Sinais costumam
surgir na idade pré-escolar e podem prejudicar futuro acadêmico e relações
sociais da criança
Dificuldades
em andar de bicicleta, tombos frequentes, falta de ritmo e de orientação
espacial. Esses são alguns sinais que podem indicar a presença do Transtorno do
Desenvolvimento da Coordenação (TDC).
Pouco conhecido e diagnosticado, esse distúrbio costuma ser percebido com mais
intensidade quando a criança vai para a escola. Estima-se que até 10% das
crianças com 6 anos ou mais são afetadas pelo TDC.
As causas do TDC ainda não são tão claras. Mas, alguns fatores de risco, como a
prematuridade, podem estar envolvidos no desenvolvimento da condição. Contudo,
a condição atinge crianças sem lesões neurológicas ou outras doenças que
expliquem esses atrasos. Ou seja, são crianças com desenvolvimento normal.
Desajeitadas?
Segundo Walkíria Brunetti, fisioterapeuta especialista em neurologia,
a impressão dos pais, educadores e colegas é de que a criança é apenas
‘desastrada’ ou que não leva muito jeito para os esportes.
“Porém, as alterações também aparecem na letra, no desenho, na dificuldade em
se vestir, em comer sozinho, em amarrar o tênis, entre outras atividades da
vida diária”, explica Walkíria.
Baixa autoestima
Um dos pontos de atenção em relação ao TDC é que a condição também afeta as
interações sociais da criança.
“É muito comum ganhar apelidos ou ainda ser excluída das brincadeiras. Essa
criança pode se isolar ou preferir brincar sozinha. A frequência dessas situações
de exclusão e frustração podem afetar a autoestima, bem como causar prejuízos
comportamentais”, alerta Walkíria.
Sinais de alerta
Embora cada bebê tenha seu tempo e sua evolução no desenvolvimento
psiconeuromotor, os pais devem ficar atentos. “Alguns bebês podem demorar mais
tempo para se sentar, andar e os brinquedos, por exemplo, com mais destreza”,
diz a especialista que há 30 anos atua na fisioterapia neurofuncional voltada
para os transtornos do desenvolvimento.
“Quando ficam um pouco maiores, os pais percebem que a criança tem mais
dificuldade para se vestir sozinha, comer sozinha, amarrar sapatos, usar
talheres, tesouras etc. Aqui é importante dizer que a criança consegue realizar
essas atividades. Porém, ela precisa se esforçar mais e, muitas vezes, pode
ficar frustrada e nervosa quando o movimento não dá certo”, reforça.
Veja abaixo alguns sinais de alerta:
A criança:
- Costuma ser mais desajeitada
com mais propensão a acidentes
- Esbarra nos móveis, tropeça
bastante
- Apresenta desempenho abaixo
da média em esportes e atividades com bola
- Tem mais dificuldade para
aprender a andar de bicicleta, patins, pular corda
- É mais lenta para trocar de
roupa, calçar sapatos, amarrar cadarços
- Tem dificuldade em usar
talheres, tesoura, lápis etc.
- Apresenta traçado pobre,
lentidão na escrita, letra ruim, sem forma ou desorganizada no papel
Intervenção precoce
Quando se fala em TDC, é mais difícil que o tratamento seja precoce, justamente
porque são crianças com desenvolvimento normal. Por isso, em geral, o
diagnóstico ocorre por volta dos 6 anos, quando a criança começa a ser
alfabetizada.
“O tratamento consiste em aplicar técnicas da fisioterapia neurofuncional para
corrigir os movimentos. Por se tratar de crianças, os exercícios são feitos em
um formato mais lúdico para motivar o engajamento. É importante trabalhar a
consciência corporal com estímulos proprioceptivos e vestibulares”, comenta
Walkíria.
“Além disso, a terapia ocupacional também é importante para melhorar a
coordenação motora fina. A criança será treinada para melhorar a escrita, o
desenho, o uso de tesoura, talheres e outras atividades que exigem controle de
força e precisão. Aqui são feitos os movimentos das atividades diárias também,
como se vestir, amarrar os sapatos etc.”, adiciona a especialista.
Quando procurar ajuda?
Caso os pais percebam alguma alteração na coordenação motora ou algum padrão
que se repete, como por exemplo, tropeços e quedas frequentes, podem procurar
um fisioterapeuta especializado em neurologia para uma avaliação.
“Vale lembrar que transtornos da coordenação motora podem se perpetuar na vida
adulta. Assim, quando mais precoce o tratamento, menor o risco de isso
acontecer”, finaliza Walkíria.
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