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quarta-feira, 3 de novembro de 2021

Endocrinologista ensina como não cair nas pegadinhas dos rótulos alimentícios

Nem sempre o que se lê é o que se come... Especialista em ciência da alimentação nos Estados Unidos desvenda o que está por trás de cada expressão ou palavra presente em embalagens de alimentos processados

O estresse da vida moderna, a correria, a infinidade de informações contraditórias e de produtos novos, bem como a falta de tempo para organizar e planejar a rotina diária, impacta diretamente no que comemos e em como comemos.

Dra. Paula Pires Endocrinologista e Metabologista pela USP explica que é preciso conhecer o que se comunica nos rótulos e ainda entender o que significam as palavras e frases "caça-consumidores" presentes nas embalagens dos alimentos.

Para a médica o segredo de boas escolhas esta em selecionar marcas que prezam por poucos e bons ingredientes. "Perca nem que seja 1 minutinho olhando a lista de ingredientes. E quando for abrir uma exceção e comer coisas não tão saudáveis (o que pode e deve ser feito, às vezes, sim), faça com consciência, bom senso e com o que realmente vale a pena! A meta é sempre minimizar esse uso, preferindo os alimentos simples e naturais, aqueles que vêm direto da feira e nem tem rótulo para ler", explica.

A dieta mais saudável é aquela baseada na inclusão de alimentos in natura ou minimamente processados, ou seja, que crescem na terra vão direto para o prato, como frutas, legumes, verduras, cereais, tubérculos, leguminosas, grãos, oleaginosas e sementes. "Trazer a natureza para a mesa, nos coloca em contato com os alimentos, sabores e nutrientes em sua forma mais pura e o mais perto de sua forma original possível. É a comida de verdade, caseira, que mais faz bem a você", alerta.

Os maiores vilões são os alimentos ultraprocessados, pois geram dependência alimentar, têm excesso de calorias e aumentam o risco de doenças. O primeiro problema é que chegam ao consumidor com preços inferiores ao de frutas e verduras e contêm indicações que podem confundir o público.

Fique atento a pegadinhas contidas em frases como:


1 - Produtos lights, para manter a consistência e sabor da versão original, precisam que muito açúcar ou aspartame sejam adicionados. Verifique cuidadosamente seus aditivos.

2 - Produto multigrão não é necessariamente 100% integral, mas contém mais de um tipo de grão, e um deles pode ser a farinha enriquecida com ferro e ácido fólico.

3 - Produto natural não significa que seja semelhante a algo natural, mas que, a certa altura, o fabricante trabalhou com uma fonte natural, como maçãs ou arroz.

4 - Produto orgânico diz muito pouco sobre ser um produto é saudável. Por exemplo, o açúcar orgânico ainda é açúcar (que pode prejudicar o seu pâncreas). E o iogurte orgânico pode ser cheio de açúcares adicionados.

5 - Sem adição de açúcar. Alguns produtos são naturalmente ricos em açúcar. O fato de não terem adicionado açúcar não significa que sejam saudáveis e substitutos do açúcar não saudáveis também podem ter sido adicionados.

6 - Baixa caloria. Os produtos de baixa caloria precisam ter um terço a menos de calorias do que o produto original da marca. E pode ser zero calorias, mas cheio de aditivos e adoçantes em excesso.

7 - Baixo teor de gordura. A gordura foi reduzida às custas da adição de mais açúcar. Normalmente, quando tiramos um ingrediente, substituímos por outro que pode ser até pior.

8 - Baixo teor de carboidratos. Dietas com baixo teor de carboidratos (low carb) foram associadas à melhoria da saúde. Ainda assim, os alimentos processados rotulados com baixo teor de carboidratos, geralmente ainda são junk food, processados, semelhantes aos alimentos processados com baixo teor de gordura.

9 - Feitos com grãos inteiros. Verifique se os grãos inteiros estão entre os três primeiros ingredientes; se não estiverem, a quantidade é insignificante.

10 - Fortificado ou enriquecido. Significa que nutrientes foram adicionados ao produto. Por exemplo, a vitamina D é frequentemente adicionada ao leite. No entanto, só porque algo é fortificado, não o torna saudável necessariamente.

11 - Livre de glúten. Sem glúten não significa saudável. O produto simplesmente não contém trigo, centeio ou cevada. Muitos alimentos sem glúten são altamente processados e carregados de gorduras prejudiciais à saúde. Qual o melhor alimento sem glúten? Aquele que nem rótulo tem: vegetais, arroz, feijão, frutas, quinoa…

12 - Com sabor de frutas. Muitos alimentos processados têm um nome que se refere a um sabor natural, como iogurte de morango. No entanto, o produto pode nem conter frutas - apenas produtos químicos com gosto de fruta.

13 - Cereais integrais de caixinha. Com frequência tem açúcar e corantes na composição. Prefira granolas caseiras, aveia, sementes e castanhas.

14 - Pão de supermercado. O problema é a distribuição em larga escala, que faz com que esses produtos sejam cheios de conservantes. Mesmo com versões sem glúten e/ou integrais, prefira um pãozinho mais artesanal, feito em uma padaria legal, com fermentação natural, de preferência. Hoje tem muita gente fazendo e entregando pães mais nutritivos também. Você pode congelar em fatias para facilitar.

15 - Requeijão. Pode ser uma mistura química cheia de espessantes. Se for comer lácteos, prefira comer queijo em fatias, cremosos como cottage ou ricota ou ainda manteiga mesmo.

16 - Suco de caixinha. Mesmo as versões mais naturais continuam sendo bem industrializadas, uma vez que um suco de frutas é uma bebida bem perecível. Deixe para momentos pontuais e não no dia a dia.

17 - Barrinhas de cereais. Muitas delas são cheias de corantes, adoçantes em excesso e substâncias estranhas que tem mais o objetivo de facilitar do que nutrir. Por isso, leia sempre o rótulo e faça a relação carboidratos/fibras.

Sem dúvida, é quase impossível para quem trabalha por mais de 8 horas diárias, consumir apenas produtos in natura ou minimamente processados. Porém isso não pode ser uma desculpa para não se alimentar bem. Passo a passo, pode-se substituir produtos e buscar o que de melhor o mercado traz em termos nutricionais. Procure desembalar menos a cada dia

 

 

Paula Pires - CRM/SP 138.809 - Especialista em Endocrinologia e Metabologia - RQE nº 47818 - Especialista em Endocrinologia Pediátrica - RQE nº 47818-1  - Especialista em Clínica Médica - RQE nº 47817. Como endocrinologista e clínica geral, presta atendimento a todas as faixas etárias, desde a infância até a terceira idade, seguindo o crescimento, a puberdade e o desenvolvimento até o envelhecimento e suas alterações hormonais características. Especialista em Endocrinologia, Metabologia e Clínica Médica • Sócia Proprietária da Clínica Essenza.


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