicação mostram-se positivos para
as pacientes, quando se trata de sobrevida global, livre de progressão e em
taxa de resposta para o controle da doença.
Outra novidade que visa ajudar
pessoas com câncer de mama é a introdução da imunoterapia no tratamento de
quimioterapia pré-cirúrgica. “Agora foi introduzida a imunoterapia junto com a
quimioterapia, para pacientes com câncer de mama triplo negativo. Então, para
pacientes com doença localizada e indicação de quimioterapia prévia, é possível
associar a imunoterapia junto com o tratamento”, complementa a oncologista.
Estudos desenvolvidos pelo Hospital
Johns Hopkins, nos Estados Unidos, também indicam inovações nos tratamentos.
Pesquisadores constataram a possibilidade de analisar um DNA “oculto”, através
da avaliação do sangue do paciente com câncer.
A pesquisa implica não só no
tratamento do câncer de mama, mas também em tratamento de tumores em geral. No
Brasil, esse método ainda não é utilizado, mas segue em estudos clínicos.
“Imagina que o paciente fez uma
sessão de quimioterapia e, em seguida, o sangue dele será analisado, para saber
se tem o DNA da célula tumoral. Isso é muito interessante para avaliar a
eficácia do tratamento e se há doença residual. Para pacientes que fizeram
cirurgia, será possível avaliar se elas devem receber quimioterapia adjuvante,
por exemplo”, explica Haila.
Tanto a evolução das técnicas para o
cuidado dos pacientes como a inovação dos remédios possibilitam a busca por
melhor qualidade de vida, além de reduzir riscos de óbito entre a população.
Até o momento, o aparecimento do
câncer de mama não tem exatamente uma causa aparente. Mas sabe-se que fatores
como idade, genética, hábitos e até mesmo causas ambientais podem comprometer a
saúde. De acordo com o Inca, entre 80% e 90% dos casos de câncer estão associados
a causas externas.
Com isso, cuidados com o estilo de
vida são indicados na prevenção da doença. O acompanhamento médico e a
realização de exames periódicos, principalmente para mulheres a partir dos 40
anos, também são de extrema importância. Já a questão do diagnóstico precoce
faz toda a diferença, visto que o câncer de mama pode ser curado em mais de 90%
dos casos, quando diagnosticado em fase inicial.
Hospital São Camilo
@hospitalsaocamilosp
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