A Dra. Fabiele Russo, neurocientista e fundadora do Neuroconeta,
considerada como a maior plataforma sobre TEA do Brasil, levanta a importância
da atenção sobre o autismo em crianças já que o diagnóstico precoce minimiza
dificuldades proporcionadas pelo transtornoCréditos: Canva
De acordo com a OMS (Organização Mundial de Saúde) existem duas milhões
de pessoas com o Transtorno de Espectro Autista (TEA) no Brasil. O número
é estimado, já que há muitos indivíduos que possuem a TEA, entretanto, não têm
consciência do fato - a porcentagem de pessoas nessas condições apenas cresce
e, muitas delas, descobrem essa característica apenas quando adultos.
Para minimizar as dificuldades proporcionadas pela TEA, é muito
importante que os sinais do transtorno sejam identificados logo no início. Um
erro comum é acreditar que o diagnóstico pode ocorrer apenas quando a criança
está com três anos ou mais. Quanto mais cedo ocorrer o diagnóstico, mais
rapidamente começarão as intervenções e estimulações precoces, um processo
fundamental para que a criança consiga desenvolver as habilidades cognitivas,
sociais e de linguagem.
Segundo a Dra. Fabiele Russo, neurocientista e fundadora do Neuroconeta, considerada
como a maior plataforma sobre TEA do Brasil , o diagnóstico do TEA é clínico,
baseado em evidências científicas, de acordo com os critérios estabelecidos
pelo DSM–V (Manual de Diagnóstico e Estatístico da Sociedade Norte-Americana de
Psiquiatria) e pelo CID-11 (Classificação Internacional de Doenças da
Organização Mundial da Saúde – OMS). Sendo assim, não existe um exame
específico que identifique o autismo.
O diagnóstico precoce é um dos temas principais que serão debatidos no 6o CONOTEA -
Congresso Online de Transtorno do Espectro Autista, considerado como um dos
mais importantes do segmento.
“Os sinais de autismo são amplos e voltados à comunicação social,
reciprocidade social e comportamentos restritos e repetitivos. Mas, é
impossível a exclusão da individualidade de cada pessoa, já que muitas vezes, a
criança não apresenta todos os sinais comuns”, explica a neurocientista, que
lista os cinco comportamentos mais comuns de serem identificados em crianças
por familiares, que podem ser encaminhados para consultas com especialistas em
TEA.
- Dificuldade de contato visual
“A criança não olha quando é chamada pelo nome ou não sustenta o olhar -
também pode ter dificuldade em respostas, isso por conta de uma sensação de desconforto
quando expostas a estímulos sociais”, explica a médica. É importante que seja
realizado um rastreamento visual. A criança precisa olhar para o objeto mesmo
quando ele é deslocado, ou se ela vai se perder. Pessoas nessas condições
costumam olhar para objetos, e não nos olhos daqueles que se referem a ela.
- Dificuldade de interação
Muitas crianças e adultos autistas apresentam dificuldades na interação
social e precisam de ajuda para aprender a agir em diferentes tipos de
situações sociais.“É comum que o autista tenha dificuldade de entender outras
pessoas, como expressões faciais ou linguagem corporal, além de não gostarem
tanto de contato físico e afetivo", coloca Fabiele. Estes também não
gostam de compartilhar objetos e preferem brincar sozinhos - por conta disso,
sentem mais dificuldade de fazer amigos
- Dificuldade de transições
É comum o desconforto ao sair do cotidiano e da rotina, isto para todas
as pessoas, sendo neuróticas ou atípicas. Entretanto, os autistas têm
dificuldade em mudar de atividades com mais intensidade: “A criança
neurotípica, geralmente, encerra uma atividade e começa outra sem dificuldade
ou choros ``, exemplifica Fabiele.
- Dificuldade de controle motor
Muitas crianças com autismo apresentam dificuldades na coordenação
motora, como o olhar e direcionamento para a ação ou realizar brincadeiras
simples que exijam a coordenação como pegar objetos. Também, os autistas podem
realizar movimentos, comportamentos e/ou atividades desencadeadas de maneira
involuntária e repetitiva. “Com isso, podem chacoalhar as mãos, balançar-se
para frente e para trás, correr de um lado para outro, pular ou girar sem
motivos aparentes - os movimentos podem se intensificar em momentos de
felicidade, tristeza ou ansiedade”, esclarece a médica.
- Comportamentos sensoriais atípicos
Autistas podem ter uma sensibilidade maior aos estímulos do ambiente ou
ainda uma sensibilidade muito menor em relação aos neurotípicos. “Quando há
hipersensibilidade, a pessoa percebe os estímulos do ambiente com mais
facilidade. Já quem tem hipossensibilidade precisa de bastante excitação ou
esforço para sentir o estímulo”, comenta Fabiele. É comum pessoas com autismo
apresentarem questões sensoriais e se sentirem incomodadas com sons, luzes,
texturas, movimentos, toques e sabores - isso pode levar a crises.
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