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terça-feira, 23 de agosto de 2022

Especialista do Oncologia Americas fala sobre os cigarros eletrônicos

No mês em que é celebrado o Dia Nacional de Combate ao Fumo, vale o alerta sobre o tema que vem preocupando profissionais da saúde    

 

Enquanto o consumo de tabaco caiu nas Américas, conforme aponta o relatório da Organização Pan-Americana da Saúde (Opas), o uso dos cigarros eletrônicos segue em escalada entre os jovens, como indica estudo recente do periódico Pediatrics. Entre agosto de 2019 e fevereiro de 2020, ocorreu um surto de doença pulmonar aguda grave denominada EVALI – (do inglês E-cigarette or Vaping product use-Associated Lung Injury), na tradução livre, lesão pulmonar associada ao uso de produto vaporizador”. A única associação entre os pacientes da síndrome, é que todos eram usuários de cigarros eletrônicos e, na maioria, jovens.    

O uso dos chamados Dispositivos Eletrônicos para Fumar (DEFs), como explica Ricardo Meirelles, pneumologista do Americas Oncologia, aumenta de duas a três vezes o risco de experimentação do cigarro convencional e, em mais de quatro vezes, o consumo de cigarros comuns, com a possibilidade do consumo de ambos (uso dual).    

Tais dispositivos são compostos por bateria de lítio, sensor, microprocessador, cartucho ou refil, uma solução líquida (e-liquidos), um atomizador que aquece e vaporiza esta solução, além de bocal para inalação.  “Mesmo que ocorra uma sensação de que são inofensivos, a maioria dos DEFs contém nicotina, droga psicoativa que leva à dependência. Ao ser inalada, ela chega ao cérebro em uma fração de 7 a 19 segundos, liberando substâncias que trazem sensação imediata de prazer”, informa.  

O médico informa, ainda, que no líquido, à base de propilenoglicol e/ou glicerina, são dissolvidos nicotina, junto a cerca de 16 mil tipos de essências flavorizantes com sabores agradáveis, como frutas, chocolate, sorvete e menta.  O nome cigarro eletrônico abrange uma grande variedade de produtos. Desde os primeiros, que pareciam com um cigarro tradicional aos mais modernos, semelhantes a um pendrive. “ Eles contêm concentrações maiores de nicotina e podem provocar dependência de difícil resposta aos tratamentos atuais. Foram identificadas, até o momento, cerca de 80 substâncias nos aerossóis, sendo muitas delas tóxicas e cancerígenas. Também são fatores de risco para doenças respiratórias e cardiovasculares. Em pesquisas de laboratório o cigarro eletrônico se tornou cancerígeno para o pulmão e bexiga de camundongos”, alerta.  

A Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa) proíbe a comercialização, importação e propaganda de cigarros eletrônicos no Brasil (RDC 46/2009). Porém, a experimentação segue crescendo entre os jovens. Recentemente, com o intuito de coibir a venda e reverter tal cenário, a agência manteve a resolução, apoiada por uma melhor fiscalização e realização de campanhas educativas, especialmente para essa faixa etária.   

“No entanto, acredito que há uma necessidade maior de se abordar o tema e deixar ainda mais evidente os alertas em todos os canais possíveis, que possam alcançar esse público, iludido com a falsa ideia que s DEFs são inofensivos”, finaliza Meirelles. 


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