Os casos de eventos adversos têm sido um dos maiores desafios para os sistemas sanitários em todo o mundo. De acordo com dados da Organização Mundial de Saúde (OMS), é estimado que, anualmente, quase 43 milhões de pessoas sejam afetadas por estas ocorrências. Nesse sentido, as soluções de suporte à decisão clínica tornaram-se grandes aliadas no combate aos erros médicos e na redução do ainda expressivo número de eventos adversos dentro das instituições de saúde.
Vale ressaltar que
eventos adversos são considerados, por definição, quaisquer ações que possam
resultar em danos desnecessários a pacientes do sistema de saúde, seja público
ou privado. Neste sentido, essas ocorrências têm impacto significativo, não
apenas no que se refere à qualidade do cuidado ao paciente, mas também para os
custos e desperdícios dentro das organizações.
Quando o assunto são
as prescrições de medicamentos, embora muitas instituições já utilizem soluções
que visam reduzir estes erros, na maioria das vezes, o nível de maturidade
destas ferramentas é muito diferente. Quanto mais alto o nível de maturidade,
maior também a personalização da análise da prescrição, ou seja, avaliações
mais complexas e que dificilmente seriam realizadas individualmente. Diante
deste contexto, quanto mais uniforme e elevado o nível de maturidade das
soluções, maior seria a redução do volume destes eventos.
Diferentes níveis de
maturidade das soluções de suporte à decisão clínica
O mercado de saúde
está repleto de soluções tecnológicas que suportam as decisões clínicas no que
diz respeito às prescrições médicas. No entanto, a variabilidade da maturidade
destas soluções interfere diretamente no resultado esperado pelas instituições
ao aderirem este tipo de recurso.
Neste contexto, nos
primeiros dois níveis de maturidade, as soluções não são otimizadas, uma vez
que as interações analisadas ainda são muito básicas. Isto quer dizer que levam
em consideração apenas as informações referentes aos medicamentos e a interação
entre eles. Neste tipo de operação, os dados relacionados ao paciente são
escassos. Além disso, o impacto é limitado devido ao número excessivo de
alertas de pouco valor, o que pode resultar no que chamamos de fadiga por
alertas. Na maioria dos casos, estas soluções são implementadas nas
instituições, mas não são utilizadas pelo corpo clínico.
A partir do nível 3,
estas soluções de análise de erros tornam-se importantes ferramentas de suporte
à decisão clínica, com qualidade de alertas e complexidade de triagem muito
mais elevados. Isto acontece porque as informações referentes ao paciente, como
peso, morbidades, entre outros, são muito mais completas e garantem uma análise
mais detalhada. A assertividade alcançada neste nível de maturidade pode gerar
uma redução expressiva de custos para as instituições. Já no nível 4, isso se
transforma em um processo contínuo de aumento de informações do paciente, com
alertas ainda mais eficazes e personalizados.
Principais
características das soluções de alto nível de maturidade
Com objetivo de
atingir os requisitos de suporte à decisão clínica , muitas instituições optam pela implementação de
soluções a curto prazo, o que significa investir em ferramentas com maturidade
de nível 2. Em um primeiro momento, pode até ser que esta tecnologia contribua
com os objetivos iniciais da instituição. No entanto, as características
observadas nestes sistemas inviabilizam a utilização ao longo do tempo,
penalizando o cumprimento de objetivos a longo prazo.
Neste sentido, além da
checagem dos erros de medicamento e o conteúdo baseado em evidências, existem
características técnicas que podem transformar estas soluções, desde o nível
básico ao avançado. A primeira e principal característica que diferencia os
níveis destas soluções é a forma como os alertas são integrados no workflow do
prontuário eletrônico. Nos níveis mais baixos, os alertas chegam ao fim do
fluxo de prescrição. Já nos níveis avançados, o alerta é produzido em todas as
etapas do processo de prescrição.
Este detalhe garante
assertividade no suporte à decisão clínica, uma vez que promove uma experiência
de uso totalmente integrada ao prontuário. A partir disso, diversos impactos
podem ser notados. Além dos médicos terem a experiência de uso desde o primeiro
prontuário, a característica pode melhorar a eficiência, reduzindo possíveis
erros na tomada de decisão, bem como auxiliar o corpo clínico a aderir práticas
mais eficazes e atualizadas.
Outro ponto importante
na diferenciação das soluções avançadas é a possibilidade de aumentar o impacto
clínico de prescrição, coletando e interpretando os dados do sistema e, assim,
personalizando e adaptando os detalhes do caso, ou as exigências do usuário.
Neste sentido, os usuários juniores recebem mais alertas, enquanto os seniores
têm a possibilidade de receber as mensagens apenas para alertas mais graves.
Por fim, e talvez o
fator mais importante, é a existência de uma integração destas soluções a uma
base de dados que receba atualizações constantes, já que a evidência médica
continua se atualizando a cada dia. Para um hospital, é impossível manter uma
base de conhecimento tão complexa e atualizada, individualmente. Por isso,
contar com o apoio efetivo da tecnologia e dos recursos de suporte à decisão
clínica pode ser a chave para uma operação mais eficiente. Não só os
profissionais da saúde estarão melhor informados e amparados, mas também os gestores
poderão traçar perspectivas mais assertivas sobre a qualidade do cuidado e a
segurança do paciente.
Christian Cella - VP Medi-Span International, Clinical
Effectiveness da Wolters Kluwer
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