Na avaliação do professor de Infectologia do Centro Universitário São Camilo – SP, Robert Fabian Crespo Rosas, ainda é cedo para desobrigar o uso de máscaras mesmo ao ar livre, considerando a proximidade das festas de fim de ano
A partir do dia 11 de
dezembro, conforme anúncio do Governo de São Paulo, o uso de máscaras em áreas
abertas deixa de ser obrigatório no Estado, O anúncio foi feito no dia 24 de
novembro pelo governador João Dória. Para o infectologista Robert Fabian Crespo
Rosas, professor do curso de Medicina do Centro Universitário São Camilo – SP,
o momento ainda não é oportuno para flexibilizar o uso do item de proteção.
Confira a análise do
especialista:
O uso de máscaras
continuará obrigatório em áreas internas e fechadas e em estações e centrais de
transporte público. Ainda assim, essa decisão pode impactar a disseminação do
Coronavírus no Estado?
Isso é possível, sim.
Principalmente se as pessoas começarem a ficar sem a máscara e se mantiverem
aglomeradas. Estamos às vésperas do final do ano, quando é comum em várias
cidades acontecer reuniões com grande número de público e, justamente por serem
ao ar livre, não precisariam usar máscara. Apesar desse detalhe de estar ao ar
livre, isso não previne totalmente a possibilidade de contrair a doença.
Já foi descrito em estudos prévios que o fato de estar perto de uma pessoa
infectada pode ser prejudicial pois, mesmo sendo assintomática, ela elimina no
ambiente cerca de 200 partículas virais por minuto até mesmo se ficar calada.
Se começar a falar, essa quantidade de partículas eliminadas tende a ser quatro
ou cinco vezes maior. Portanto, essa medida sem dúvida vai provocar alguns
problemas e nós temos exemplos práticos que afirmam isso, como foi o caso da
liberação do uso de máscaras em locais abertos na Europa. Hoje nós vemos vários
países com grande número de pessoas infectadas novamente - muitas delas em
estado grave - e somado ao fato de [a população desses países] não ter tomado a
vacina corretamente, visto os baixos índices de vacinação naquela região, o que
tem gerado novas ondas de infecção pelo Coronavírus.
É possível fazer uma
relação direta ou indireta entre a porcentagem da população vacinada e a
necessidade do uso de máscara de proteção?
Existe na teoria a
imunidade de rebanho, em que considerando que 70% ou mais da população esteja
vacinada ou tenha tido contato prévio com o vírus, nós estaríamos com chance
bem baixa de adquirir a infecção. Porém, isso é muito irregular de Estado para
Estado aqui no Brasil. Temos até um ranking de Estados com maior índice de
vacinação. São Paulo está entre eles, mas a maioria ainda tem índice abaixo de
60%. Então, apesar dessa teoria, não é possível generalizar para o País
inteiro.
Considerando que São
Paulo foi o primeiro Estado a registrar um caso de infecção por Coronavírus no
Brasil, em março de 2020, a desobrigação do uso de máscara pode deixar uma
impressão equivocada para o restante do País, como se a pandemia estivesse no
fim?
Sem dúvida. Parece que as pessoas podem sair livremente e nossa
realidade não é essa. Então é fundamental que todas as precauções tomadas no
passado, não mais com a rigidez de antes, mas ainda mantendo os elementos
básicos, como o uso da máscara e o distanciamento social sejam recomendadas.
Isso vale tanto para áreas internas e ambientes fechados, como para locais
externos, pois a proximidade entre as pessoas é suficiente para que ocorra transmissão.
Para
ouvir a análise completa do médico e professor de Infectologia do Centro
Universitário São Camilo – SP, Robert Fabian Crespo Rosas, acesse o link do
podcast da Agência de Notícias em Saúde do Centro Universitário São Camilo:
https://open.spotify.com/episode/7EqwmsYOZMMrEijMiR3dtS?si=b01a9ce496ab45c4
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