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terça-feira, 26 de maio de 2020

MAIO CINZA


Mês de conscientização do câncer cerebral


Herança genética, síndromes de predisposição ao câncer e exposição à radiação são fatores de risco. Importante ter atenção aos sinais de alerta e saber que a doença pode ter cura


A cor do mês de maio é cinza para conscientizar toda a sociedade sobre o câncer de cérebro e a importância do diagnóstico precoce. Embora não seja uma doença frequente – corresponde cerca de 2% dos tipos de câncer – é potencialmente grave, já que atinge um órgão fundamental no controle das funções do corpo humano. A estimativa do Instituto Nacional do Câncer (INCA) é de 11 mil casos novos anualmente. “Não existem exames preventivos ou de rotina para se detectar precocemente um câncer de cérebro. Assim, é importante ter atenção aos sinais de alerta; e o primeiro deles é a dor de cabeça, que atinge entre 30 e 70% dos doentes”, aponta o neurocirurgião Victor Vasconcelos. Segundo o médico, as cefaleias são comuns e, claro, não são todas que indicam o câncer. “Além de fortes, as dores podem estar associadas a náuseas e vômitos, crise convulsiva, sonolência, alterações de equilíbrio, de visão ou de audição, alterações da fala ou da capacidade intelectual, ou seja, compreensão e até reconhecimento de pessoas”, esclarece.

Dr. Victor conta que muitas vezes, o diagnóstico ocorre na emergência, quando os pacientes procuram ajuda médica após uma crise de dor de cabeça muito forte associada a um desmaio ou um episódio convulsivo. “Por isso insistimos na questão da atenção com os sinais de alerta precoces e o Maio Cinza se faz importante para chamar a atenção e alertar a população”, comenta.

O neurocirurgião Marcelo Sabbá também diz que os tumores que se desenvolvem no cérebro podem ser primários, quando as células cancerígenas são originárias do próprio tecido cerebral, ou secundários, quando ocorre em razão de metástase de outro câncer, como o de mama, pulmão e pele. “Os tipos secundários são os mais frequentes”, afirma. Além disso, podem ser diferenciados entre benignos ou malignos. “No primeiro caso, as lesões têm crescimento lento, podem causar sintomas com evolução gradual e, frequentemente, podem ser acompanhados por exames de imagem periódicos ou tratados com cirurgia. Já o crescimento dos tumores malignos é mais acelerado, podem causar mais sintomas e, geralmente, demandam de tratamento cirúrgico associado às demais modalidades de tratamentos complementares, como quimioterapia e radioterapia”, explica o médico.

E a pergunta que fica é: o câncer de cérebro tem cura? Os neurocirurgiões afirmam que é possível curar tumores cerebrais dependendo do seu tipo específico. Tumores benignos removidos por cirurgia ou alguns tipos de tumores malignos muito sensíveis ao tratamento de quimioterapia ou radioterapia podem ser curados. “Mas há tipos de tumores sem cura, porém podem ser controlados por períodos variáveis”, dizem. Quando há necessidade de cirurgia, o risco de sequelas depende da localização e do tamanho do tumor, da sua infiltração no tecido cerebral e da malignidade. “Diversas tecnologias em neurocirurgia, como monitorização intraoperatória e métodos minimamente invasivos, estão disponíveis para diminuir o risco de sequelas do ato cirúrgico. Nos tratamentos complementares, modalidades de quimioterapias e de radioterapias com fracionamento de doses e delimitação mais precisa de área a ser tratada têm sido desenvolvidas recentemente, reduzindo os efeitos colaterais do tratamento”, ensina Dr. Victor. 


Fatores de risco

Quarentena e isolamento social: uso do celular aumenta o risco?

Em tempos de quarentena e isolamento social, o uso de smartphones e celulares aumentou visivelmente entre a população. O uso da tecnologia disponível por meio desses dispositivos está inserido na rotina das pessoas para compras, trabalho e lazer. “O uso de aparelho celular vem sendo bastante estudado como fator de risco para surgimento de tumores no cérebro, entretanto sua associação ainda não está comprovada. Nenhuma pesquisa conseguiu comprovar e nem descartar essa relação. E há muita discussão científica sobre isso”, comenta o neurocirurgião Marcelo Sabbá. “Além das síndromes genéticas relativamente raras, como a neurofibromatose, e as síndromes de predisposição ao câncer, conhecidas como o Li-Fraumeni, o único fator de risco comprovado para os tumores cerebrais primários é a exposição à radiação ionizante”, completa o neurocirurgião Victor Vasconcelos.




Victor Vasconcelos - neurocirurgião especializado em patologias do crânio e da coluna, com ênfase no tratamento de tumores cerebrais e neurocirurgia minimamente invasiva. É especializado pela universidade americana (Ohio State University) em cirurgia endoscópica minimamente invasiva. Atua como neurocirurgião do Hospital Boldrini, da Funcamp, e do Instituto Radium de Oncologia. Ele compõe o corpo clínico credenciado para cirurgias em hospitais referência de Campinas e de São Paulo e é membro titular da Sociedade Brasileira de Neurocirurgia. 




Marcelo Sabbá - neurocirurgião com atuação em neuro-oncologia, Microcirurgia Vascular, tratamento da dor, patologias da coluna vertebral, além de procedimentos minimamente invasivos no cérebro e na coluna. Realizou especialização em neuro-oncologia na Cleveland Clinic, além de pós-graduação no Hospital Sírio-Libanês. Atua como neurocirurgião assistente no Hospital Boldrini e Instituto Radium de Oncologia. É membro titular da Sociedade Brasileira de Neurocirurgia (SBN) e da Society for NeuroOncology Latin America (SNOLA).





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